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O presente trabalho teve por finalidade, analisar a expansão do estado islâmico na Síria.

Para um maior entendimento desta expansão, esta pesquisa procurou inicialmente apresentar os aspectos relevantes da Síria, na expressão política, econômica, psicossocial e militar.

Após a apresentação das principais características país, este trabalho analisou a formação do Estado Islâmico no Iraque e sua expansão para a Síria.

Conclui-se no desenvolvimento deste trabalho, e em alinhamento com o raciocínio de NAPOLEONI, que a formação do Estado Islâmico pode ser resumida em quatro fases, até se consolidar em território sírio e estabelecer o Califado.

A primeira fase, no Afeganistão, a partir da criação da organização Jama at al-Jawhid wa al Jihad (JTWJ), fundada por Zarqawi na Guerra do Afeganistão (2001) contra os americanos e seus aliados. Esta guerra marca o início da guerra contra o terrorismo, declarada pelo governo Bush, após os atentados de 11 de setembro. A violência das ações da organização JTWJ e sua eficiente divulgação contribuiu para uma aliança com a al-Qaeda.

A segunda fase ocorreu durante a Guerra do Iraque (2003-2011) com a criação

da organização al-Qaeda do Iraque (AQI). Esta organização jihadista,

eminentemente de origem sunita, iniciou suas ações contra a invasão americana e seus aliados, bem como contra ao governo local de origem xiita. Posteriormente, com o fortalecimento da organização e a morte de Zarqawi, passou a se chamar de Estado Islâmico do Iraque (EEI).

A terceira fase da formação do EI ocorre no início do conflito na Síria (a partir de 2012), onde, com apoio de outras nações de origem sunita, como o Catar, Kuwait e Arábia Saudita, se fortalece ainda mais e conquista extensa área territorial na Síria, incluindo as cidades de al-Raqqa e Aleppo.

A quarta fase, também em território sírio, ocorre com a unificação com a frente jihadista al-Nursa, e o rompimento definitivo com a al-Qaeda. Neste período, o nome Estado Islâmico torna-se definitivo, sendo conhecido por sua crueldade e métodos de tortura extremamente violentos contra grupos opositores, em sua grande maioria, de origem xiita.

Verifica-se que tanto as guerras no Afeganistão e no Iraque, bem como a Guerra Civil na Síria, provocaram um enfraquecimento dos líderes locais e um vácuo

do poder que contribuiu para a criação, expansão e fortalecimento do EI. Esta ascensão do grupo contribuiu para o estabelecimento do Califado pelo líder Baghdadi em 2014.

Pelo menos até o final da primeira metade de 2014, o EI obteve sucessivos êxitos militares na conquista de territórios tanto no Iraque, quanto na Síria, com destaque para Mosul e Raqqa, respectivamente.

A eficiente gestão de recursos, o uso da internet para divulgação de seus ideais e o forte apoio inicial de outros grupos extremistas sunitas, fizeram com que o EI

obtivesse o apoio de diversos jihadistas à sua causa e o aumento de sua influência

em diversas partes do mundo, principalmente em países da Europa Ocidental. Estima-se que cerca de 18 por cento dos estrangeiros do EI são originários da França ou da Inglaterra.

A partir da segunda metade de 2014, a presença ostensiva e efetiva de diversos atores no conflito na Síria, principalmente os Curdos, a Rússia, Irã, EUA e Turquia, tem contribuído desfavoravelmente para as ações do EI, contribuindo para que o governo de Bashar al-Assad reconquistasse boa parte de seu território. Os EUA e a Turquia indiretamente têm contribuído com as ações do governo sírio ao concentrar o apoio militar na oposição que se compromete a combater o EI.

A atuação destes atores externos fez com que o EI perdesse o controle e sua influência em várias regiões na Síria, incluindo importantes cidades, com al-Raqqa, que se encontra sob controle curdo e Aleppo sob o controle do governo sírio.

Porém, mesmo com a perda considerável do controle de território, o potencial de atuação do EI não pode ser desprezado. Conforme RAMOS, o grupo possui ainda um arsenal poderoso, em parte confiscado de outros grupos terroristas na Síria e em parte capturado de tropas iraquianas em fuga. O EI pode igualmente comprar armamento e equipamento, por intermédio dos recursos financeiros a sua disposição.

A maior vantagem dos jihadistas poderá ser, no entanto, a sua fluidez dos movimentos e não se comportarem como um exército regular. Há, sem sombra de dúvida, células adormecidas entre a população iraquiana, síria e, muito provavelmente, em alguns países europeus, capazes de lançar atentados terroristas. O combate ao EI está longe do fim, segundo FOTTORINO, o conflito sírio funciona como um buraco negro que aspira todas as forças regionais, dos jihadistas

europeus aos xiitas afegãos. Trata-se de uma situação “aroniana”9: na Síria, uma solução militar é improvável, e uma solução política impossível, não se sabe quem vai triunfar e, no entanto, essa resposta é a chave do futuro.

_______________________________________________ LEANDRO SANTOS DA COSTA – Cel Inf

9 Referência à fórmula com que o pensador francês Raymond Aron definiu, em 1948, a guerra fria: “paz impossível, guerra improvável”

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