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Capítulo II – Enquadramento metodológico

4. Conclusão

Os resultados deste estudo intercultural evidenciam algumas particularidades apesentadas a seguir.

Os italianos apresentaram, em geral, crenças mais dinâmicas sobre a sua capacidade intelectual, ao contrário dos portugueses que se apresentaram mais estáticos, sendo que os sujeitos que adotam conceções mais dinâmicas de inteligência parecem mais capazes de lidar com as exigências dos contextos competitivos, através do esforço e investimento pessoais. Estes resultados podem ser explicados à luz das especificidades dos sistemas educativos de ambos os países, que valorizam a demonstração de competência, a comparação entre pares e a competição pelas melhores notas, apesar de, através de vários estudos, se ter verificado que o sistema de ensino português possui um papel mais penalizador na escola, assistindo-se a uma a pressão sociocultural sobre a competência.

A ausência de diferenças de género nas conceções pessoais de inteligência sugere semelhanças na não diferenciação em função do género entre Portugal e Itália, ao contrário do observado por exemplo no contexto norte-americano.

Relativamente ao NSE, verificaram-se diferenças entre NSE alto e médio, a favor do NSE médio, que se apresenta mais dinâmico, talvez porque nos dois contextos os desafios sociais com que se debatem os indivíduos de NSE médio, relativamente à luta pelo sucesso, pela

34 ascensão social e pela melhor qualidade de vida, possam explicar as perceções de maior dinamismo da inteligência e a expansão deste tipo de característica.

Quanto á autoavaliação académica, neste estudo não se verificou que a conceções dinâmicas correspondem melhores autoavaliações académicas; os alunos portugueses, abrangidos no estudo, consideram-se entre o bom e o suficiente, do ponto de vista de avaliação enquanto aluno/a. Além disso, este aspeto não foi avaliado no contexto italiano.

Este estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente o seu caráter transversal e correlacional. Em estudos futuros seria importante observar os indivíduos ao longo do ensino secundário, captando a evolução da relação entre CPI e o rendimento académico, que poderia ser avaliado através dos resultados obtidos ao longo dos períodos escolares, substituindo a autoavaliação pela avaliação escolar objetiva. Outro aspeto a considerar em estudos futuros seria a avaliação dos aspetos culturais, nomeadamente através de medidas que captassem as características individualistas e coletivistas das duas culturas.

Em termos de propostas de intervenção ao nível dos contextos de ensino, será importante promover conceções pessoais de inteligência e de competência mais dinâmicas, através de práticas escolares mais centradas nos processos do que nos produtos da realização, sendo imprescindível promover práticas de ensino em que seja mais valorizado o esforço pessoal e a mestria, procurando diversificar as causas atribuídas aos resultados da realização.

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