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A conclusão desta investigação está organizada em torno das questões apresentadas como objectivos.

5.1.

Introdução

Conclui-se que a nova regulamentação europeia e legislação nacional contribuiu para a qualidade do reprocessamento dos instrumentos cirúrgicos reutilizáveis cedidos por empréstimo às unidades de saúde.

Existe unanimidade dos entrevistados em relação à mudança de comportamento do mercado e intervenientes do sector.

Como referido, a Directiva 2007/47/CE e a sua transposição para a ordem jurídica, Decreto-Lei Nº 145/2009, foi polémica ao alarmar e alertar os intervenientes (fornecedores, unidades de saúde, organismos de notificação e autoridade competente) para a necessidade de uma análise cuidada das práticas.

Os entrevistados apontam para algumas melhorias como:

 Informação fornecida pelos fabricantes referente aos folhetos dos produtos e manual de reprocessamento (Diário da República, 2009). No entanto, um dos entrevistados referiu o facto de ainda existir alguma dificuldade dos fabricantes em facultarem esta informação em português e, também, para a existência de

pequenas discrepâncias na tradução. Por isso, exige ao

fabricante/fornecedor/distribuidor a validação da tradução.

 Regra geral os instrumentos cirúrgicos são entregues em condições de assepsia. Mas, ainda, ocorrem situações de recepção de material sujo. A unidade de saúde, por experiência, tem confiança, por exemplo, nos fornecedores A e B e não tem no C e no D. O processo não pode ser esse, tem de haver segurança para todos pois a circulação de instrumentos cirúrgicos contaminados constitui um perigo para o transportador e para os colaboradores que os recepcionam e manuseiam. Assim como para a comunidade civil, pois a mesma viatura que transportou

matéria orgânica num conjunto de instrumentos cirúrgicos pode em seguida transportar massa ou arroz entre ou para locais diferentes.

Os obstáculos ou barreiras apontados são:

 Tema recente e complexo que é olhado com desconfiança;  Assimetria de informação;

 Desconhecimento de dados concretos sobre a prevenção e impacto de infecções;  Desconhecimento de dados concreto sobre infecções originada por

reprocessamento inadequado.

Os instrumentos cirúrgicos entregues descontaminados às unidades de saúde são novamente lavados, desinfectados, esterilizados e empacotados ou entregues aos blocos operatórios para armazenamento ou realização de intervenções cirúrgicas, cumprindo, deste modo, com as recomendações e boas práticas. Após utilização são lavados e desinfectados para devolução ao fabricante/fornecedor/distribuidor com certificado de descontaminação (Alberta, 2008) (PIDAC, 2010) (MAC, 2005).

Aparentemente existe desperdício de recursos e desgaste do material pelos sucessivos reprocessamentos aos instrumentos cirúrgicos. Por exemplo, para uma intervenção cirúrgica o sistema de instrumentos cirúrgicos é reprocessado pelo menos duas vezes: expedição/recepção fornecedor – unidade de saúde. Mas este desperdício é necessário para assegurar a utilização, manuseamento e transporte seguros dos instrumentos. A quebra de ciclo de reprocessamento devido à saída para o exterior das instalações da unidade de saúde e a inspecção por parte do fornecedor, obrigam a novo reprocessamento (MAC, 2005) (Neves, J., 2012). A possibilidade de aproveitamento de sinergias entre os intervenientes poderia ser uma realidade que requere um grande e maior envolvimento entre os intervenientes no ciclo de vida e de reprocessamento dos instrumentos.

Outro aspecto a salientar nesta investigação é o significado do termo reprocessamento que é confundido com o de (re)esterilização. Talvez, seja porque a descontaminação, nas unidades de saúde hospitalares, é realizada na Central de Esterilização ou no Serviço Central de Esterilização (Guedes, J., 2012) que a definição de reprocessamento

seja comumente interpretada como re-esterilização, conforme recente alerta do Professor Doutor João Queiroz e Melo (Lusa, 2012a).

Os resultados desta investigação vão ao encontro do relatório To Err is Human: Building a Safer Health System, que remete a origem dos erros médicos para as falhas do sistema, nas organizações de saúde, e salienta a necessidade de um novo sistema organizacional, mais eficaz e eficiente.

Este estudo salienta a necessidade do envolvimento de todos os intervenientes: Fabricantes, Distribuidores, Transportadores e Utilizadores, para que sejam prestados ao paciente cuidados seguros de saúde, sem colocar em risco a saúde pública, em conformidade com o Governo (autoridades competentes) e com uma gestão eficiente de custos associados.

5.2.

Contributos

Salientamos a relevância do tema e da problemática associada ao processo de reprocessamento de instrumentos cirúrgicos cedidos por empréstimo.

O levantamento bibliográfico permite de uma forma didáctica e científica apresentar o tema e informar os leitores.

O estudo de caso demonstra a necessidade de reacção perante o desvio entre a prática e as recomendações, boas práticas e normas.

As entrevistas individuais sustentam a problemática do tema e dão resposta aos objectivos propostos para esta investigação.

5.3.

Limitações Metadológicas

Por conseguinte, uma limitação ao estudo é o próprio tema. Um tema recente, complexo e passível de interpretações díspares consequente de normas escassas de objectividade que conduzem a práticas múltiplas.

A dificuldade inicial na aceitação, por parte de outras organizações convidadas, em colaborarem na realização das entrevistas pode evidenciar o desconforto perante o tema e, talvez, algum desconhecimento do próprio tema. Esta dificuldade levou ao abandono da primeira metodologia e abordagem pensada para esta dissertação.

A impossibilidade de entrevistar instituições de relevo para este tema, como o INFARMED e a APORMED também evidencia o desconforto geral em abordar o tema de uma forma científica. A participação destas instituições é importante para conheceremos e percebermos a perspectiva e posição da AC e da associação que representa as empresas do sector de DM, em Portugal.

5.4.

Recomendações para futuras investigações

O presente estudo pode contribuir para o desenvolvimento de trabalhos futuros na área da gestão e na área da saúde.

Deixamos como sugestões, a divulgação dos resultados obtidos como o intuito de fomentar a aprendizagem e a necessidade de melhoria contínua do ciclo de vida de pós- comercialização.

Por fim, espera-se que esta dissertação atenda os interesses do leitor e que contribua para futuros trabalhos de investigação por ser um tema de extrema relevância e que as lacunas que aqui ficaram, quanto à temática, sejam preenchidas em investigações futuras.

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