• Nenhum resultado encontrado

Conclusão e desenvolvimentos futuros

7.1 - Conclusões

Os vãos envidraçados da moradia em estudo, apresentam trocas térmicas (entre ganhos solares e perdas térmicas) consideráveis na estação de arrefecimento, superiores aos da estação de aquecimento. Deste modo, as soluções envidraçadas que permitam um bom desempenho energético da moradia no verão, terão grandes probabilidades de apresentar um bom desempenho global ao longo do ano, sendo esta a estação mais condicionante.

A inércia térmica de um edifício, tem influência na sua capacidade em contrariar as variações de temperatura no seu interior, devido à sua capacidade para acumular calor nos seus elementos de construção. Como conclusão podemos afirmar que uma moradia com classe de inercia térmica forte, contribui com um maior fator de utilização dos ganhos térmicos e que quando aplicadas soluções envidraçadas que se caracterizem por terem menores disparidades entre perdas e ganhos térmicos na estação de aquecimento (reduzido

Ug e elevado g┴v), estas soluções apresentam as menores necessidades energéticas anuais

de aquecimento, contribuindo também, numa menor variação da temperatura interior de conforto. Nesta estação, o envidraçado com o melhor desempenho energético, ou seja o que apresenta menores necessidades de aquecimento é o vidro duplo low-e (9). Este vidro denominado por SGG ClimaPlus, caracteriza-se por diminuir significativamente as necessidades de aquecimento, por ser o mais benéfico na disparidade entre perdas e ganhos térmicos, das soluções envidraçadas em estudo.

A inércia térmica também influi sobre o comportamento do edifício no Verão ao influenciar a capacidade do edifício em absorver os picos de temperatura. Neste sentido, uma moradia com uma classe de inércia térmica fraca apresenta uma maior probabilidade de ocorrência de situações de sobreaquecimento no verão, quando comparada com as outras classes de inercia térmica, devido à sua incapacidade em acumular calor nos seus elementos de construção, tendo assim menor influência na capacidade para contrariar as variações de temperatura no seu interior. Para que uma solução de envidraçado contribua para um bom desempenho energético da moradia e para uma menor probabilidade de ocorrência de sérios riscos de sobreaquecimento, durante a estação de arrefecimento, deverá apresentar um reduzido fator solar, diminuindo os ganhos solares. Nesta estação, o envidraçado com o melhor desempenho energético, ou seja o que apresenta menores necessidades de

98

arrefecimento é o vidro duplo refletante, low-e (12), denominado SGG ClimaPlus Reflectasol.

Considerando que o fator solar é responsável pela passagem da energia solar para o interior da moradia, ou seja é o parâmetro do envidraçado com maior influência no desempenho energético da moradia em estudo, podemos concluir que as melhores soluções são aquelas que apresentam simultaneamente reduzidos ganhos solares e perdas térmicas, ou seja reduzido fator solar (g┴v) conjugado com reduzido coeficiente de transmissão

térmica (U).

Para a moradia em estudo, conclui-se então que uma solução de envidraçado que apresente um bom desempenho na estação de arrefecimento, terá maior probabilidade de ter um bom desempenho ao longo do ano, bem como uma melhor classificação energética.

Na análise da influência da área de envidraçado, conclui-se que embora o aumento das áreas envidraçadas implique um aumento das necessidades energéticas, verifica-se que estas tendem a ter um menor acréscimo em termos percentuais à medida que as áreas envidraçadas aumentam. Maiores serão os ganhos, bem como maior será a probabilidade de ocorrência de sobreaquecimento no verão. Neste sentido, soluções envidraçadas com elevado fator solar, têm menor probabilidade em cumprir as necessidades máximas regulamentares, bem como apresentam os maiores riscos de ocorrência de situações de sobreaquecimento.

Na análise associada à orientação da moradia, conclui-se que no inverno, as maiores percentagens de vãos envidraçados, quando associadas aos maiores fatores de orientação (definido no RCCTE), resultam em maiores ganhos solares, o que nesta estação é favorável. No verão, as menores percentagens de vãos envidraçados, quando associadas a orientações com incidência de maior intensidade da radiação solar, resultam em menores ganhos solares, o que nesta estação é favorável. Assim constata-se que as necessidades nominais de arrefecimento, bem como o fator de utilização dos ganhos térmicos, variam consoante a distribuição percentual dos envidraçados nas diferentes orientações.

Quanto à influência dos dispositivos de sombreamento/oclusão noturna, conclui-se que durante o inverno, altura em que todos os ganhos solares são positivos, estes vãos servirão justamente para deixar entrar a radiação solar, porém, durante os meses mais quentes, estes vãos devem ser complementados com dispositivos de sombreamento/oclusão noturna eficazes. Constata-se que os melhores dispositivos a utilizar, são os que promovem a proteção solar no verão e não restringem os ganhos solares no inverno, contribuindo assim, para a otimização e cumprimento das exigências regulamentares impostas pelo RCCTE. Isto

99

com o intuito de prevenir a moradia de situações de sobreaquecimento, numa altura em que a radiação solar não é favorável, uma vez que a radiação solar incidente durante todo o dia poderá saturar a capacidade de absorção e acumulação da massa térmica da moradia. O ideal será existir uma solução flexível que permita ambas as situações. A utilização destes dispositivos torna-se mais eficiente quando conjugados com uma solução envidraçada, que se caracterize por ter um elevado coeficiente de transmissão térmica e elevado fator solar.

A partir da análise realizada à influência do zonamento climático, conclui-se que a implementação desta moradia em estudo em diferentes zonas climáticas, terá diferentes comportamentos consoante a gravidade das zonas climáticas, sendo mais difícil o cumprimento do RCCTE.

Numa análise económica, e considerando a importância que o custo de investimento apresenta, aquando da escolha das soluções construtivas a adotar na construção de uma habitação, é de grande relevância estabelecer uma relação entre o benefício da aplicação de uma determinada solução e o respetivo custo inerente a esta. Assim, o método VAL quando comparado com o método da ADENE, prevê uma evolução dos custos de exploração com o aumento das tarifas de energia, bem como a evolução do preço da moeda, sendo portanto um método mais fiável e muito utilizado no mundo empresarial. Podemos concluir que de todas as soluções propostas, aquela que se apresenta como melhor solução construtiva, em termos de viabilidade económica é a solução envidraçada 6 melhorada com cortina interior opaca (VAL=463.58€; Pay-back=5anos), seguidamente da solução 7 melhorada com cortina interior opaca (VAL=393.44€; Pay-back=8 anos), por se verificarem os menores períodos de retorno do investimento e gerarem os maiores lucros durante o tempo de vida útil da moradia.

7.2 - Desenvolvimentos futuros

Na sequência do trabalho desenvolvido e das conclusões apresentadas, de entre os possíveis temas de estudo que poderão ser desenvolvidos no seguimento desta dissertação, apresentam-se os seguintes:

- Influência da ventilação natural e mecânica de edifícios, isto é, a taxa de renovação nominal, na prevenção de situações de sobreaquecimento no verão e situações de condensação no inverno;

100

- Estudo do comportamento térmico do parque habitacional existente na RAM, com base na nova regulamentação (Decreto Lei nº118/2013);

- Influência dos vãos envidraçados no desempenho energético de edifícios de serviços; - Influência do tipo e dimensão das palas na prevenção de situações de sobreaquecimento.

101

8 - BIBLIOGRAFIA

Anes, A.A.A.(2010). A influência da massa e da exposição solar no Comportamento térmico dos edifícios. Obtido em março, de http://www.deetc.isel.ipl.pt/jetc05/CCTE02/ papers/finais/civil/110.pdf

ADENE/DGEG (2010). Consumo doméstico. Balanço DGEG. Obtido em março de 2013, de http://www.adene.pt/

ADENE e Certificação Energética e Ar Interior Edifícios. Perguntas e Respostas no âmbito do RCCTE, V1.0 (2010), V2.0 (2011).

Azevedo J.(2000). Apontamentos de complementos de radiação. Obtido em janeiro de 2013, de https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/53486/1/Radiacao.PDF

APPLETON, João (2005). Reabilitação de Edifícios “Gaioleiros”. Edições Orion

Banco Central Europeu (2013). Taxa de desconte de capital. Obtido em novembro de 2013, de https://www.ecb.europa.eu/ecb/html/index.pt.html.

Banco de Portugal (2013). Boletim económico – Inflação. Obtido em Novembro de 2013, de https://www.bportugal.pt/pt-PT/Paginas/inicio.aspx.

Caixiave. Portas, janelas. Obtido em 10 de fevereiro, de http://www.caixiave.pt/

Carlos A. Pina dos Santos e Luis Matias (2006), Coeficientes de Transmissão Térmica De Elementos da Envolvente Dos Edificios - Ite 50

Carlos A. Pina dos Santos e José A. Vasconcelos de Paiva (1986), Caracterização Térmica de Paredes de Alvenaria – Ite 12

Carmody J.[et al.] (2007). Residential Windows: guide to new technologies and energy performance. 3rd Edition. E.U.A.: Norton, W. W. & Company, Inc. ISBN- 0-393-73225-8. Carmody, J.; Selkowitz, S.; Lee, E. S.; Arasteh, D.; Willmert, T. (2004). Window System for High- Performance Buildings, W. W. Norton & Company, New York.

102

Casa Certificada. Obtido em Fevereiro, de http://www.casacertificada.pt/.

Construção sustentável. Obtido em fevereiro de 2013, em http://www.construcao sustentavel.pt/

Decreto-Lei n.º80/2006, de 04 Abril de 2006. Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios - Diário da República - I Série A.

Decreto-Lei nº 79/2006, de 04 Abril de 2006. Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edificios –Diário da República - I Série A.

Direção Geral de Energia e Geologia, (2010). Obtido em Janeiro de 2013, de http://www.dgge.pt/

EEM, (2013). Tarifário de venda de energia elétrica a clientes finais. Funchal: EEM. Efficient Windows Collaborative. Obtido em Março, de http://www.efficientwindows .org/

EN ISSO 10077- :2006. Thermal performance of Windows, doors and shutters – Calculation of thermal transmittance

EuroWindoor Guidance Sheet. Obtido em fevereiro de 2013, de http://www.faecf. org/Download/Papers/CE02_0712e.pdf

Finistral. Fabricante de portas, janelas e persianas. Obtido em fevereiro de 2013, de http://www.finstral.com/

Física em mistérios - Espectro eletromagnético. Obtido em Fevereiro de 2013, em http://fisicasemmisterios.webnode.com.br/

Fonseca, S. D.A (2007). A casa de emissões nulas: Estudo conceptual. Tese de mestrado, Aveiro, Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro.

Frank P. Incropera, Adrienne S. Lavine, David P. DeWitt, Lavine (2007). Fundamentals of Heat and Mass Transfer Sixth Edition.

103

Gerador de preços para construção civil (Portugal) - CYPE Ingenieros, S.A.. Obtido em Outubro de 2013, de http://www.geradordeprecos.info/

Giacomini, E. (2005). Tecnologias de fachadas: Material o vidro. Tese de mestrado, Porto, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Gonçalves, H. e Graça J.M. (2004). Conceitos Bioclimáticos para os Edifícios em Portugal. DGGE / IP-3E, Lisboa ISBN 972-8268-34-3

Guide de la fenêtre. Obtido em fevereiro de 2013, de http://www.guide-de-lafenetre.com/ Hélio Ponciano Pereira Barros (2005). Análise de Projetos de Investimento. 4º Edição, Edições Sílabo.

Isolani, P. (2008). Eficiência Energética nos Edifícios Residenciais. Lisboa: Deco Janela Sapa. Obtido em março de 2013, de http://janelasapa.com/

Jitka, M. e Hasim, A (2009). Evaluation of optical and thermal properties of window glazing. Issue 1, Volume 5, (2009), ISSN- 1790-5079.

Kinney, L. (2007). Windows and insulating shutters, Affordable Confort International Summit: Moving Existing Homes Toward Carbon Neutrality, (Synertech Systems Corporation).

Leal, V (2009). Energy in Buildings: Lighting. PhD program Sustainable Energy Systems, MIT Portugal.

Lopes, N. V. (2006). Reabilitação de Caixilharias de Madeira em Edifícios do Século XIX e Início do Século XX – Do Restauro à Seleção exigêncial de uma Nova Caixilharia: o Estudo do Caso da Habitação Corrente Portuense, FEUP, Porto, Dezembro de 2006.

Mascarenhas, J. (2008). Sistemas de Construção - IX (2ª Edição ed.). Lisboa: Livros Horizonte.

Nascimento, C., e Gonçalves, H. (2005). Prémio DGGE 2003, Eficiência Energética em Edifícios. Lisboa, DGE.

104

Oliveira, A. M. F. F. (2007). Avaliação da Qualidade Térmica de Edifícios – Proposta de indicadores para o Projeto. Porto: FEUP, 2007. Dissertação de mestrado.

Orçamentos e Orçamentação na Construção civil. Obtido em Outubro de 2013, de http://orcamentos.eu/

Palhinha, M. (2009). Sistemas de sombreamento em arquitetura: Proposta de um novo método de conceção e dimensionamento, Dissertação de Mestrado em Arquitectura, IST. Pinto, A.T. S. (2003). Reabilitação de Caixilharia. Melhoria das Características de Radiação. Obtido em janeiro de 2013, de: http://www.futureng.pt/radiacao.

PNAEE 2016 - Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética . Resolução do Conselho de Ministros n.º 20/2013.

PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONAL. JORAM, I série, nº52 de 23/04/2013 Regulamento Geral Das Edificações Urbanas (RGEU). Decreto-Lei nº38 382 de 7 de Agosto de 1951, com as alterações surgidas desde então.

Previcon. (2011). Isoltermix - Isolamento térmico e acústico. Obtido em março de 2013, de http://www.previcon.pt/isoltermix.htm

Ramalheira F.J. (2005). Manual de boas práticas de escolha de vãos envidraçados: Exigências funcionais de vãos envidraçados. Tese de mestrado, Porto, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Rio, R.(2009). Janela para o mundo, Arte & Construção – Revista Profissional da Construção. Lisboa

Saint Gobain Glass , Suporte técnico: O vidro e a radiação solar. Obtido em Março, de http://pt.saint-gobain-glass.com/b2c/default.asp e http://www.climalit.pt/

Susana Camelo, Carlos Pina dos Santos, Álvaro Ramalho, Cristina Horta, Helder Gonçalves, Eduardo Maldonado (2006). Manual de apoio à aplicação do RCCTE. Viegas, João Carlos (2006). Componentes de Edifícios: Seleção de Caixilharia e seu Dimensionamento Mecânico

105

Documentos relacionados