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O paradigma do desenvolvimento sustentável vem se consolidando como uma referência fundamental para todas as actividades humanas. A actividade da construção civil não é excepção, pelo contrário, devido ao seu gigantismo, é uma das actividades humanas que mais volume de resíduos produz. A aplicação deste conceito ao sector da construção vai exigir profundas modificações na forma de trabalhar dos vários intervenientes, sejam eles projectistas de diferentes especialidades, engenheiros envolvidos na gestão de obras, pesquisadores e até fabricantes de materiais.

Uma vez que a produção de resíduos na construção civil é inevitável, a sua reciclagem é uma das condições para aumentar a sustentabilidade do sector, até porque tem potencial para reciclar e utilizar os seus próprios resíduos. As potenciais vantagens da reciclagem destes resíduos são, entre outras, a preservação dos recursos naturais, economia de energia, aumento do período de vida útil do material, redução do volume de resíduos encaminhados para aterros, redução da poluição, criação de emprego, redução dos custos de controlo ambiental, entre outros.

Os agregados reciclados são principalmente de dois tipos, cerâmicos (telhas, tijolos, azulejos, etc.) e cimentícios (betão, argamassas, etc.). Em comparação com os naturais, apresentam maior absorção de água, menor densidade e maior desgaste. A sua forma tende a ser mais angular e possuem geralmente uma textura mais rugosa.

Actualmente a única tecnologia consagrada capaz de consumir grandes quantidades do volume gerado pelos RCD é a pavimentação, que possui como clientes, quase exclusivamente, os municípios. Todavia, o uso destes agregados reciclados na produção de betões tem vindo a ser fortemente estudada tendo sido apontado como um uso bastante viável.

Apesar de em Portugal já existir legislação específica para a gestão deste tipo de resíduos, o mercado destinado ao seu aproveitamento ainda está longe de ser suficiente. Analisando o uso de agregados reciclados de RCD para o fabrico de betão, percebe-se facilmente que a diferença, relativamente a um betão produzido com agregados naturais, sendo usada a mesma relação A/C, é apenas o tipo de agregados. Assim é de esperar

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que as características do betão que mais vão ser influenciadas sejam as que estão relacionadas com o tipo de agregado usado.

Neste estudo verificou-se o efeito da substituição de agregados naturais miúdos e graúdos por agregados reciclados, em diferentes teores de substituição, na trabalhabilidade e na resistência mecânica à compressão do betão.

Perante os resultados obtidos conclui-se que a trabalhabilidade do betão no estado fresco não é reduzida de forma significativa. Relativamente à resistência à compressão, esta diminui com o aumento do teor de substituição, verificando-se este facto, quer aos 7 dias, quer aos 28 dias de idade do betão. Ainda assim, para aplicações que exijam menor resistência, estes betões podem ser usados.

Sugere-se como trabalhos futuros que se faça uma análise aos métodos de classificação e caracterização dos agregados, existentes em Portugal. Que se proceda à análise de outras propriedades mecânicas como a resistência à flexão e a resistência à tracção, e a parâmetros como a fluência e a retracção de betões com agregados reciclados. A análise das diferenças nas propriedades químicas do betão, provocadas pela incorporação de agregados reciclados. A comparação das propriedades de betões fabricados com agregados reciclados cimentícios ou agregados reciclados cerâmicos. Sugere-se ainda a análise da substituição de agregados naturais por reciclados em betões de alta resistência.

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Referências Bibliográficas 

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(http://www.netresiduos.com/pt)

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105 ANEXO I - Resíduos autorizados na RETRIA

LER Designação LER Designação LER Designação

01 04 08

Gravilhas e fragmentos de rocha não abrangidos em 01 04 07.

17 01 01 Betão. 17 04 05 Ferro e aço.

01 04 09 Areias e argilas. 17 01 02 Tijolos. 17 04 06 Estanho.

01 04 13

Resíduos do corte e serragem de pedra não abrangidos em 01 04 07.

17 01 03 Ladrilhos, telhas e

materiais cerâmicos. 17 04 07 Misturas de metais.

03 01 01 Resíduos do descasque de

madeira e de cortiça. 17 01 07

Misturas de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos não abrangidas em 17 01 06.

17 04 11 Cabos não abrangidos em 17 04 10.

03 01 05

Serradura, aparas, fitas de aplainamento, madeira, aglomerados e

folheados não abrangidos em 03 01 04

17 02 01 Madeira. 17 05 04

Solos e rochas não abrangidos em 17 05 03. 03 03 01 Resíduos do descasque de madeira e resíduos de madeira. 17 02 02 Vidro. 17 05 06

Lamas de dragagem não abrangidas em 17 05 05. 15 01 01 Embalagens de papel e cartão. 17 02 03 Plástico. 17 05 08 Balastros de linhas de caminho de ferro não abrangidos em 17 05 07. 15 01 02 Embalagens de plástico. 17 03 02 Misturas betuminosas não abrangidas em 17 03 01. 17 06 04 Materiais de isolamento não abrangidos em 17 06 01 e 17 06 03.

15 01 03 Embalagens de madeira. 17 04 01 Cobre, bronze e latão. 17 08 02

Materiais de construção à base de gesso não abrangidos em 17 08 01.

15 01 04 Embalagens de metal. 17 04 02 Alumínio. 17 09 04

Mistura de resíduos de construção e demolição não abrangidos em 17 09 01, 17 09 02 e 17 09 03.

15 01 06 Misturas de embalagens. 17 04 03 Chumbo. 20 03 07 Monstros.

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