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E EMPRESAS DE ENCADERNAÇÃO PORTUENSES

F. Conclusão final

Através destas entrevistas foi possível perceber, ainda que através de uma pequena amostra, a existência de perspectivas bastante distintas relativamente à visão e postura dos vários encadernadores/empresas Portuenses sobre o ofício. A maior parte das entidades referiu a existência de dificuldades financeiras, tratando-se apenas de negócios

auto-sustentáveis, apresentando diferentes formas de lutar contra essas mesmas dificuldades, que consistem na manutenção dos seus serviços ou na contínua luta por marcar a diferença e ser disruptivo. O ofício da encadernação manual está estagnado, quer por as oficinas estarem demasiado presas às técnicas tradicionais ou pela carência de apoios para a formação técnica.

Desde a encadernação mais tradicional para a mais disruptiva, percebemos que as entidades que executam mais projectos hoje em dia possuem um papel mais activo nos esforços para a mudança do futuro da valorização do ofício. Como foi possível verificar pelas entrevistas à In-Libris (Paulo Ferreira) e à Manuel Ferreira e Silva (Cristina Inácio e António Teixeira), é através da percepção dos materiais, do reconhecimento de outras áreas criativas, da valorização da adequação da encadernação e da qualidade levada ao extremo, que é possível explorar outra forma de se executar a encadernação, cuja finalidade não é apenas proteger o livro, mas conferir-lhe valor estético justificado, isto é, que a própria encadernação conte a mesma história que o livro em si.

Existe hoje em dia bastante procura pelo ofício, não tanto pela formação, mas pelo serviço, o que leva a crer aos encadernadores que, no futuro, venha a existir um problema de resposta, uma vez que existem cada vez menos oficinas e empresas com actividade aberta.

Apesar das dificuldades, foi unânime a resposta à pergunta sobre a possível extinção do ofício. Por mais que as máquinas consigam tornar o processo de encadernar mais rápido e em maior quantidade, cada livro é diferente e a máquina não consegue ainda lidar com a complexidade dessas diferenças. Para além de que, existem bastantes materiais que são impossíveis de trabalhar por processos industriais.

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objecto de investigação

3. OBJECTO DE INVESTIGAÇÃO

No presente capítulo, é apresentado o processo de desenvolvimento do projecto prático. Numa fase inicial do trabalho, procedeu-se à reflexão e análise dos conteúdos textuais recolhidos, referentes à segunda parte

da investigação, nomeadamente aos questionários e entrevistas.

Esta análise teve como objectivo a interpretação dos dados e respectivas conclusões, para de seguida ser iniciada a conceptualização do artefacto gráfico. Foi seleccionada a informação chave, de modo a definir aquilo que o objecto gráfico irá transmitir ao utilizador.

São apresentadas no interior do projecto editorial duas perspectivas diferentes sobre a encadernação: a perspectiva

do consumidor — que permite compreender o que o público valoriza na compra de um livro e se a encadernação é um factor a ter

em conta no processo — e a perspectiva do encadernador — que permite compreender a forma como é praticado o ofício e de que forma

os encadernadores actuam para a valorização do mesmo.

Assim, o projecto editorial tem como objectivo principal a adequação da encadernação ao conteúdo do livro, valorizando o carácter

íntimo da forma como foi recolhida e tratada a informação

e a sua contemporaneidade ao nível do conteúdo e da forma como os encadernadores trabalham para responder às necessidades de mercado.

O grande desafio consistiu em desenvolver um artefacto capaz de consolidar toda a riqueza do conteúdo com as capacidades de Design Gráfico e planeamento da Encadernação, sem que a informação

se tornasse confusa devido à sua complexidade e destacando os aspectos mais relevantes e que permitiram retirar conclusões sobre a investigação em questão.

As características gráficas que definem o artefacto surgiram como resposta aos objectivos anteriormente enunciados. Foi considerado importante recorrer à simplicidade de representação dos conteúdos devido à extensão da informação, transportando ao mesmo tempo o leitor para o interior do processo de investigação, caracterizado pela sua intimidade, uma vez que estão representados testemunhos indiretos e diretos sobre a encadernação.

De acordo com o conceito, são apresentadas no presente relatório as opções gráficas justificadas, partindo do interior do livro para

o exterior.

O formato definido foi o B5 (17,6x25 cm) pois facilita o manuseamento e transporte do livro. O facto de ser um formato bastante familiar para a maioria dos leitores, torna possível criar uma relação mais íntima com o objecto.

Relativamente à grelha, as páginas possuem seis colunas e três linhas com o objectivo de criar equilíbrio e flexibilidade, estruturando diferentes tipos de elementos gráficos de forma coesa e consistente ao longo de toda a publicação. As margens definidas possuem dimensões bastante elevadas de forma a criar conforto no manuseamento

do artefacto, profundidade e bom equilíbrio do espaço branco com os elementos gráficos.

Devido à complexidade e extensão da informação, pretendeu-se utilizar no corpo de texto uma família tipográfica que fosse bem legível

objecto de investigação

e sem muitos contrastes de caracter para caracter. Assim a fonte

utilizada no corpo de texto foi a Fairplex Wide (2002), criada pela Emigre por Zuzana Licko. Foram utilizados três pesos da fonte: book, medium e bold, respectivamente para texto e para destacar aspectos importantes dentro do mesmo. Foi ainda escolhida uma segunda fonte para

ser utilizada em títulos e subtítulos, a Rongel (2004), criada pela

Feliciano Type Foundry por Mário Feliciano. Apesar de ser uma boa fonte para texto, funciona bastante bem em títulos pois acrescenta bastante personalidade quando usada num tamanho maior.

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