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Cada modalidade de equipamento possui um universo de informações técnicas, literatura e conceitos que embasem seu estudo. Nesta dissertação foi escolhido não aprofundar os estudos em cada tipo de equipamento, mas fornecer informações gerais a seu respeito, encontradas na rotina de trabalho da vigilância sanitária municipal de Campinas. Caso estudos semelhantes a este sejam implementados na rotina das VISAs em Campinas, se tornarão possíveis avaliações completas focando cada tipo de equipamento e considerando seus riscos à saúde dos pacientes.

As dificuldades relacionadas à coleta das informações apontam a necessidade de haver melhorias no sistema do SIVISA e treinamento dos envolvidos, sejam técnicos das VISAs ou responsáveis pelos estabelecimentos. Em se tratando dos relatórios de testes de constância, é importante que as empresas responsáveis pela realização dos testes de constância apresentassem as informações dos seus relatórios, padronizadas. Para isso seria importante ações conjuntas entre a VISA e as empresas responsáveis pela realização do testes. Ainda, seria interessante que nos relatórios dos equipamentos constasse a situação do seu registro na Anvisa para melhoria do controle sanitário da atividade.

Em termos de estabelecimentos, há vantagem para população atendida exclusivamente pelo SUS no que diz respeito localização de estabelecimentos de assistência à saúde público/conveniados, que se encontram ligeiramente melhor distribuídos pela cidade de Campinas. Estabelecimentos privados, mesmo que em maior quantidade, se encontram na maioria em regiões com renda per capita maiores da cidade.

Em se tratando do parque de equipamentos total de cidade de Campinas, tem-se uma cobertura de equipamentos alta, ao se comparar com outras regiões do País ou até mesmo com outros países da América do Sul. Mesmo assim, ao comparar com cobertura de Países com sistema de saúde semelhantes, tais como França e Espanha vê-se que há como melhorar os

índices encontrados na cidade. A cobertura total de equipamentos para a população de Campinas está de acordo com o exigido pelo Ministério da Saúde.

Porém, a cobertura de equipamentos destinados a usuários exclusivos do SUS é aproximadamente sete vezes menor que à dos equipamentos destinados a população assistida por planos de saúde. Para o SUS a cobertura de equipamentos de raios X médicos está adequada; a dos raios X para mamógrafo está no limite inferior sendo que caso algum tenha seu funcionamento interrompido a oferta mínima estará comprometida; a dos raios X para tomografia computadorizada está abaixo do mínimo estipulado pelo ministério da saúde.

Ainda, considerando o fato de haver serviços privados com convênio firmado com o SUS para suprir sua demanda de exames por imagens e o grau de tecnologia dos equipamentos relativamente defasados, principalmente no setor privado, reforça-se a necessidade de criação em nível nacional de métodos sistemáticos que orientam questões relacionadas a aquisição de novos equipamentos em serviços públicos e privados.

Relacionado aos testes de constância, a ausência da realização de todos os testes, exigidos em legislação, impede saber na realidade a porcentagem de equipamentos funcionando com padrões mínimos de qualidade. O caso encontrado neste estudo dos quatro relatórios de testes de constância de equipamentos diferentes, dois fixos e dois móveis, que apresentavam valores de doses idênticos, o que é altamente improvável, está sendo investigado. Caso venha a ser comprovado que os relatórios foram redigidos sem realização dos testes, a atitude pode ser caracterizada como crime.

O fato de haver baixa porcentagem de irregularidades associadas aos parâmetros técnicos dos equipamentos de Campinas, comparativamente com outros estudos comprova que a implementação da portaria n. 45323 resultou em melhoria das condições de funcionamento dos equipamentos e disseminação

da filosofia da proteção radiológica. Em termos de saúde pública isso reflete em melhores exames e condições de segurança para os pacientes.

Relacionado às doses fornecidas para os pacientes, para as diversas modalidades de equipamentos, a grande maioria está abaixo dos níveis de referência estipulados em legislação nacional. Isso não quer dizer que o princípio da otimização é seguido. É necessário que os estabelecimentos implementem em sua rotina processos de otimização e que tenham mais estudos na área. Particularmente, considero que seria relevante ser exigido em legislação a realização de um testes de constância referente à otimização da imagem.

Ainda, algumas doses encontradas superam níveis de referência mais restritos, adotados por instituições internacionais de física médica, como é o caso da AAPM50. Dessa forma, entende-se que se em outros países é possível haver níveis de referência que pressuponham menores doses fornecidas aos pacientes, é possível diminuir ainda mais os níveis de referência nacionais e consequentemente a dose absorvida pelos pacientes.

É importante ressaltar que os níveis de referência não devem ser entendidos como um limite de aceitabilidade, sendo que equipamentos que forneçam doses maiores que o nível de referência sejam considerados obrigatoriamente como inadequados.

Além disso, a maioria dos exames realizados em estabelecimentos público/conveniados apresentavam menor dose fornecida para os pacientes do que os privados. Para determinar os motivos deste resultado, se faz necessário um estudo mais aprofundado, inclusive entrevistando os profissionais dos estabelecimentos.

O uso da ferramenta desenvolvida mostrou-se satisfatório para a organização dos dados avaliados nesta pesquisa. Mesmo assim, seu uso apresentou algumas dificuldades, decorrentes principalmente da falta de padronização dos dados extraídos do SIVISA e relatórios de testes de

constância. A divulgação gratuita da ferramenta desenvolvida para esta pesquisa tem a intenção de facilitar com que outras instituições, principalmente serviços de vigilância sanitária, realizem estudos como este. Além disso, para aprimorar o processo de gestão de informações, seria necessária o desenvolvimento de algum tipo de ferramenta como esta que trabalhasse em um ambiente virtual, coletando e juntando informações de diversas cidades e regiões.

Como o campo do radiodiagnóstico médico é amplo, há muitas questões não exploradas nesta pesquisa, sejam elas de caráter técnico associados aos equipamentos ou questões relacionadas a processos de trabalho. Espera-se que os resultados alcançados nesta pesquisa deem base para implementação de novas práticas de trabalho na rotina de serviços de vigilância sanitária, principalmente na de Campinas. Como exemplo vê-se pelo pesquisador a possibilidade de realizar estudos futuros associados à caracterização das tecnologias existentes de revelação de imagens, sejam tecnologia Chassi-filme, CR ou DR, estudos mais aprofundados associados à quantidade de exames e dose para pacientes submetidos a procedimentos intervencionistas, e estudos associados a questões de proteção radiológica para pacientes pediátricos.

Espera-se que com os resultados desta pesquisa e a divulgação da ferramenta, outras instituições motivem-se a realizar estudos semelhantes e com isso aumente o universo de informações existentes.

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