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A aquisição de competências implica, não apenas um agir e um conhecimento mas também o desenvolvimento de uma capacidade crítica e reflexiva que proporcione ao aluno uma melhor capacidade de adaptação a contextos diferentes. O ensino em contexto clínico afigura-se como uma metodologia extremamente importante para a consolidação de saberes, permitindo ao aluno contextualizar todo o conhecimento que adquiriu e confrontando-o com a realidade da prática, pondo à prova a sua capacidade em mobilizar e utilizar esse conhecimento (Fernandes, 2007).

Os estágios realizados permitiram desenvolver vários tipos de experiências, perceber formas de conceber e organizar o trabalho, formas de actuar sobre determinadas situações clínicas, de consciencializar valores, normas e regras para agir, facilitando a apropriação activa do saber científico integrado no saber da experiência, permitindo incorporar as diversas áreas de atenção no cuidado ao doente crítico. Através de momentos de aprendizagem e partilha intensa foi possível atingir os objectivos propostos, concretizar as actividades planeadas e, desta forma, tornar possível a aquisição de competências intrínsecas ao EEEMC. A aprendizagem desenvolvida incluiu a componente instrumental das intervenções de enfermagem mas também o processo de tomada de decisão, através da produção de juízos clínicos que se coadunassem com a prestação de cuidados avançados, ou seja, cuidados de maior complexidade e diferenciação. Com isto a minha autonomia como EEEMC ficou fortalecida e sustentada por processos cognitivos e instrumentais.

O estágio realizado na CCI da ULSM tornou-se, sem dúvida, um desafio, tendo contribuído para estimular o meu pensamento crítico, na medida em que me deu uma visão do trabalho desenvolvido neste âmbito, o que me enriqueceu pessoal e profissionalmente. Por ser para mim uma área pouco explorada, o interesse e a curiosidade foram uma constante neste campo de estágio. É de extrema importância que todos os profissionais de saúde reflictam sobre a problemática da infecção hospitalar e que contribuam para a sua prevenção, promovendo as boas práticas dos cuidados e

a prestação de cuidados de enfermagem em contexto do SU, por se tratar de uma realidade tão díspar da minha, revelou-se muito gratificante e estimulante. O primeiro contacto que o doente crítico tem ao chegar ao hospital revelou-se enriquecedor, dando- me a perceber o percurso efectuado pelo doente desde que entra até que, muitas vezes, é internado nos diversos serviços.

As situações imprevistas e por vezes complexas com que me deparei no SU exigiram a tomada de decisões rápidas e fundamentadas em que fui capaz de actuar, atendendo às evidências científicas e às minhas responsabilidades sociais e éticas. De uma forma geral, considero que, no domínio da gestão, demonstrei compreender a metodologia adoptada na gestão do SU ao nível dos recursos materiais, humanos e cuidados de enfermagem. A principal limitação refere-se ao facto de, devido ao tempo limitado de que dispus para o estágio, não poder dedicar mais tempo a esta área. Tenho a noção de que a investigação empreendida em alguns problemas de maior complexidade, relacionados com a formação em enfermagem, incitou em mim a análise crítica e reflexiva que me permitiu uma mudança com ajuste de alguns comportamentos, estimulando uma maior abertura para novas iniciativas.

Não me foi possível realizar formação formal em serviço, mas considero que tal não me prejudicou visto que, para atingir este objectivo, investi em actualizações de normas, procedimentos, cartazes e momentos de formação informal.

Este documento, através de uma retrospecção e reflexão crítica de todas as experiências vividas, aborda as intervenções e reflexões realizadas ao longo do ensino clínico e o contributo dado para a aquisição de competências na área de EEMC. Assim, os objectivos iniciais deste documento foram atingidos, considerando que emergiu o aperfeiçoamento da minha capacidade reflexiva, o que contribuiu para um melhor enquadramento da minha percepção das competências do EEEMC.

Ambos os módulos de estágio se revelaram magnânimos no sentido de fomentar a capacidade para a resolução de problemas, característica indispensável num enfermeiro especialista. O crescimento vivenciado promoveu a evolução para uma excelência na prestação de cuidados, devendo ser este o objectivo último de todos os enfermeiros, dando ênfase aos que são e anseiam ser enfermeiros especialistas. Apesar de, na globalidade, todas as competências terem sido adquiridas, tenho a noção de que

poderia sempre fazer mais se a limitação temporal o permitisse. Finda esta etapa do percurso e, apesar das limitações, tenho a forte convicção de que o Curso de Pós- Licenciatura em Enfermagem com EEMC contribuiu para que a minha prática seja cada vez mais rigorosa em busca dos padrões de qualidade que a OE preconiza para a profissão. Numa perspectiva a curto prazo, gostaria de me tornar elo de ligação do meu serviço à CCI, promovendo cada vez mais comportamentos de prevenção da infecção, visto que foi uma das áreas que mais me fascinou durante o meu percurso. Por outro lado, gostaria de continuar a investir numa área do meu serviço que ainda não se encontra explorada, a consulta de enfermagem pré e pós-operatória. Com base na minha experiência profissional pressuponho que a implementação de orientações de enfermagem pré-operatórias enquanto rotina em muito contribuiria para reduzir algumas complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca que, por vezes têm base no medo do desconhecido e na ansiedade, ocasionadas pela falta de orientação. Além disso, acredito que um doente bem informado participa mais efectivamente do seu processo de recuperação, tornando-se independente mais rapidamente dos cuidados de enfermagem, melhorando, consequentemente, o seu prognóstico e reduzindo o tempo de internamento hospitalar. Na visita pré-operatória, o enfermeiro deve encorajar a verbalização das ansiedades, expectativas e necessidades dos doentes, permitindo que estes conversem sobre as suas experiências relacionadas com a cirurgia e anestesia, corrigindo ideias distorcidas da realidade e intervindo nas necessidades e fontes de stresse identificadas. De igual modo, num momento pós-operatório, o follow up poderia contribuir para a obtenção de ganhos em saúde.

As competências adquiridas ao longo do Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem com EEMC permitiram o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para manter o meu desenvolvimento profissional de forma contínua e autónoma e para contribuir para a melhoria contínua dos cuidados prestados.

No documento Em busca da excelência profissional (páginas 47-50)

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