Como na mediação, a conciliação também é um mecanismo de autocomposição, porém, nesta última, o conciliador interfere no diálogo dos interessados, e aponta soluções para suas controvérsias, cabendo às partes aceitarem ou não o desfecho apresentado.
A conciliação advém do termo latino “conciliare”, que significa “acerto de ânimos em choque”, configura como um meio alternativo de pacificação social.
Para Sales (2007 p. 46) define conciliação como sendo:
[...] o meio de solução de conflitos em que as pessoas buscam sanar as divergências com o auxílio de um terceiro, o qual recebe a denominação de conciliador. A conciliação em muito de assemelha à mediação. A diferença fundamental está na forma de condução do diálogo entre as partes.
envolvidos não possuem nenhum vínculo afetivo. Quando a conciliação é realizada fora do processo em curso, ela provém da faculdade das partes, Entretanto, esta pode ser efetuada dentro de um processo judicial, como é comumente no curso das audiências trabalhistas e cíveis.
A Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei nº. 5.452/43), inclui em seus procedimentos, duas tentativas de conciliação obrigatórias nos termos dos art. 846 e 847, logo após a defesa do reclamado e reiterada após as razões finais. Por outro lado, no Código de Processo Civil a conciliação ganha destaque nos art. 447 a 449 do CPC.
É notório o reconhecimento deste instituto como importante meio de pacificação de conflitos no Código de Processo Civil, que ainda confere poderes ao magistrado para tentar a conciliação entre as partes, a qualquer tempo. Conforme dispõe o art. 125, IV do CPC:
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:
(...)
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Ainda a Lei nº 9099/95 que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais criou uma fase conciliatória anterior a fase de instrução e julgamento para que os envolvidos possam optar por resolver suas controvérsias mais célere e com menos custos.
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
Todo ano o CNJ faz uma campanha de mobilização, chamada de “Semana Nacional da Conciliação”, no intuito de resolver querelas. Caso o cidadão ou instituição tenha interesse em incluir o processo na Semana, deve procurar, com antecedência, o tribunal em que o caso tramita.
justiça brasileira e pode-se acompanhar as estatísticas desta semana desde 2006 através do site do CNJ.
É nítido o interesse na instalação de centros de conciliação nas atuais comarcas, varas ou unidades jurisdicionais e, principalmente, interiorizar a justiça, levando-a aos municípios, distritos, vilas, bairros, onde não esteja situada a sede do Judiciário, estabelecendo, verdadeiramente, alternativas de fácil acesso às populações e meios capazes de dar solução rápida aos casos que enfrenta.
A conciliação, a mediação e a arbitragem, embora possuam semelhanças, não se confundem. Para retratar melhor a diferença entre conciliação e mediação, Bacellar (2006, p.p. 75-76) faz a seguinte colocação:
A conciliação é opção mais adequada para resolver situações circunstanciais, como indenização por acidente de veículo, em que as pessoas não se conhecem (o único vínculo é o objeto do incidente), e, solucionada a controvérsia, lavra-se o acordo entre as partes, que não mais vão manter qualquer outro relacionamento; já a mediação afigura-se recomendável para situações de múltiplos vínculos, sejam eles familiares, de amizade, de vizinhança, decorrentes de relações comerciais, trabalhistas, entre outros. Como a mediação procura preservar as relações, o processo mediacional bem conduzido permite a manutenção dos demais vínculos, que continuam a se desenvolver com naturalidade durante a discussão da causa.
Já a diferenciação com a arbitragem, é que neste processo, as partes litigantes, elegem, sem a tutela do Judiciário, em compromisso arbitral, uma ou mais pessoas denominados árbitros ou juízes arbitrais com o fim de proferir decisões neutras e imparciais ao determinado conflito.
O conceito de arbitragem na visão de Carmona (1993, p.19), constitui:
Uma técnica para a solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nesta convenção, sem intervenção do Estado, sendo a decisão destinada a assumir eficácia de sentença judicial.
À vista disso, arbitragem é um modo alternativo de resolução de litígio, atuando, assim, de forma extrajudicial, uma vez que não é realizada sob a tutela do Estado-juiz, e, sim, por meio de processo arbitral que as partes previamente convencionam, em contrato, a sua utilização.
Assevera-se Braga (2009, p 39) alguns pontos essenciais para entender a conceituação de arbitragem que o tornam mais claro, tais como:
i) a arbitragem é uma instituição;
ii) há necessidade de resolver um conflito;
iii) quem intervém para resolver o conflito é um terceiro fora da estrutura do Estado;
iv) há necessidade de manifestação prévia das partes para formação do juízo arbitral;
v) inexistência de vedação legal na submissão do litígio à arbitragem; vi) aceitação compulsória da decisão prolatada.
A arbitragem conduz o processo sem formalismos, baixo custo, e eficiente, devendo ser o árbitro um especialista na matéria discutida. Sua decisão final possui caráter definitivo, ou seja, não admite recurso.
De acordo com o artigo 18 da Lei nº 9.307 de 1996, o árbitro é um juiz de fato e de direito, detentor de conhecimento acerca da matéria tratada no litígio, responsável pela condução do procedimento arbitral, devendo sempre agir com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição objetivando sempre a pacificação social. Segundo Fiúza (1995 p. 120) árbitro é
[...] toda pessoa natural que, sem estar investida da judicatura pública, é eleita por duas ou mais pessoas para solucionar conflito entre elas surgido, prolatando decisões de mérito.
As partes elegem o árbitro, celebrando com este um novo contrato. Tal pacto chama-se convenção arbitral, dela advém a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A cláusula compromissória é segundo o artigo 4º da Lei nº 9.307 de 1996: “a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato”.
Por ser o árbitro alguém com profundo conhecimento no assunto tratado, elimina-se a necessidade de qualquer formação na área de direito, porém deverá aplicar o direito material e processual, baseando suas decisões em princípios gerais do direito, levando-se em consideração os bons costumes e a ordem pública.
Na maioria das vezes, a arbitragem trata de conflitos patrimoniais, conforme a Lei nº. 9.307/96, como por exemplo: vendas, aluguéis, contratos, responsabilidade civil, relações trabalhistas, posse, propriedade intelectual, entre outros. Ou seja, bens que são facilmente negociados e transacionados.
Cumpre salientar que o instituto jurídico da arbitragem é um dos mais antigos da história do Direito. Historiadores relatam um caso de arbitragem entre
cidades-estados da Babilônia, ocorrido por volta do ano 3.000 a.C., de acordo com Soares (1978).
No Brasil a arbitragem ainda não é um recurso tão utilizado, apesar de que desde sua instituição, vem sendo difundida na sociedade, no entanto a lei de arbitragem vem desempenhando sua função de modo bastante significativo.
Nesse ínterim, a arbitragem possui um valor elevado, levando em consideração a realidade dos brasileiros, porém é ainda menos custosa do que um processo judicial.
Percebe-se que entre as suas vantagens estão: a rapidez em que a controvérsia é solucionada; a natureza sigilosa do instituto; e por último, a sua eficiência, já que a sentença arbitral possui força de lei.
4 A EFICÁCIA DO ACESSO À JUSTIÇA NA PRATICA JURÍDICA
O presente capítulo esclarecerá os diversos obstáculos que o Judiciário precisa superar para que seja atingido o direito fundamental do Acesso à Justiça.
Discutirá também sobre os outros equivalentes jurisdicionais, como a autotutela, autocomposição e os acordos extrajudiciais. Além disso, destacará a efetividade da tutela jurisdicional no ordenamento jurídico brasileiro.
4.1 OBSTÁCULOS A SEREM SUPERADOS PARA A GARANTIA DO