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A governança corporativa surge como uma reação às práticas não eqüitativas, ao desrespeito aos acionistas minoritários e ao próprio poder de controle. Os investidores adquirem consciência de sua força e passam a exigir um mínimo de ética no funcionamento das companhias. As idéias do movimento originado na Inglaterra e nos Estados Unidos difundem-se pelo mundo, procurando adequar-se às peculiaridades das diversas legislações e, sobretudo, à estrutura de cada mercado. No Brasil, a governança corporativa teve sua semente lançada com a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, a qual se seguiram outras iniciativas de indiscutível relevância. Especial destaque para a lei nº 10.303 de 2001 que, ao promover a reforma da lei das sociedades por ações, inseriu no ordenamento jurídico brasileiro importantes inovações no que concerne aos direitos dos minoritários. Pertinente também é a discussão sobre a eficácia da intervenção estatal no mercado de valores mobiliários, sobretudo através da atuação da CVM e do BNDES.

O que se conclui com o presente trabalho é que a simples promulgação de leis não é suficiente para proporcionar o adequado funcionamento do mercado de capitais. A auto- regulação igualmente não atingiu a excelência desejada, conforme se verifica diante de escândalos ocorridos no mercado norte-americano, onde se destacam os casos da Enron e da Worldcom e, talvez, possa-se verificar, também, com a recente crise financeira internacional. No entanto, ainda que a lei não tenha o condão, de por si só, implementar todas as condições necessárias para o perfeito desenvolvimento do mercado de capitais, nem por isso deve ser desconsiderada a significativa contribuição que a disciplina legal conferiu.

De qualquer modo, vigendo ou não preceitos do direito positivo, há que se reconhecer a força dos códigos de governança corporativa. Destituídos de caráter cogente, a inobservância de suas regras não implica, num primeiro momento, a imposição de sanção às companhias. Entretanto, a inexistência de sanção de direito não impediu a ocorrência de sanções de fato, aplicadas pelos investidores, e em última instância, pelo próprio mercado. Assim é que este estudo demonstra a importância da governança corporativa para a alavancagem das companhias, sugerindo que a adoção de suas práticas cria expectativas no

mercado, muitas vezes mais decisivas para a evolução da companhia do que qualquer dispositivo legal.

Ao absorver os princípios como eqüidade, transparência, prestação de contas a governança corporativa contribui para a formação de uma sociedade mais justa, transparente e responsável.

A implantação de boas práticas de governança evita a evasão de recursos, aumenta a qualidade e integridade dos relatórios financeiros, amplia o fluxo de informações, estabelece uma estrutura e um sistema de controle eficazes no desenvolvimento da companhia, instituindo um ambiente positivo e confiável nas corporações e, conseqüentemente, conquistando a confiança dos investidores.

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