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Concepção de Cidadania e de Direitos Humanos

CAPÍTULO 4 EDUCAÇÃO EM/PARA DIREITOS HUMANOS NA ESCOLA

4.1 DH NA CULTURA ESCOLAR DO CEFET-MG, CÂMPUS ARAXÁ

4.1.1 Concepção de Cidadania e de Direitos Humanos

A concepção de cidadania pelos alunos pesquisados, ao responderem a uma questão fechada, é bastante diversificada, ora incluindo direitos, ora deveres, ora participação ativa na sociedade, ora as duas concepções (de direitos conquistados e de obrigações) acrescidas da participação, da luta em sociedade.

Gráfico 6: Concepção de cidadania dos discentes.

Conforme se observa, no Gráfico 6 acima, predomina o entendimento de que a cidadania envolve direitos, deveres e participação. Para 31% dos alunos, a cidadania é vista como reivindicação e reconhecimento por parte de um sujeito de seus direitos e deveres, como luta por equidade.

Para 29% dos estudantes, a cidadania é participação ativa na esfera pública da vida e do governo (cobrar, propor e pressionar), que confere um sentido de identidade e de pertencimento, ou seja, cidadania como exercício dos direitos (enfatizado o direito de participação), ignorando os deveres.

Na visão de cidadania como dever, tem-se dois grupos: daqueles que entendem cidadania como respeitar e cumprir as leis, ter consciência dos limites colocados pela sociedade (14%), e outros, como exercício de doação, viver em função da sociedade e dos outros, participar de ações solidárias (7%). Ou seja,

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 21% 18% 29% 31% 1% Cidadania Deveres Direitos Participação Direito, deveres e participação Não responderam

21% ainda têm a concepção de cidadania apenas como dever, como postura de submissão, de doação, e não como “direito a ter direitos”. Para 18%, cidadania é o exercício dos direitos civis, políticos e sociais – e não se incluem os deveres, e 1% não respondeu. Em síntese, ainda é muito presente entre eles (39%) no que se refere à cidadania, apenas a ideia de deveres, ou apenas direitos, descompromissada de luta, de participação ativa na sociedade.

Resultado semelhante foi encontrado entre os docentes. Ao responderem a uma questão aberta, a maioria dos professores apresentaram concepções de cidadania nas quais não é feita menção direta à participação política. Para esses, o que predomina é um entendimento de que ser cidadão é, antes, ter direitos e deveres, seja em relação à coletividade e/ou ao Estado:

[Cidadania é] auxiliar a quem precisa, doar o seu melhor a quem precisa.

Olhar além do umbigo. Preservar a natureza. (Prof- 6).

É o cumprimento de leis e normas de uma sociedade e a exigência de cumprimento por parte das autoridades constituídas de uma nação, objetivando uma vida melhor para todos. (Prof-17).

Cidadania é o direito que temos de sermos cidadãos, ou seja, que nos permite viver em sociedade, em comunidade. A cidadania nos assegura a convivência, respeitando os limites e a liberdade uns dos outros, e também em prol do bem coletivo. (Prof-5).

Apenas secundariamente aparecem menções à questão da participação, como se observa nas respostas que seguem:

É ser parte integrante de uma sociedade, lutar pelos seus direitos civis, políticos e sociais, cumprir com os seus deveres, tratar a todos com dignidade e respeito e cuidar bem do ambiente onde vive (dentro e fora de casa). (Prof-12).

A cidadania é a consciência da população de uma nação no que diz respeito ao espírito de coletividade, aos direitos e deveres para a harmonia jurídica e ao papel de cada um para o alcance da democracia.

(Prof-25).

Uma pequena parcela dos professores apresentou concepções nas quais se observa um entendimento de cidadania como direitos, deveres e participação, como o prof-6: “[Cidadania] são os direitos e deveres de cada cidadão sobre os assuntos relacionados à vida pública da comunidade ou população local. Exercer é participar ativamente do desenvolvimento de seu bairro, cidade ou comunidade”.

Pressuposto para o exercício da cidadania, na concepção atual, inicialmente, é o conhecimento dos direitos por parte dos indivíduos para que possam exigir a sua efetivação na busca do bem comum, objeto desse trabalho.

Questionados sobre o que entendem por Direitos Humanos, curiosamente os alunos marcaram as opções “a” e “d”, em proporções iguais (34%): (a) direitos conquistados historicamente, que decorrem do reconhecimento da dignidade intrínseca de todo ser humano, e (d) são o produto não da natureza, mas da civilização humana - enquanto direitos históricos, eles são mutáveis, ou seja, suscetíveis de transformação e ampliação. Em terceiro lugar, a opção “b”: direitos fundamentais, conjunto normativo que resguarda os direitos dos cidadãos (27%). Por último, a opção “c”: direitos naturais, ou seja, aqueles que são inerentes ao ser humano (1%). Portanto a maioria percebe a historicidade do direito, e que são direitos fundamentais, a grande minoria não vê os DH como naturais.

Pesquisas posteriores poderão obter resultado diferente, a partir de questões abertas propostas aos alunos, quando se poderá apurar se eles têm clareza conceitual sobre cidadania e Direitos Humanos.

Através de questão aberta, a maioria dos professores (88,5%) não conceituou DH: (38,5%) não conceituaram Direitos Humanos, mas enumeraram direitos (liberdade, dignidade, educação, saúde, lazer, moradia, alimentação, igualdade, justiça, à vida, de ir e vir, à cultura); 27% não conceituaram nem enumeraram direitos; 23% nada disseram. Apenas três professores, dentre os 26, ou seja, 11,5% conceituaram-nos. A saber:

Os direitos humanos é a garantia mínima de que necessita o cidadão para uma vida digna. Eles devem assegurar a dignidade humana e garantir o direito pleno à subsistência, à liberdade, ao respeito às diferenças e à igualdade destes direitos independente de raça, cor, credo ou posição social. É a garantia da valorização da pessoa humana. (Prof- 05).

São os direitos fundamentais do ser humano; o direito à vida, à liberdade de ir e vir, de se expressar, de igualdade perante a Lei, ou seja, os direitos civis, políticos e sociais. (Prof-12).

São direitos fundamentais, que devem ser assegurados a qualquer indivíduo, independentemente do seu passado, das suas condições emocionais e do seu histórico de crimes. (Prof-25).

Ou seja, a pesquisa sugere que a grande maioria dos docentes não possui clareza quanto aos DH, não consegue conceituá-los, inferindo-se que eles não têm consciência da imprescindibilidade dos mesmos à garantia da dignidade humana,

situação bastante preocupante, e que atesta a dificuldade dos professores em lidar com essa temática.

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