Pelo descrito acima, é possível identificar alguns fatores capazes de explicar o desempenho de médio prazo das ofertas públicas no Brasil em seu período mais recente. Boa parte das variáveis são proxies de incerteza ex ante, reportando-se ao tema da influência da variância de expectativas no preço inicial e de médio prazo das ofertas. Outras variáveis se referem a questões como custo de agência ou o poder preditivo dos riscos a serem enfrentados pela empresa pelos riscos divulgados no prospecto, com resultados potencialmente promissores.
Através das conclusões deste estudo pode-se inferir que, no momento de decidir por uma ação para comprar ao final do primeiro dia de negociação para investimento de médio prazo, o investidor deve procurar sobretudo empresas com menos incerteza associada ao seu preço, ou seja, empresas que realizaram ofertas em grande volume, com um percentual significativo do capital total, muitos anos de operação anteriores à oferta e com a oferta conduzida por instituições líderes de mercado. Empresas do setor de construção e transporte e consumo não-cíclico parecem apresentar um melhor desempenho do que as demais, enquanto as dos setores de serviços financeiros e outros parecem apresentar um desempenho inferior. Empresas com explicações muito breves no prospecto sobre os riscos a serem enfrentados devem ser evitadas, bem como empresas com um retorno inicial muito elevado.
Este trabalho não possui a pretensão de ser uma referência sobre o desempenho de médio prazo do novo grande fluxo de ofertas públicas iniciais no Brasil, até pela pequena amostra presente até o momento de sua realização. Pretende antes levantar questões a serem respondidas no contexto do mercado brasileiro quando mais
informações estiverem disponíveis com a evolução deste mercado, e sugerir algumas respostas, que parecem razoáveis à luz da teoria e dos dados atualmente disponíveis.
Para prosseguimento deste estudo, seria interessante sua repetição dentro de 1 ou 2 anos, com uma maior amostra, tendo em vista aumentar a certeza estatística dos resultados obtidos. Poder-se-ia ainda tentar verificar se as ações pertencentes a esta nova onda de emissões apresentam de fato ou não underperformance quando comparada a ações semelhantes, conforme já foi documentado em estudos estrangeiros e anteriores no Brasil. Por fim, pode-se investigar de forma mais aprofundada as questões do percentual do capital ofertado que se mostrou contrário às expectativas que se teriam com base na teoria analisada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aggarwal, R., and L. Klapper, and D. Wysocky, 2005. “Portfolio Preferences of Foreign Institutional Investors,” Journal of Banking and Finance 29, 2919-2946
Aggarwal, R., and N. R. Prabhala, and M. Puri, 2002. “Institutional Allocation In Initial Public Offerings: Empirical Evidence,” Journal of Finance 57, 1421-1422
Aggarwal, R., and R. Leal, and L. Hernandez, 1993. "The Aftermarket Performance of Initial Public Offerings in Latin America," Financial Management 22, 42-53
Arnold, T., R. P. H. Fishe, and D. North, 2006, “The Effects of Risk Factor Disclosure on the Pricing of IPOs and Long Run Returns,” Working Paper, University of Richmond
Beatty, R. P., and J. R. Ritter, 1986, “Investment Banking, Reputation and Underpricing
of Initial Public Offerings,” Journal of Financial Economics 15, 213-32
Bravo, A., 2000, “Inference in Long-Horizon Event Studies: A Bayesian Approach with Application to Initial Public Offerings,”, Journal of Finance 55, 1979-2016
Carter, R. B., Dark, F. H., and Singh, A. K., 1998, “Underwriter Reputation, Initial Returns, and the Long-Run Performance of IPO Stocks,” Journal of Finance 53, 285-311
Carter, R., Manaster, S., 1990, “Initial Public Offerings and Underwriter Reputation,”
Fama, E., and E. French, 1993, “Common Risk Factors in the Returns of Stocks and Bonds,” Journal of Financial Economics 33, 3-55
Fernando, C. S., Krishnamurthy, S., and Spindt, P. A., 1999, “Offer Price, Target Ownership Structure and IPO Performance,” Working Paper, University of Pennsylvania
Field, L. C., 1997, “Is Institutional Investment in Initial Public Offerings Related to the Long-Run Performances of These Firms?,” Working paper, Penn State University
Gompers, P. A., and Lerner, J., 2003, “The Really Long-Run Performance of Initial Public Offerings: The Pre-NASDAQ Evidence,” Journal of Finance 58, 1355-1392
Ibbotson, R. G., 1975, “Price Performance of Common Stock New Issues,” Journal of Financial Economics 2, 235-272
Jain, B. A., and Kini, O., 1994, “The Post-Issue Operating Performance of IPO Firms,”
Journal of Finance 49, 1699-1726
Khurshed, A., R. Mudambi, and M. Goergen, 1999, “On the Long-Run Performance of IPOs”, Working paper, Case Western Reserve University
Ibbotson, R., J. Sindelar, and J. Ritter, 1988, “Initial Public Offerings,” Journal of Applied Corporate Finance 1, 37-45
Krigman, L., W. H. Shaw, and K. L. Womack, 1999, “The Persistence of IPO Mispricing, and the Predictive Power of Flipping,” Journal of Finance 54, 1015-44
Leal, R. P. C., 2004, “Using Accounting Information in Prospectuses to Invest in Brazilian IPOs During High Inflation Years,” Latin America Business Review 5, 65-90
Ljungqvist, A., V. K. Nanda, and R. Singh, 2006. “Hot Markets, Investor Sentiment, and IPO Pricing,” Journal of Business 79, 1667-1702
Loughran, T., and Ritter, J. R., 1995, “The New Issues Puzzle,” Journal of Finance 50, 23-51
Loughran, T., and Ritter, J. R., 2002, “Why Don't Issuers Get Upset about Leaving Money on the Table in IPOs?,” The Review of Financial Studies 15, 413-443
Lyon, J. D., B. M. Barber, and C. Tsai, 1999, “Improved Methods for Tests of Long-Run Abnormal Stock Returns,” Journal of Finance 54, 165-201
Michaely, R., and W. H. Shaw, 1994, “The Pricing of Initial Public Offerings: Tests of Adverse-Selection and Signaling Theories,” The Review of Financial Studies 7, 279-319
Miller, E. M., 1977, “Risk, uncertainty, and divergence of opinion,” Journal of Finance
32, 1151-1168
Miller, E. M., 2000, “Long Run Underperformance of Initial Public Offerings: An Explanation,” Working paper, University of New Orleans
Rajan, R., and H. Servaes, 1997, “Analyst following of Initial Public Offerings,”
Journal of Finance 52, 507-529
Ritter, J., 1984, “The ‘Hot Issue’ Market of 1980,” Journal of Business 57, 215-40
_____, 1991, “The Long-Run Performance of Initial Public Offerings,” Journal of Finance 46,3-27
_____, 2003, “Differences between European and American IPO Markets,” European
Ritter, J., and Welch, I., 2002, “A Review of IPO Activity, Pricing and Allocations,”
Journal of Finance 57, 1795-1828
Rock, K., 1986, “Why new issues are underpriced,” Journal of Financial Economics, Vol. 15, N. 1-2 , 187-212
Schultz, P., 2003, “Pseudo Market Timing and the Long-Run Underperformance of IPOs,” Journal of Finance 58, 483-517
Stern, R. L., and P. Bornstein, 1985, “Why new issues are lousy investments,” Forbes