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Diante do exposto, após analisar registros acadêmicos e obras jurídicas sobre o tema corrupção sistêmicas e suas possíveis causas e consequências que resultaria numa desconstitucionalização de direitos que são garantidos e protegidos pela Constituição Federal de 1988, foi possível chegar a algumas conclusões. As quais destaco a seguir.

Podemos constatar que o fenômeno da corrupção é um dos instrumentos utilizados por forças oriundas não só das paixões mais ambiciosas que os homens podem nutrir em si próprio, a utilizando como meio de alcançar os seus interesses particulares em detrimento da ética e moral, mas que utilização e instrumentalização de variadas formas de se promover a corrupção tem sido cooptada, alastrada e manuseada por agentes públicos ou privados como fosse elemento de natureza habitual e natural – aos olhos da maioria dos cidadãos - em toda burocracia do Estado. Ou seja, o principio da moralidade é permanentemente humilhado por aqueles que fazem e operam todas as estruturas do sistema político, jurídico e econômico, sem admitir os parâmetros da ética na realização de quaisquer atividades públicas, por isso tal

fenômeno é visto como meio intrínseco das relações sociais condensada na complexidade da sociedade contemporânea e de suas estruturas de Poder estatal. De modo, que a corrupção em seu processo “evolutivo” se tornasse um fenômeno sistematizado dentro do sistema de Poder de um Estado ao ponto de desencadear toda uma estrutura corrosiva que permearia as mais profundas ações do Estado, desconstruindo-o em prol a satisfazer os interesses particulares pactuadas por forças oligárquicas de poder que se beneficiaria ao alinhar-se com as estrutura de Poder do Estado como meio de ganho, desse modo colocando em risco o Estado Democrático de Direito vigente.

A corrupção a partir da observação da teoria dos sistemas sociais traria um sentido inicial que a principal característica dos sistemas seria o fechamento operacional por meio da autopoiese, onde os sistemas sociais gerariam e reproduziriam seus próprios elementos que funcionariam sem a interferência ou influência de elementos externos diretamente, apenas com espaços para irritações ruidosas que auxiliaria no processamento de elementos comunicativos internos. Diante disso, essa abertura para entrada de ruídos não resultaria em contradizer o fechamento operacional, garantido a diferenciação funcional dos sistemas sociais.

A corrupção seria caracterizada como um quebra de expectativa resultante de uma falha de uma conduta que se esperava de um indivíduo, mas que por algum momento tendeu-se a se desviar. Esse desvio poderiam a vir ser torna generalizado gerando expectativas que estariam mais sujeitas a serem frustradas. De modo, a corrupção dos sistemas seria uma mera quebra de expectativas geradora de danos em toda a sociedade, onde tal corrupção estaria configurada em modelo decisório estabelecidos em pilares tautológicos e codificação binária. E, a partir daí cada subsistema baseado em codificações binárias que porventura viesse a realizar uma efetiva interferência numa decisão pautada em um código operacional que não lhe pertencessem se configuraria em corrupção sistêmica.

Devido a isso, é constatada a importância da Constituição como acoplamento estrutural entre subsistemas, de modo a desempenhar o papel de limitador das zonas de contatos e de

95 suas irritabilidades recíprocas entre quaisquer subsistemas, cada qual se mantendo em seus papéis específicos dentro do sistema social, assim se evitaria influências diretas e modificadoras nas decisões de um dado subsistema num outro. Contudo, diante das possíveis interferências sucessivas entre subsistemas ao ponto deles se confundirem entre si, resultando na deformidade de suas próprias identidades, do seu caráter autopoiético, provocaria uma espécie de bloqueio e neutralidade à Constituição, onde essa não mais conseguiria atuar com ponto norteador das relações entre sistemas, e ainda seria cooptada e deturpada sistematicamente por interesses particulares de poder que visto a partir do panorama entre as relações dos subsistemas político e econômico, ficaria claro a grande influência do sistema economia nas decisões politicas. Além disso, o distanciamento da política das balizas do código lícito/ilícito por exigências da ordem do mercado somado a idéia de dissociação da política com ética resulta também em corrupção sistêmica.

Diante desse cenário, é constatado que essas interferências entre sistemas – originada pela corrupção sistêmica - produziram e ainda produzem dentro das estruturas atuais do Poder do Estado uma constante simbiose harmônica com os interesses externos de Poder, representados pelas elites econômicas, políticas, das castas do judiciário, das idéias da plutocracia existente e dos ideais neoliberais que deflagraram no ano de 2016 um Golpe-Civil Parlamentar que culminou no impeachment de Dilma Rousseff. Uma espécie de atentado que agrediu e agride permanentemente as normas Constitucionais e que gerou consequências como a violação do Estado Democrático de Direito, além de uma grave crise de desconfiança das Instituições do Poder Público nacional, em razão da omissão ou alinhamento de alguns Órgãos Públicos como o Judiciário. Nas alianças escusas de alguns partidos políticos que tem num presidente impopular um líder que tramaram a favor de tal agressão a democracia nacional juntamente com parte da mídia o apoiando e do mercado financeiro também, de tal modo que hoje danos e perdas no âmbito dos direitos sociais são atacados em plena luz do dia evidenciando definitivamente que o sistema político atual se colocou numa posição de “mercador” das ordens de mercado, cujo objetivo maior está sendo rapinar todo tesouro nacional rompendo em definitivo com os regramentos constitucionais que deveriam tê-lo em obediência em relação as suas posições de ocupadores de cargos eletivos chancelado pelo voto popular.

Portanto, o que se alcançou com todo esse aparato arquitetado por inúmeros atores pertencentes ao segmento das castas mais altas da sociedade brasileira foi à usurpação da soberania do voto popular em prol a programas de cunho neoliberais que tem causados a desconstitucionalização de direitos sociais por meio das implementações de Reformas políticas também impopulares que visam à retirada clara dos direitos protegidos pela Magna Carta, diante disso, transformando a Constituição Brasileira em um mero texto submetido aos interesses da economia, de forma que hoje os principais direitos sociais conquistados e garantidos constitucionalmente não estão sendo postos como prioridades. E, essas medidas de caráter nefastas irão somente acelerar o processo de corrupção sistêmica que o país já vivencia, agravado pelas consequências do processo de desconstitucionalização e de esvaziamento de direitos vistos rotineiramente em todo Brasil, apresentando tão somente a vulnerabilidade da nossa recente democracia que terá como sequela a supressão econômica e, principalmente social de uma grande parcela da população de nosso país.

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