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O intenso movimento mundial de defesa dos direitos das minorias, que caracterizou a década de 60, associado às críticas contundentes ao Paradigma da Institucionalização para residência de pessoas com doença mental e de pessoas com deficiência, (que não aconteceu nas APAEs), determinou novos rumos às relações das sociedades com esses segmentos populacionais.

Nos anos 70, grande parte dos países, tendo como horizonte a Declaração Universal dos Direitos Humanos, passou a buscar um novo modelo, no trato da Pessoa com Deficiência. Começaram a ser implantados os serviços de Reabilitação Profissional, especialmente voltados para Pessoas com Deficiência, visando prepará-las para a integração, na vida em comunidade. Este modelo caracterizou-se, gradativamente, pela desinstitucionalização (no caso de hospitais psiquiátricos) dessas pessoas, e pela oferta de serviços de avaliação e de reabilitação holístico, em instituições não residenciais. Passou-se a buscar a integração das pessoas com deficiência, depois de capacitadas, habilitadas ou reabilitadas.

A proposta do princípio da habilitação e reabilitação contribuiu com a idéia de que as pessoas diferentes podiam ser normalizadas, ou seja, capacitadas para a vida no espaço comum da sociedade. E, para que isso acontecesse, deveria haver uma prestação de serviços na comunidade que atingisse a todas as Pessoas com Deficiências. Baseado nisso, a LBA (Legião Brasileira de Assistência), ligada às políticas públicas de Assistência Social, elabora uma proposição para habilitação e reabilitação da Pessoa com Deficiência, com um modelo de serviços. Como esse serviço deveria ser prestado na comunidade, muitas entidades vinculadas ao atendimento da Pessoa com Deficiência e clínicas particulares, se cadastraram para efetivar o serviço, recebendo pelo cumprimento das 'Metas' (correspondente a cada pessoa atendida). Os princípios desta proposta se baseavam nos seguintes procedimentos:

a) a primeira, de avaliação, em que uma equipe de profissionais identificaria tudo o que, em sua opinião, necessitava ser modificado no sujeito e em sua vida, de forma a torná-lo o mais normal possível;

b) a segunda, de intervenção, na qual a equipe passaria a oferecer (o que ocorreu com diferentes níveis de compromisso e qualidade, em diferentes locais e entidades), à pessoa com deficiência, atendimento formal e sistematizado, norteado pelos resultados obtidos na fase anterior;

c) a terceira, de encaminhamento (ou reencaminhamento) da pessoa com deficiência, para a vida na comunidade. A manifestação educacional desse paradigma, efetivou-se, desde o início, nas escolas especiais, nas entidades assistenciais e nos centros de reabilitação.

No Movimento Apaeano aparece esta concepção aparece, a partir da década de 80, quando os líderes do Movimento Apaeano começaram a exigir do Governo Federal a criação de um órgão integrador das políticas de integração motivados pelos movimentos internacionais, pela normalização da Pessoa com Deficiência Mental.

Na prática, a concepção integrativa/adaptadora apresentava as características um pouco mais avançadas em relação à concepção assistencialista. Nesta nova fase, a Pessoa com Deficiência Mental tinha características diferentes uma da outra. Dessa forma, mereceria um tratamento individual e especializado, visto não terem consciência sobre seus atos, desejos, limites. A pessoa era tutelada pelo tratamento e por alguém responsável por seus atos, sendo que sua. presença na família são circunstâncias da vida e, assim, a sociedade deveria aceitá-la com um ato humanitário de solidariedade.

A APAE, já como uma entidade mais especializada, se aparelha com profissionais não só da medicina, mas da psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, educação física, considerados 'técnicos especialistas', por excelência, aqueles que sabem tudo sobre a Pessoa com Deficiência Mental, sendo responsáveis pela avaliação, indicação de intervenções e encaminhamentos. Os professores atuavam de forma coadjuvante, com iniciativas dependentes dos técnicos propondo atividades de socialização e instrumentalizando o aluno para as situações de vida diária. Toda a educação deveria ser de responsabilidade da instituição, pois para a família, geralmente desprovida de recursos sociais e econômicos, seria demais lhe imputar mais essa obrigação. Seria ignorar a fragilidade da condição de ser pai, mãe de uma Pessoa Deficiente Mental.

A gestão continua de forma centralizada na direção. O clima de trabalho se operacionaliza mais de forma profissional, dando ênfase à área especializada no atendimento do aluno. Quanto ao referencial teórico, aplicado nas intervenções junto ao aluno, se dá embasado na teoria do movimento do corpo para atingir ao máximo a neuroplastia cerebral. Quanto mais estímulo de movimento do corpo, e suas partes, mais probabilidade de restauração cerebral se alcançaria, havendo, assim, possibilidades de se chegar à normalização.

O processo educativo em relação à preparação para o trabalho da Pessoa com Deficiência Mental, realizado no interior da Instituição, é de caráter manual, com treinamento específico para a execução de determinada atividade. Busca-se a integração da Pessoa com Deficiência Mental no mercado de trabalho e na escola comum, sensibilizando-os e realizando um trabalho de convencimento, para que esses possam permitir o acesso tanto na escola como na empresa, compreendendo a lógica da escola comum (normalidade) e da empresa (mercado de trabalho) na aceitação da Pessoa Deficiente Mental.

Ainda, nessa concepção integrativa/adaptadora à Pessoa com Deficiência Mental, é assegurado o direito quanto à educação, saúde, trabalho e assistência social, mas entende a realidade da sociedade e as dificuldades que esta tem para cumpri-las, portanto a situação real

da sociedade se sobrepõe. Dessa forma, é necessário envolver o poder público no sentido de ajudar a APAE na efetivação da prestação de serviços.

Esta concepção integradora da Pessoa com Deficiência, nos espaços comuns de educação e do mercado do trabalho, não toma a forma esperada por seus idealizadores, acontecendo de forma pontual em algumas localidades e também recebendo algumas críticas de estudiosos da educação especial, pelo fato da Pessoa com Deficiência ter que se adaptar ao processo educacional e de trabalho, recaindo sobre si toda a responsabilidade do sucesso ou do fracasso desta integração.