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O estudo sobre a remoção de carbonatos através do tratamento ácido, aplicado como etapa anterior ao processo de biolixiviação, conseguiu comprovar que a presença de uma quantidade elevada de carbonatos mantém o pH elevado inibindo a ação das bactérias durante a biolixiviação. Ainda, foi possível analisar a faixa ideal de carbonatos no rejeito, que é em torno de 2,5 g/kg para o SCV e o FNL e 4,0 g/kg para o RGH, e a faixa ideal para o pH inicial dos experimentos, entre 2,0 e 3,0, para que ocorra a biolixiviação.

Os experimentos de biolixiviação com os melhores tratamentos ácidos promoveram a recuperação de cobre atingindo aproximadamente: 47% para o SCV A, 26% para o RGH A e 32% para o FNL B. Enquanto que, a biolixiviação dos demais tratamentos nem ocorreu, pois o pH manteve-se maior que 4,0 durante o processo de biolixiviação. Portanto, realmente faz-se necessário a remoção dos carbonatos antes da biolixiviação e o tratamento ácido provou ser um método eficiente.

O processo de biolixiviação e tratamento ácido realizados de forma simultânea promoveram a recuperação de cobre apenas para o rejeito scavenger, atingindo o mesmo percentual de recuperação (em torno de 47%) do processo de biolixiviação usando o rejeito já tratado ao final do experimento, embora o processo simultâneo tenha ocorrido de forma mais lenta. Já o processo simultâneo para os rejeitos RGH e FNL não conseguiu promover a recuperação de cobre, devido a menor concentração de calcopirita presente nesses rejeitos e a maior quantidade de impurezas.

Os ensaios iniciais de biolixiviação dos rejeitos tiveram a interferência do concentrado calcopirítico advindo do inóculo, o qual alterou a quantidade de cobre inicial desviando para uma possível biolixiviação desse concentrado e impedindo a conclusão de que o cobre possa ter sido recuperado do rejeito.

Assim, os experimentos com adição apenas da fase líquida do inóculo, sem a presença de concentrado calcopirítico no meio, permitiram comprovar que é possível obter a recuperação do cobre do rejeito por meio de biolixiviação para os rejeitos SCV e FNL, podendo atingir cerca de 93% e 63% de recuperação, respectivamente. Entretanto, para o rejeito RGH a biolixiviação não acontece sem a presença do concentrado, isso pode ser justificado pelo elevado grau de impureza e pela maior granulometria dessa amostra, o que dificulta o acesso bacteriano à calcopirita.

Por fim, o tratamento de rejeitos de processamentos industriais são de extrema importância, principalmente de usinas de mineração, em que os rejeitos possuem geralmente altas concentrações de metais tóxicos. O tratamento desses rejeitos pode prevenir uma série de danos ambientais, além da possibilidade de estar recuperando esses metais para o processo produtivo.

Esse trabalho permitiu a recuperação do cobre, por meio do processo de biolixiviação com auxílio da etapa de tratamento ácido, de três rejeitos de uma usina de produção de concentrado de cobre. Baseado nos resultados apresentados, o rejeito scavenger possui maior potencial para passar pelo processo de recuperação e tratamento, pois conseguiu atingir os melhores resultados em todos os ensaios, obtendo elevados percentuais de recuperação de cobre, além de ser o rejeito com maior quantidade de cobre (em torno de 0,5% de cobre) sendo perdida, e ainda, aumentando a concentração de cobre no rejeito final da lagoa de rejeitos.

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