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No presente estudo, as técnicas não destrutivas de pacometria, esclerometria, avaliação de frente de carbonatação e termografia foram utilizadas para análise do desempenho de elementos estruturais de concreto armado de um subsolo de uma edificação em condições in locu. Além da revisão bibliográfica, foram apresentados os resultados de um programa experimental que se dividiu em duas etapas.

Na primeira etapa, foram realizadas inspeções visuais e vistorias técnicas, além da realização dos ensaios tecnológicos não destrutivos somente no ambiente do subsolo, o qual tem função como garagem para os moradores da edificação. Na segunda etapa, se analisaram os resultados obtidos dos ENDs com os referenciais bibliográficos utilizados para esse trabalho de conclusão de curso. A partir dos resultados obtidos nas diferentes etapas e das considerações estabelecidas nos capítulos anteriores, são destacadas as conclusões dispostas nos parágrafos a seguir.

As técnicas de ensaios não destrutivos foram majoritariamente satisfatórias para se avaliar o desempenho estrutural dos elementos ensaiados. Os ensaios de pacometria na laje nervurada e nos pilares apresentaram uma média de 20 mm de cobrimento, ou seja, os cobrimentos nominais foram considerados insuficientes em todos os elementos ensaiados em relação à norma em vigor.

Os ensaios de esclerometria na laje superior do ambiente apresentaram valores superestimados devido à carbonatação do concreto e oxidação de sua armadura. Sendo assim, a resistência superficial obtida através do esclerômetro indica aumento da dureza superficial e não pode ser considerada válida para avaliação da resistência. A aplicação de fenolftaleína e as inspeções visuais apresentaram resultados que confirmam visualmente a presença de carbonatação do concreto e oxidação da armadura passiva na cortina de contenção e principalmente na laje nervurada. Por fim, a análise termográfica corroborou com as informações de presença de infiltrações nestes elementos.

Os dados coletados nas inspeções e a avaliação diagnóstica do subsolo e da área comum das piscinas do pavimento térreo permitiram concluir que o sistema estrutural dos elementos do subsolo e o sistema de vedação e impermeabilização das piscinas não estão satisfatórios em relação às condições técnicas, de uso e de manutenção no âmbito de desempenho dentro dos padrões convencionais e/ou integridade física e estrutural.

Em relação às origens das manifestações patológicas vistoriadas, concluiu-se que todas foram originadas através das condições de exposição do local adicionadas à perda de desempenho e falta de manutenção do sistema de impermeabilização e acentuadas pelo surgimento de trincas/fissuras originadas pela diferença de materiais construtivos à época da construção.

Vale ressaltar que em relação aos elementos estruturais os quais foram avaliados através dos ENDs, a que foi identificada com maior presença de patologias foi a laje nervurada. Em relação a esta peça do subsolo, concluiu-se que este elemento de concreto sofre diretamente ações de agentes químicos, os quais são considerados causadores de degradação extrínsecos, agindo então na vida útil da estrutura. Pode-se citar como agentes agressores deste local os gases monóxido de carbono e gás carbônico e águas agressivas (água com cloro proveniente da piscina). A patologia de corrosão da armadura deste elemento ocorreu principalmente em função da infiltração de água advinda do pavimento superior, pois foi comprovado pela avaliação de frente de carbonatação que somente 15% da superfície da peça estrutural encontra-se carbonatada.

Mesclando o estado de desempenho do subsolo da edificação e as manifestações patológicas identificadas no revestimento das piscinas e do piso da área comum do térreo é evidente que as infiltrações na estrutura do subsolo são preponderantemente decorrentes de falhas de estanqueidade dessas áreas. É válido ressaltar que foi identificada formação de eflorescências no revestimento, sinal este que indica que há perda de estanqueidade e infiltração de água no revestimento, e adverte para a existência de falhas no sistema de impermeabilização.

A entrada de água na estrutura de concreto armado do subsolo contribui para a deterioração acentuada da integridade física e química das barras de aço em função do processo eletroquímico de corrosão em meio aquoso. Com o decorrer do tempo a corrosão da armadura tende a se propagar, ou seja, o estado de deterioração da estrutura avança, o que pode causar a perda de capacidade portante de barras de aço e implicar no colapso de peças estruturais.

No Apêndice B do presente trabalho é apresentado um Quadro listando cada manifestação patológica identificada nos elementos construtivos do subsolo da edificação vistoriados. Cada item contém orientações técnicas de medidas corretivas que poderão ser

adotadas para manutenção dos itens danificados. É cabível ressaltar que todos os itens foram classificados como grau de risco crítico, segundo o IBAPE-SP (2012).

Em suma, infere-se a necessidade de recuperação total do sistema de revestimento cerâmico e argamassado (incluindo remoção e reexecução) e manutenção corretiva e posteriormente manutenção corretiva e preventiva do sistema de impermeabilização das piscinas para cessar o processo de infiltração de água nas estruturas de concreto armado do subsolo, a fim de se iniciar posteriormente a recuperação estrutural dos elementos construtivos do ambiente em estudo.

A execução do presente trabalho de conclusão de curso comprovou enfim a importância do controle tecnológico em obra, destacando-se a relevância do cuidado com o cobrimento nominal das peças estruturais e os sistemas de impermeabilização da edificação como um todo. Ademais, comprovou-se a importância da realização de inspeções prediais e suas respectivas ações de medidas preventivas e corretivas.