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Vazão dia seco 13/11/

5 – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1 – Conclusão

O IADP ou sobrecarga na rede de esgoto pode ocorrer por uma das formas citadas no trabalho, as mais importantes sendo: conexão direta dos lotes, poços de visita, elevação do nível do lençol freático; ou pela combinação de mais de uma ou de todas elas. Na ocorrência do IADP no sistema de esgoto sanitário, a primeira conseqüência ocorre na rede coletora, a qual passa a funcionar em seção plena, ocorrendo extravasão de efluentes de esgoto pelos tampões dos poços de visita nas regiões baixas da cidade.

Aliada a esta conseqüência, pode ocorrer o retorno de esgotos para o interior dos domicílios localizados nestas regiões da cidade; pode-se atingir o limite de capacidade de funcionamento da estação elevatória de esgoto, ocorrendo extravasão para os córregos próximos à EEE; pode haver funcionamento por longo período do sistema de bombeamento e aumento do consumo de energia elétrica, e por último, ocorre o excesso de capacidade de tratamento na ETE e o lançamento do esgoto tratado com baixa eficiência, afetando diretamente o comportamento de autodepuração do corpo receptor.

Com as observações e os resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que os valores da taxa de infiltração e a taxa da sobrecarga ou IADP que geralmente são adotados em projetos podem ser muito diferentes dos valores que realmente ocorrem no sistema de esgotamento sanitário.

Percebe-se que o levantamento e análise de alguns dados, conforme feito neste trabalho, permitiram uma melhor avaliação da taxa de infiltração e da IADP, os quais poderão ser

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empregados em projetos de sistema de esgotamento sanitário mesmo em regiões diferentes da área em que foi realizada esta pesquisa.

Os resultados aqui apresentados contribuem para a elaboração de um bom projeto de sistema de esgoto sanitário aliado à preservação do meio ambiente e o respeito da legislação ambiental. Poderá minimizar os possíveis custos decorrentes de um superdimensionamento do sistema de esgoto, evitando-se também o possível mau funcionamento hidráulico do sistema de esgoto.

Neste trabalho de pesquisa, foi observado que a variação volumétrica da IADP no sistema de esgoto sanitário varia de 1,42 5% a 251,19%, obtendo-se uma média no período pesquisado de 33,63%. Foi observada também a variação da taxa de contribuição da IADP nos coletores de esgotos de 0,08L/seg/km a 12,15 L/seg/km e a média desta variação, no período pesquisado, é de 2,30 L/seg/km.

Neste trabalho também foi definida e identificada a TUC – taxa unitária constante — para diversas variáveis relacionadas com a altura total diária de precipitação. A TUC foi definida com as variáveis: área urbanizada contribuinte no sistema de esgoto sanitário (VIADP/área);

população contribuinte no sistema de esgoto sanitário (VIADP/população); rede de coleta de

esgoto mais coletor tronco (VIADP/rede) e coletor tronco do sistema de esgotamento sanitário

(VIADP/coletores tronco).

Destacam-se os principais resultados obtidos da TUC – taxa unitária constante, TUC POPULAÇÃO obteve-se o mínimo de 0,002m3/mm/hab, a média de 0,06m3/mm/hab e o máximo de 0,33m3/mm/hab; TUC LIGAÇÕES obteve-se o mínimo de 0,004m3/mm/lig, a média de 0,17m3/mm/lig e o máximo de 0,91m3/mm/lig; TUC COLETOR obteve-se o mínimo de 0,08L/s/km, a média de 3,09L/s/km e o máximo de 16,60L/s/km e a TUC REDE obteve-se o mínimo de 0,0036L/s/km, a média de 0,1418L/s/km e o máximo de 0,7629L/s/km.

Finalizando, sugere-se a realização de outros estudos em regiões e portes de cidade diferentes dos aqui adotada, com o objetivo de somar seus resultados aos obtidos neste trabalho. Na aplicação dos resultados deste trabalho em outras localidades, recomenda-se que sejam observadas suas limitações quanto ao tamanho da bacia urbanizada, tipo de uso e ocupação

predominante dos lotes, idade, profundidade e tipo de material construtivo das redes coletoras de esgoto, clima predominante, tipo de solo, entre outras.

5.2 Recomendações

A prática das ligações clandestinas das águas pluviais captadas nos telhados e nos quintais das residências tem sua origem em duas causas básicas:

- Falta de informações ou conhecimento por parte da população;

- Lotes localizados em cotas inferiores aos ramais domiciliares de esgoto ou até mesmo da própria rede coletora de esgoto.

A sobrecarga na rede de esgoto sanitário ocorre na maioria das cidades brasileiras, por que não dizer em todas elas. Medidas e ações preventivas devem ser adotadas para solucionar ou mesmo amenizar a situação em que se encontram essas cidades.

Principais recomendações são:

- A gestão ou o gerenciamento do sistema de abastecimento de água potável, do sistema de esgoto sanitário e do sistema de drenagem urbana devem ser da mesma concessionária ou operadora;

- Realização e manutenção de cadastro técnico atualizado das redes de água potável, esgoto e de drenagem urbana;

- Nos novos projetos de parcelamento do solo devem ser exigidas a implantação do sistema separador absoluto na rede de esgoto sanitário e a obrigatoriedade de construção de redes de galerias de águas pluviais;

- Deve ser prevista nos ramais de ligações domiciliares de esgoto sanitário, para os lotes localizados em regiões baixas da cidade, a instalação de válvula de retenção, evitando desta forma o retorno do efluente de esgoto para o interior das residências;

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- Planejamento integrado dos sistemas de saneamento é a ferramenta mais adequada para a solução dos problemas de interferência entre os sistemas de esgoto sanitário e de águas pluviais;

- As soluções devem adaptar-se às circunstâncias e características locais; cada caso deve ser analisado considerando as instalações existentes, os aspectos hidrológicos, topográficos, hidráulicos e ambientais, levando-se em conta também os costumes locais;

- Deve haver flexibilidade na adoção do sistema, separador absoluto ou parcial:

- Devem ser analisadas as dificuldades de se adotar ou implantar o sistema separador absoluto;

- Adoção de tarifação e cobrança em separado do consumo de água potável e de coleta de esgoto sanitário. No sistema praticado atualmente, a tarifa de coleta de esgoto é um percentual sobre o consumo de água — não é inibidor para a diminuição do volume de descarte de esgoto sanitário;

- Incentivos fiscais para adoção e implementação de dispositivos estruturais para a retenção de águas de chuva no lote;

- Campanhas de orientação para a população quanto à importância de condução das águas de chuvas coletadas nos telhados e nos quintais das residências em separado das águas servidas;

- Apoio técnico aos usuários com ações diretas e formação de um grupo técnico de apoio cuja função é orientar e indicar aos usuários como devem proceder as conexões das redes de esgoto sanitárias em separado das redes de águas pluviais;

- Medidas estruturais de controle com a instalação de equipamentos de monitoramento e medição dos caudais escoados dos efluentes de esgoto sanitário para identificação de eventuais descargas das águas servidas no meio ambiente no caso de ocorrência de picos de chuvas;

- A troca de informação transparente entre a operadora dos serviços de abastecimento de água e esgoto com os demais órgãos municipais, estaduais e federais, evitando eventuais conflitos de interesse, de prioridades, culturais e ambientais;

- Pesquisas de campo individuais devem ser realizadas em todas as ruas da bacia de contribuição a fim de localizar e identificar as unidades que contribuem com águas de chuvas na rede de esgoto sanitário. O sistema recomendado de identificação e localização é o teste de fumaça nas redes coletoras (figuras 5.1 e 5.2). Nele, através de equipamento específico, introduz-se fumaça na rede coletora de esgoto e observa-se as calhas coletoras das águas de chuvas dos telhados Naquela da que sair fumaça está uma ligação clandestina. A simples orientação ao proprietário ou morador da unidade contribuinte já o conscientiza da importância da separação das águas de chuvas dos esgotos sanitários.

Figura 5.1 – Equipamento para o teste de fumaça Figura 5.2 – Identificação da Ligação Clandestina

- Criação de instrumentos legais em nível estadual ou federal que impeçam a prática das ligações clandestinas das águas de chuvas na rede de esgoto sanitário. Em algumas cidades, a exemplo dos municípios de Ibitinga/SP e Borborema/SP — de acordo com dispositivo previsto no Código de Obras Municipal — a obtenção do “Habite-se” só é possível após a comprovação pela fiscalização que as águas de chuvas são lançadas em condutos diferentes do esgoto sanitário.

- Nos lotes ou construções localizadas em cotas inferiores ao nível da rua ou até mesmo inferior à rede coletora de águas pluviais, torna-se impossível o lançamento das águas de

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chuva na sarjeta ou na própria rede. Assim, medidas estruturais também usadas para controle de inundação no lote podem ser adotadas com a finalidade de ser evitado o lançamento das águas de chuvas nas redes coletoras de esgotos sanitários. Dentre estas estruturas pode-se destacar:

- Sistema de bombeamento (elevatória) das águas de chuvas até as sarjetas ou galeria de águas pluviais;

- Infiltração no subsolo, através de valas de infiltração ou poço absorvente; - Pavimentos permeáveis;

-Trincheiras de infiltração.

7 – BIBLIOGRAFIA

7.1 – Bibliografia referenciada

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 9649 – Projeto de redes coletoras

de esgoto sanitário. Rio de Janeiro. ABNT. 1986. 10p.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 568 – Projeto de Interceptores

de Esgoto Sanitário. Rio de Janeiro. ABNT. 1989. 12p.

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