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A realização do relatório de atividade profissional permitiu-me uma reflexão mais aprofundada sobre a minha prática letiva. Esta reflexão obrigou-me a consciencializar, de uma forma mais pormenorizada, alguns aspetos relevantes no ensino e na atividade diária de um professor.

A minha primeira experiência, ainda antes da profissionalização, no ensino público e secundário, permitiu-me contactar com alunos empenhados, que demonstravam interesse nas aulas e estudavam para obter determinadas classificações, pois já tinham objetivos de prosseguimento de estudos. Foi um ano tranquilo, com alunos “mais velhos”, maioritariamente com bom comportamento e motivados, que me permitiu conhecer uma realidade escolar. Neste ano pude confirmar e reforçar a decisão tomada anteriormente de ser professora.

No Colégio Internacional de Vilamoura conheci outra realidade, bem distinta da primeira. Para além de ter apenas lecionado ensino básico, foi a minha primeira experiência autónoma como professora, na qual tive a possibilidade de conhecer o funcionamento de uma escola privada e contactar com os encarregados de educação. Logo no primeiro ano letivo fui docente de duas disciplinas diferentes (Matemática e Estudo Acompanhado) e em cinco níveis escolares distintos. Embora tivesse encontrado alunos geralmente motivados, a adaptação não foi fácil, pois foi necessário planificar aulas de anos escolares diferentes, adaptar-me a alunos do segundo e do terceiro ciclo, procurar materiais manipuláveis e visuais para apresentar nas aulas e gerir dia após dia as diversas dificuldades com as quais me ia deparando. Apesar destas dificuldades e do muito trabalho diário, considero que este primeiro ano teve um saldo positivo, pois senti-me realizada profissionalmente e voltei a reforçar a convicção de que queria mesmo ser professora. No segundo ano de lecionação neste colégio foi tudo mais sereno, sem que, no entanto, tivesse diminuído o ritmo trabalho e o meu envolvimento profissional, mas pude direcionar esse trabalho de forma mais eficiente e produtiva.

No Colégio Bernardette Romeira, encontrei novamente a realidade de um estabelecimento de ensino particular, mas com funcionamento diferente do anterior. Também aqui realizei ensino diversificado, tendo sido docente do segundo ciclo em três disciplinas diferentes (Matemática, Área Projeto e Estudo Acompanhado). Senti muitas diferenças no estilo de lecionação que fui praticando ao longo do ano. A existência de alunos com programa

educativo individual e planos de recuperação e acompanhamento, ou simplesmente com lacunas de anos transatos, manifestando pouca motivação ou comportamentos pouco adequados, exigiu-me perceber como agir com as diferentes caraterísticas de cada um e descobrir como os poderia motivar e ensinar. Uma das estratégias fundamentais foi a utilização regular de materiais manipuláveis e visuais.

Ao longo destes anos e apesar de ainda ter uma reduzida experiência profissional, tive o privilégio de trabalhar com pessoas que me ajudaram de uma forma decisiva para o meu desenvolvimento profissional e pessoal, tanto através de conselhos e sugestões fundamentais e indispensáveis e como por me fazerem perceber aquilo que não quero ser, e como tal, algumas atitudes e opções que não devo ter, nem escolher.

A prática docente em diferentes contextos obrigou-me a diferentes escolhas e a reflexão que acompanhou essas escolhas ajuda-me a ter o cuidado de, na atual prática docente, evitar os mesmos erros, procurar outras estratégias e melhorar as opções anteriormente realizadas.

Retiro destas experiências diversas a importância, para um docente, de motivar todos os alunos, de encontrar forma de os cativar e envolver nas aulas, de os ajudar a ultrapassar dificuldades e de auxiliar o seu desenvolvimento global (nomeadamente a autonomia, o espírito critico e de abertura para com as escolhas dos outros, a responsabilidade e a cooperação para com todos os envolventes), tentando olhar de forma personalizada para cada aluno. A interação escola-famílias é também muito relevante, para que possa existir um trabalho conjunto para o bom progresso do aluno. Finalmente é significativo o envolvimento do professor nas várias atividades realizadas no âmbito da comunidade escolar, como forma de existir uma maior aproximação entre vários intervenientes da comunidade.

O desenvolvimento deste trabalho foi pertinente, pois fez-me refletir, mais uma vez, mas de forma aprofundada e concertada, sobre as minhas diferentes experiências enquanto professora e os pontos em que divergiram ou convergiram. Nesta reflexão reforcei a ideia da necessidade de formação continua, de partilhar e debater ideias e experiências, de estar aberta para testar novas metodologias e novos projetos e, ainda, da importância do envolvimento com a comunidade educativa. Fez-me também tomar consciência da importância de refletir sobre a minha própria prática, como ponto fundamental para a evolução da minha aprendizagem como professora e como meio de encontrar soluções para os problemas e dificuldades com que me deparo para poder melhorar a forma como cumpro as minhas funções. Finalmente, permitiu-me reforçar a ideia de que é importante conhecer

bem o meio em que a instituição de ensino está inserida e as caraterísticas dos vários alunos envolvidos, como forma de encontrar e adaptar estratégias de ensino que se revelem eficientes nas suas aprendizagens.

Por tudo isto, a elaboração deste relatório, com a atitude de reflexão que a acompanhou, focando as escolhas que tenho feito e os resultados que tenho vindo a atingir, ajudou-me a crescer e amadurecer a nível pessoal e profissional.

Bibliografia

Fátima, C. L. (2000). Projecto Educativo de Escola, Projecto Curricular de Escola e Projecto

curricular de Turma. Acedido em 23 de abril de 2013, em

http://www.netprof.pt/PDF/projectocurricular.pdf

O papel do professor e dos pais e a motivação dos alunos. Acedido em 23 de abril de 2013, em

www.epaveiro.edu.pt/epeu/projectos/finalp/o_papel_do_professor_e_a_motivacao.pdf

Delgado, C. A reflexão sobre as práticas de ensino da Matemática de três futuras professoras

do 1º ciclo do ensino básico. Acedido em 23 de abril de 2013,

No documento Diferentes realidades para um único fim (páginas 79-83)