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Concluir nesse processo de escrita da dissertação é muito difícil, até porque essa escrita não é a finalização de um ritual e sim um movimento de fagocitose e mais uma vez caminho através dessa narrativa para uma outra direção. Percebi que ao longo do texto fui conversando com cada autor de maneira íntima e cada diálogo me pedia um tom, cada um com suas crenças impuseram um ritmo próprio a cada trecho. Isso eu posso concluir, a unidade não existe. O primeiro capítulo, assim como cartas que demoram a chegar e as notícias se tornam velhas, ele me parece imaturo nas construções sintáticas, algo que começava a se familiarizar com os novos rumos. Os que se sucederam,é notório como as construções são mais confiantes, o ritmo é outro, acho que porque já entendia o percurso que deveria fazer e as leituras e as experiências transformaram as inseguranças em certeza. Por muitas vezes fiquei tentada a refazer algumas construções, no entanto, assim como as cartas que se vão, já não temos mais domínio. Quis ser sincera com você, com a gente e, ao decidir não modificar pude deixar transparecer a emancipação que fui sofrendo ao decorrer do texto.

Ao todo recuperei o número de 47 cartas, escrevi mais de 30 e entrar em contato com essas pessoas, descobrir que elas guardaram por tantos anos minha correspondência foi revirar um “baú” emocional, outras versões de mim que a muito não pensava. Saber de suas vidas, constatar o que viraram os sonhos infantis e perceber que a vida segue. Talvez com essa dissertação eu esteja atando pontas de minha vida nem eu dê conta do que resultarão mas isso eu posso dizer, resultarão em algo porque os vínculos que se formaram ou que se fortaleceram foram imprescindíveis para ter a segurança de abrir minha intimidade desta maneira.

Hoje em meu email eu guardo, entre propagandas e intimidades, a quantidade de 876 emails,definitivamente não sei se um dia terei tantos que encherá minha caixa e há tanto espaço no mundo virtual que essa naão é uma preocupação. As cartas sim, talvez nesse trânsito que seja minha vida, não posso tê-las em qualquer momento mas elas estão ali, guardadas, aquecidas e dentro de uma caixa fechada.O que farei com elas, não tenho ideia, no entanto, são o meu legado de uma vida.

A instalação “Cartas em Trânsito”, concluo, deve vir para o plano do concreto porque real ela já é. Preciso de um tempo porque escrever roubou minha vida (mais intensamente) nesses últimos dias, confesso que teve momento que pensei que não conseguiria terminar. Os dias se faziam cinzas e eu, dentro do meu mundo possível, achava que ela reflexo do meu humor. No entanto, quanto mais o prazo encerrava, junto dele o sol foi começando a aparecer, pouco a pouco discreto. Penso que ao final deste escrito, tão transformador, o sol foi um sinal de que o texto em si acabou mas os efeitos dele sobre que vos escreve, são para uma vida. Evolui muito na consciência de escrever algo tão grande em que tinha que pensar a todo momento no todo, o que já tinha dito antes, pensar no lugar de cada fala e seguir com o enredo, às vezes já não crer no que disse antes, embora quando o disse, acreditava fielmente. Cada palavra foi uma escolha política que Tive que fazer e isso espero que você entenda.

Não quero concluir nada em relação a teoria porque ela ainda está no plano da ideia, é um pressuposto meu que tentei te convencer ao longo do texto. Caso me pergunte se eu acredito nelas, te respondo que religiosamente, no entanto, preciso que ela evolua para o concreto, para a realização para assim talvez concluir. No entanto, sair da posição estática de repetidores do que lhes é ensinado, aprisionados na palavra me tornou um sujeito de conhecimento que se prepara para se tornar sujeito de seu próprios destino, comprometida com a coletividade que faço parte. Se meu espectador conseguir, ao final de sua cartade amor, sentir o que sinto ao findar a minha, efetivamente essa dissertação terá sido uma rota de fuga para um lugar mais igualitário.

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Anexos 1

1.1. Cartas produzidas com alunos do Projeto Cajun – Nova Palestina---72

Anexo 2 Cartografia

2.1.Cartas recebidas

2.1.1. Jôsy Anne R. S. (1999)---73

2.1.2. Hugo Rezende Luz (2002)---76

2.1.3. João F. L. Benedetti(2003)---78

2.1.4. Wesley Bulian Girelli (2004)---82

2.2. Cartas enviadas e recuperadas

2.2.1. Romulo José (07.03)---83

2.2.2. Romulo José (11.03)---86

2.2.3. Romulo José (15.03)---89

2.3. Cartas nunca enviadas

2.3.1- Pietro (2004)---95

2.4. Cartão postal, cartão e recadinhos perdidos no tempo

2.4.1. Priscila Gimenez---98

2.4.2. T.Z.O.---99

2.5. Cartas dos dias de hoje 2.5.1. Matí ---102 2.5.2. Leandro ---104 2.5.3. Maurie---106 2.5.4. Lucho---108 2.5.5. Maxi---110 2.5.6. Jor---112 2.5.7. Jô---114

1.1. Cartas produzidas com alunos do Projeto Cajun – Nova Palestina

Anexo 2 2.1.Cartas recebidas

2.2. Cartas enviadas e recuperadas 2.2.1. Romulo José (07.03.2005)

2.3. Cartas nunca enviadas 2.3.1- Pietro (2004)

2.4. Cartão postal, cartão e recadinhos perdidos no tempo 2.4.1. Priscila Gimenez

2.5. Cartas dos dias de hoje 2.5.1. Matí

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