• Nenhum resultado encontrado

O envelhecimento populacional e o processo de consolidação orçamental exerceram uma influência determinante na reforma dos esquemas públicos de pensões em Portugal, Espanha e Itália.

Perante os mesmos desafios e com esquemas públicos de pensões similares, foi possível identificar várias semelhanças no processo de reforma. Este caracterizou-se pela adaptação das condições de elegibilidade e pelo corte na generosidade dos benefícios sociais através de medidas adaptativas ou de continuidade, segundo a terminologia adoptada em Bonoli & Palier (1998), que garantiram a manutenção das estruturas tradicionais dos sistemas. A excepção à natureza adaptativa das reformas implementadas ocorreu em Itália durante a preparação para a adesão à UEM, com a reforma estrutural de 1995 que introduziu um novo método de cálculo do valor das pensões de velhice baseado nas contribuições efectuadas. Não obstante as alterações significativas na fórmula de cálculo em Espanha e Portugal, o apuramento do valor das pensões de velhice manteve por base as remunerações obtidas.

Apesar da autonomia nacional na definição das políticas sociais, os critérios económicos impostos pelo Tratado de Maastricht e o novo contexto económico e financeiro resultante da criação da UEM influenciaram indirectamente a orientação do processo de reforma. O elevado peso da despesa pública em pensões (em percentagem do PIB) e as limitações financeiras resultantes dos critérios orçamentais impostos

contribuíram para a adopção de medidas de contenção de custos, de acordo com as dimensões de reforma identificadas em Pierson (2001), que resultaram no corte da generosidade dos benefícios sociais.

Por outro lado, face ao intenso processo de envelhecimento populacional verificado no Sul da Europa, e em particular em Itália, a adaptação das condições de elegibilidade foi uma realidade nas reformas implementadas em Portugal e Itália. Embora o processo de envelhecimento atinja igualmente a população espanhola, devido às condições de elegibilidade mais exigentes verificadas no início da década de 90 os parâmetros que determinam o acesso à pensão não sofreram alterações significativas.

O envelhecimento populacional afecta particularmente os sistemas de segurança social que adoptam como modelo de gestão financeira a repartição, no entanto estes países mantiveram inalterada a estrutura de financiamento e optaram por ajustar os esquemas de pensões de velhice à evolução da esperança média de vida e reforçar os incentivos ao prolongamento da carreira contributiva.

Assim, apesar da ausência de reformas estruturais com excepção de Itália em 1995, os esquemas públicos de pensões sofreram alterações significativas. Nos casos de Itália e Espanha as alterações mais significativas ocorrem durante a fase de preparação para adesão à UEM, enquanto que em Portugal as reformas de 2002 e 2007 tiveram um impacto determinante na evolução do esquema público de pensões.

No final deste período estes esquemas apresentavam condições de elegibilidade mais exigentes motivadas pelo intenso processo de envelhecimento populacional e métodos de cálculo da pensão menos generosos devido às medidas de contenção de custos implementadas durante o processo de consolidação orçamental.

Bibliografia

A. Artigos, Livros e Relatórios

Arcanjo, M. (2006), "Ideal (and Real) Types of Welfare State," Working Papers 2006/06, Department of Economics at the School of Economics and Management (ISEG), Technical University of Lisbon.

Arcanjo, M. (2011), “Regimes and reforms of welfare state: the classification of ten European countries in 1990 and 2006”, Social Policy and Society, 10 (2):139-150. Arcanjo, M. (2012), “Unemployment Insurance Reform – 1991-2006: A New Balance

between Rights and Obligations in France, Germany, Portugal and Spain”, Social Policy and Administration 46 (1): 1-20.

Aysan, M. (2009), “Welfare regimes for ageing populations: divergence or convergence?”, Department of Sociology, University of Western Ontario.

Bongaarts, J. (2004), “Population aging and the rising cost of public pensions”, Population and Development Review, 30(1): 1-23

Bonoli, G. (1997), “Classifying welfare: A two-dimension approach”, Journal of Social Policy 26(3): 351-72

Bonoli, G. (2003), “Two words of pension reform in western Europe”, Comparative Politics, 35 (4): 399-416.

Bonoli, G. & Palier, B. (1998), “Changing the politics of social programmes: innovative change in British and French welfare reforms”, Journal of European Social Policy, 8(4): 317-330

Buti, M., Franco, D. and Pench, L. (2000), “Reconciling the welfare state with sound public finances and high employment”, Brussels: European Commission.

Esping-Andersen, G. (1990), “The Three Worlds of Welfare Capitalism”. Oxford, Polity Press.

European Commission (2011), Demography Report 2010. Older more numerous and diverse Europeans, Luxembourg: Publications Office of the European Union.

Ferrera, M. (1996), “The Southern Model of Welfare in Social Policy”, Journal of European Social Policy, 6(1): 17-37.

Guillén, A. and Matsaganis, M. (2000), “Testing the “social dumping” hypothesis in southern Europe: welfare policies in Greece and Spain during the last 20 years”, Journal of European Social Policy, 10(2): 120-145.

Hering, M. (2006), The politics of structural pension reform in Western Europe: does the EU matter?, Paper presented at the fifteen International conference of the council for European studies, March 29 – April 2, 2006, Chicago.

Korpi, N. (2003), “Welfare state regress in Western Europe: politics, institutions, globalization and Europeanization”, Annual Review of Sociology, 29: 589-609 Mc Morrow, K. and Roeger, W. (2002), EU pension reform – An overview of the

debate and empirical assessment of the main policy reform options, European Commission Directorate-general for Economic and Financial affair, Economic Papers No. 162.

MISSOC (vários anos), “Social Protection in the Member States of the European

Union”, Luxemburg: European Commission.

(http://ec.europa.eu/social/main.jsp?langId=pt&catId=815)

Moreno, L. and Palier, B. (2004), The Europeanisation of Welfare Paradigm Shifts and Social Policy Reforms, Paper presented at ESPAnet Conference, Oxford, 9-11 September.

OECD (2011), “Trends in Retirement and in Working at Older Ages”, in Pensions at a Glance 2011: Retirement-income Systems in OECD and G20 Countries, OECD Publishing. (http://dx.doi.org/10.1787/pension_glance-2011-6-en)

Pierson, P. (1996), “The New Politics of Welfare State”, World Politics, 48 (2): 143- 179.

Pierson, P. (2001) “Coping with permanent austerity: Welfare State Restructing in Affluent Democracies” in P. Pierson (ed.), The New Politics of the Welfare State, Oxford, Oxford University Press, p.410-456.

Radaelli, C. M. (2000), ”Whither Europeanization? Concept Stretching and Substantive Change” European Integration online Papers (EIoP), 4 (8).

Scruggs, L. (2006), “The Generosity of Social Insurance, 1971-2002”, Oxford Review of Economic Policy, 22 (3): 349-364

United Nations (2008), “Regional Dimensions of the Ageing Population”, Department of Economic and Social Affairs, Population Division, New York.

United Nations (2011), “World Population Prospects: The 2010 Revision”, Department of Economic and Social Affairs, Population Division, New York.

Vail, M. I. (2004), The myth of the frozen welfare state and the dynamics of contemporary French and German social protection reform, French Politics, 2 (2): 151-183.

Vidlund, M. (2006), “Old-age pensions reforms in the EU-15 countries at a time of retrenchment”, Finish Centre for Pensions, Working Paper No 1.

B. Bases dados – Websites

Annual Macro Economic Database (AMECO) -

http://ec.europa.eu/economy_finance/db_indicators/ameco

EUROSTAT - http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/eurostat/home

Anexo I – Idade Média da População Mundial (anos) 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 África 19.2 18.5 17.7 17.5 17.6 18.6 19.7 Ásia 22.1 20.8 19.6 21.2 23.0 25.9 29.2 Europa 29.7 30.7 31.8 32.7 34.8 37.6 40.1 América Latina e Caraíbas 20.1 19.2 18.9 20.1 22.0 24.5 27.6 América do Norte 29.8 29.3 27.9 30.0 32.9 35.5 37.2 Oceânia 28.0 27.0 25.3 26.6 28.9 31.3 32.8

Fonte: United Nations (2011)

Documentos relacionados