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Após a Segunda Guerra Mundial, o sentimento nacionalista deu início a um intenso debate sobre a melhor maneira de explorar o petróleo no país. Após a organização de um movimento popular, conhecido como a campanha "O petróleo é nosso!", aprovou-se a Lei 2004 de 3 de outubro de 1953, que estabeleceu o monopólio estatal do petróleo e instituiu a Petrobras.

Completados 40 anos em regime de monopólio, a Petrobras passou a competir com outras empresas estrangeiras e nacionais quando foi sancionada a Lei 9.478, de 6 de agosto de 1997, conhecida como a Lei do Petróleo. Entre as principais mudanças esteve a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Conselho Nacional de Política Energética, além da instauração do regime de concessão, no qual a União poderia contratar empresas estatais e privadas para a realização das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural. Nesse sentido, a ANP, como órgão regulador do setor, começou a realizar licitações de áreas para exploração, desenvolvimento e produção.

Em 2007, houve um marco na história petrolífera do país quando a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo no Pré-Sal, região que posteriormente verificou-se ser um grande reservatório petrolífero. A motivação deste trabalho se relacionou diretamente com essas descobertas no Pré-Sal, cujos primeiros resultados começaram a se apresentar recentemente.

O objetivo geral deste trabalho foi a análise do risco exploratório de petróleo no Brasil após a abertura do setor a empresas nacionais, internacionais, públicas e privadas de todo o mundo. E, dando prosseguimento às pesquisas, o objetivo específico consistiu na análise do risco exploratório com foco na área do Pré-Sal, buscando verificar se as devoluções de blocos nessa área significam que as empresas não possuem capacitações técnicas, econômicas e jurídicas para desenvolvê-lo e/ou as incertezas acerca dos riscos exploratórios e da nova regulação do setor impediram o aprofundamento dos investimentos dessas empresas na região do Pré-Sal.

Inicialmente, o Capítulo 2 teve como objetivo apresentar um histórico das licitações realizadas no país. Rodada a rodada, foi apresentado o cronograma, a relação

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de blocos ofertados e concedidos, o número de empresas participantes e vencedoras, além dos blocos devolvidos após cada concessão.

Concluída tal caminhada histórica, foi possível perceber a importância das Rodadas de Licitação para o Brasil, pois apresentaram efeitos positivos sobre vários aspectos da economia, indústria e tecnologia: Impulso ao desenvolvimento econômico, aumento das receitas públicas, conteúdo local, além de investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Em seguida, no Capítulo 3, o trabalho focalizou na região do Pré-Sal brasileiro. O objetivo foi identificar suas características físicas, geológicas e geográficas. Foram apresentados os benefícios da extração desse petróleo, em contrapartida aos obstáculos enfrentados para tal feito. Além disso, foi destacado o fato de que a existência de imensas reservas no Pré-Sal motivou a instauração de um novo modelo regulatório para o setor de exploração e produção petrolífera na região – Modelo de Partilha da Produção. O capítulo se encerrou com a identificação dos blocos do Pré-Sal concedidos em cada Rodada de Licitação.

Prosseguindo no trabalho, chegou-se ao Capítulo 4, cujo objetivo foi apresentar os resultados do levantamento de dados, compilados ao longo da pesquisa. O foco esteve na análise dos blocos devolvidos a cada rodada, confrontando tal informação com os blocos arrematados no Pré-Sal, verificando, assim, os blocos devolvidos na região do Pré-Sal.

Inicialmente foram identificados os blocos devolvidos que estavam localizados na região do Pré-Sal. Em seguida, foram realizadas análises de dados para o acompanhamento de tais devoluções, comparando-se o percentual de blocos devolvidos em todas as áreas concedidas em relação ao percentual de blocos devolvidos no Pré-Sal.

Na sequência, foi feita a observação das devoluções em função da localização dos blocos (em terra, no mar e, especificamente, na área do Pré-Sal), além disso, foi realizado um estudo acerca dos blocos devolvidos para cada uma das bacias sedimentares que compõem o Pré-Sal (Santos, Campos e Espírito Santo).

O cálculo dos percentuais de devolução revelou que as devoluções na região do Pré-sal estão abaixo da média para as demais áreas: obteve-se 43,67% para o percentual de devoluções total (em todas as áreas concedidas) e 34,38% para a área do Pré-Sal. Com base nesse resultado, foi possível inferir duas possibilidades: as regiões no Pré-Sal

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são menos arriscadas do que as demais, e/ou seriam preteridas na hora da devolução, dado o volume de petróleo disponível, informações a serem adquiridas, expectativas comerciais, etc.

Complementando a análise, foi realizado um acompanhamento das devoluções de blocos na área do Pré-Sal ano após ano. O resultado obtido levou à investigação dos motivos pelos quais as empresas renunciaram a esses blocos, mesmo após o anúncio da existência de enormes reservas petrolíferas na região.

A conclusão obtida foi que as empresas detentoras de blocos na área do Pré-Sal optaram por devolver alguns deles em função dos testes realizados, dos riscos associados e de sua capacidade financeira.

Entretanto, além desses motivos, não se pode deixar de lado o fato de que ainda paira em torno do Pré-Sal incertezas quanto ao novo modelo regulatório. Tal fato também pode estar influenciando no processo decisório dessas empresas, pois dado o gigantesco volume de capital necessário para o desenvolvimento dos projetos no Pré- Sal, qualquer aumento de risco acarretaria em uma possível desistência.

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