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Ano após ano, a indústria da construção civil vem buscando melhorar o seu equilíbrio junto do meio ambiente, tanto na redução da sua geração de resíduos, quanto na busca por materiais menos agressivos e poluentes para o planeta. O cimento é um dos materiais mais consumidos no mundo inteiro, sua produção demanda uma grande quantidade de energia elétrica, além de emitir à atmosfera valores expressivos de CO2. Desta forma, os Materiais Cimentícios Suplementares (MCS) vêm ganhando força nos últimos anos, por serem muitas das vezes subprodutos de outros materiais e possuírem propriedades apreciáveis.

Pensando nisso, este trabalho visou investigar as propriedades cimentícias de duas cinzas de casca de arroz (subproduto do beneficiamento do cereal) e fração de argamassa do concreto. A intenção da comparação das duas CCA utilizadas A e B respectivamente foi de averiguar sua influência no estado fresco e endurecido do concreto.

A escolha da amostra A se baseou pela disponibilidade do material. O engenho onde coletou-se a amostra é representativo com a grande maioria dos outros engenhos beneficiadores do grão, portanto existe grande quantidade deste subproduto no mercado. Em contrapartida, o método de queima não controlado faz com que a cinza não tenha um padrão de queima e consequentemente uma oscilação das suas características.

A amostra B, por ser proveniente de uma usina termoelétrica geradora de energia, possui maior grau de confiabilidade quanto ao método de queima da casca, consequentemente menor variação das propriedades da cinza, por conta do processo rotineiro e cíclico de sua produção. Em contrapartida, existem poucas usinas termo geradoras a base de casca de arroz, sendo assim sua disponibilidade é comprometida.

Através do estudo realizado, foi identificada a eficiência do material e sua atividade pozolânica para ambas as cinzas. Contudo, a CCA B apresentou melhores resultados à compressão do que a CCA A.

No estado fresco, foi identificado que a CCA A consumiu menor quantidade de aditivo para atingir a consistência desejada, em relação à CCA B.

Os resultados obtidos no ensaio de compressão apontam que a substituição em 10% foram os traços que obtiveram maior resistência, tanto da amostra A quanto da amostra B. A cura de 23°C, os traços de substituição de 10% mostraram-se melhores em relação ao traço piloto, porém na cura 38ºC apenas a amostra B foi melhor que o traço referência.

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Desta forma, pode-se concluir que o objetivo desta pesquisa foi alcançado, ambas as cinzas testadas apresentaram resultados satisfatórios e se mostram viáveis para o uso como substituição na proporção de 10%. Para as demais substituições é necessário estudos mais detalhados a respeito das amostras coletadas.

As cinzas que foram testadas neste trabalho não receberam nenhum tipo de beneficiamento para a aplicação nos ensaios, abrindo assim margem para uma otimização do material em busca de melhores resultados. Sugere-se aqui uma moagem das CCA em moinhos de bola e repetição dos ensaios realizados. Sugere-se também a repetição dos ensaios com outros tipos de aditivos, afim de melhorar a compatibilidade dos materiais. Alvitre a realização de novos ensaios, fixando a consistência padrão, variando a quantidade de água de cada traço, afim de analisar o comportamento do material.

Por fim conclui-se que o uso da cinza de casca de arroz como MCS é algo positivo, tanto nos seus resultados como insumo para construção civil, quanto por sua contribuição à redução da poluição, uma vez que este material, quando não utilizado, pode ser destinado em aterros clandestinos, causando danos ao meio ambiente.

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