• Nenhum resultado encontrado

A reflexão proposta aqui cingiu-se a um fenómeno recente que se concretizou sobretudo a partir do ano 2000 em Portugal e que se apelidou da emigração do Leste. Ao centrar-nos nos investigadores do leste instalados em Portugal quisemos mostrar de forma empírica:

- como o estudo das migrações é importante e como este cruzado com estudos em ciência e tecnologia permite ter uma visão ampla dos recursos humanos em C&T sendo este conhecimento pertinente hoje para o desenvolvimento de qualquer estado.

- como um estado pode alterar os papéis desempenhados nos processos de emigração. A possibilidade de papéis diferentes mas simultâneos dos países nos fenómenos das migrações é reconhecida na literatura (Papademetriou et al., 2006). Com este trabalho exploratório, quisemos sublinhar um papel de país de acolhimento desempenhado por Portugal. É importante ter em conta para influenciar práticas mais flexíveis nas políticas de emigração e cruzá-las com desígnios de desenvolvimento científico e universitário nacional

Em termos de pesquisa, observamos que por um lado faltam dados acerca dos investigadores do leste em Portugal como faltam dados acerca dos investigadores

estrangeiros em Portugal. Ora, este é elemento importante pois permitiria melhor perceber os mecanismos de atracção e integração e poderia resultar em recomendações políticas nos modelos de governança de recursos humanos em C&T.

Ao contactarmos mais directamente com investigadores do leste europeu instalados em centros de investigação portugueses, constatámos a sua plena integração na comunidade científica não só portuguesa como internacional. Além disso, demos conta de que os cientistas da Europa de Leste mantêm, na maior parte dos casos, relações estreitas e regulares com o meio académico do país de origem. Estes investigadores, sendo alguns seniores, constituem já nalguns casos pontos nodais em redes transnacionais de

transferência de conhecimento.

Finalmente, voltando à questão conceptual que aqui foi base da nossa reflexão, a saber o quanto seria útil usar termos como imigração e mobilidade, podemos reiterar as conclusões de Wagner (2009) que diz não haver um único tipo de mobilidade mas diversos tipos. Pelo contrário, pensamos que poderíamos aqui abrir a agenda de investigação para melhor explorar as condições dos cientistas imigrantes em Portugal, as suas trajectórias,

vimos os contextos alteram-se e pode rapidamente emergir uma tendência de nova mobilidade ou retorno da parte destes cientistas.

Referências Bibliograficas

Ackers, L. (2005) Promoting scientific mobility and balanced growth, ERA, Innovation 18 (3): pp.301-315.

Baganha, M.I e Marques, J.C. (2001), Imigração e política. O caso português. Lisboa. Baganha, M. I., Marques, J. C. e Góis, P. (2003), The unforeseen wave: migration from Eastern Europe to Portugal, in Maria Ioannis Baganha e Maria Lucinda Fonseca (eds.), New Waves: Migration from Eastern to Southern Europe, Lisboa: Luso American Foundation, pp. 23-40.

Baganha, M. I., Marques, J. C. e Góis, P. (2004a), Imigrantes de Leste em Portugal, Revista de Estudos Demográficos, 38, pp. 31-45.

Baganha, M. I., Marques, J. C. e Góis, P. (2004b), Novas Migrações, Novos Desafios: a Imigração do Leste Europeu, Revista Crítica de Ciências Sociais, 69, pp. 95-115.

Baganha, M. I., et al. (2004c), «Institutional Actors (Portugal).» Relatório para o projecto «The Political Economy of Migration in an Integrating Europe», Coimbra, Lisboa

Baganha, M. I., Marques, J. C., e Góis, P. (2010). Imigração ucraniana em Portugal e no sul da Europa: A emergência de uma ou de várias comunidades? Lisboa: Pros.

Beine, M., Docquier, F., Rapoport, H. (2001), Brain drain and economic growth: theory and evidence, Journal of Development Economics,Vol. 64 (2001), pp. 275–289

Bento, S., Araújo, E. & Oliveira, A. (2012), A mobilidade de investigadores: um olhar sobre a biomedicina. Revista de Sociologia, APS Online (no prelo).

Berry, R.A e Soligo, R. (1969), Some welfare aspects of international migration, Journal of Political Economy, 71, pp. 778-794.

Bhagwati, J.N e Hamada, K. (1974), The Brain Drain, International Integration of Marcets for Professionals and Unemployment: A Theorical Analysis, Jornal of Development Economics, 1(1), pp. 19-42.

Bommes, M., e Kolb, H. (2005), Immigration as a labour market strategy

– Germany. in Jan Niessen e Yongmi Schibel (Eds.), Immigration as a labour market strategy – European and North American Perspectives, Brussels, Migration Policy Group[http://www.migpolgroup.com/multiattachments/2553/DocumentName/Germany ImmigrationLabourMarketStrategyBommesKolb.pdf].

Bourdieu, P.(1998) Practical Reason: On the Theory of Action, Stanford: University Press. Bozeman, B., Rogers. J., Roessner. D., Klein H. e Park. J., (1998) The R&D value mapping project: Final Report. Report to the Department of Energy, Office of Basic Energy

Sciences. Georgia Institue of Technology: Atlanta, GA

Brandi, M.C. (2004) La Storia del Brain drain. Studi Emigrazione, v. 31 , n. 156., pp.34-67 Delicado, A.(2010) Going abroad to do science. Science Studies nº 2 pp.36-59. Disponível em https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=gmail&attid=0.1&. Acesso em: 23 de Setembro de 2012.

Dietz, J., Chompalov. I., Bozeman. B., O‘Neil Lane E. e Park. J., (2000) Using curriculum vita to study the career paths of scientists and engineers: an exploratory assessment. Scientometrics. Vol.49, No.3. pp.419-442

Flick, U.(2005) Métodos quantitativos na investigação científica., Lisboa, Monitor Gaughan, M. e Bozeman, B., (2002) Using curriculum vitae to compare some impacts of NSF research grants with research center funding. Research Evaluation. Vol.11, No.1, Abril, pp.17-26.

Gibbons, M., at. el. (1997), The New Production of Knowledge: The Dynamics of Science and Research in Contemporary Societies, Londres, Sage.

Godinho, M.M. (1999) Os Recursos Humanos em Ciência e Tecnologia: Evidência de uma Fragilidade Estrutural, Sociedade e Trabalho nº7. Lisboa, Departamento de Estudos, Prospectiva e Planeamento.

Góis, P. e Marques, J. C. (2007), Estudo Prospectivo sobre Imigrantes Qualificados em Portugal, Lisboa: Observatório da Imigração - Alto Comissariado para a

Imigração e Diálogo Intercultural.

Jalowiecki, B., e Gorzelak. G. J (2004), Brain drain, brain gain, and mobility: Theories and prospective methods, Higher Education in Europe, XXIX (3), pp. 8-30.

Johnson, J e Regets, M. (1998). International mobility of scientists and engineers to the US — brain drain or brain circulation?. National Science Foundation, NSF 98-316, June. Kolb, H. (2002), Einwanderung und Einwanderungspolitik am Beispiel der deutschen «Green Card», Osnabrück, Der Andere Verlag.02, p. 73

.Lucas, R. (1988), On the mechanics of economic development, Journal of Monetary Economics, 22,pp. 3-42.

Machado, I. J., (2000), Dentistas brasileiros em Portugal (Entrevista), Comciencia, Revista Eletrônica de Jornalismo.

Malynovska, O., (1996), Migration und Migrationspolitik in der Ukraine nach 1991, Beritcht des Bundesinstitut fur ostwissenschaftliche und international Studien (BIOst) nº 42/1996, Berlim: Deutsches Institut fur Internationale Politik und Sicherheit.

Mahroum, S. ( 2000). Highly skilled globetro_ ers: mapping the international migration of human capital. R&D Management, Malden, v. 30, n. 1, pp. 23-32

Miura, I.K. ( 2006). O processo de internacionalização da Universidade de São Paulo: um estudo de três áreas do conhecimento. Tese de Livre Docência, São Paulo, FEA-RP. Mountford, A. (1997) Can a Brain Drain be Good for Growth in the Source Country? Journal of Development Economics 53, pp. 287-303.

Olesen, H. (2002), Migration, return and development: an institutional perspective, International Migration, 40 (4), pp. 128-141.

Papademetriou, D. (ed.).(2006) Europe and its immigrants in the 21st century. A new deal or a continuing dialogue of the deaf? Migration Policy Institute and Luso-American Foundation.

Peixoto,J. (1998), As Migrações dos Quadros Altamente Qualificados em Portugal: Fluxos Migratórios Inter-Regionais e Internacionais e Mobilidade Inter -Organizacional, Lisboa, Instituto Superior de Economia e gestão, Universidade Técnica de Lisboa, Dissertação de Doutoramento.

Peixoto, J., (2001), Migration and policies in the European Union: highly skilled

mobility,free movement of labour and recognition of diplomas, International Migration, 39 (1),pp.,33-61.

Peixoto, J. (2004), Highly skilled migration in Portugal: an overview, SOCIUS Working Papers, n.º 3/2004.

Romer, Paul M. (1986), Increasing returns and long-run growth, The Journal of Political Economy, 94 (5), 1002-1037.

Rosenbaum, J. E., et al. (1990), Market and network theories of the transition from high school to work: Their application to industrial societies, Annual Review of Sociology, 16, p.p.,263-299

Sabino, C. (2003), As novas politicas de atracção de migrantes altamente qualificados e o desenvolvimento. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação

Internacional. Lisboa, ISEG/UTL

Salt, J. (1988) Highly-skilled international migrants, careers and internal labour markets. Geoforum 19, p.p.,387-399.

Santos, G. A. P. D., (2002), Relações interétnicas em Lisboa: Imigrantes

brasileiros e africanos no contexto da lusofonia, São Paulo, Universidade Estadual de Campinas, Dissertação de Mestrado.

SEF. Portal da Estatistica. Disponível em: http://sefstat.sef.pt/.

Vidal, J-P.,(1998), The effect of emigration on human capital formation, Journal of Population Economics, 11 (4), p.p.,589-600.

Wagner, I. (2006), Career Coupling. Career Making in the Elite Worlds of Musicians and Scientists. Sociological Qualitative Review, Vol. II Issue 3. Disponível em

http://www.qualitativesociologyreview.org /ENG/archive_eng.php Acesso em 12 Setembro, 2012

Wagner, I. (2009) La spécificité du travail dans les professions internationalisées-Le cas des violonistes et des chercheurs en biologie. EHESS, Paris.

Guião suporte à entrevista narrativa

1. PERFIL -Sexo -Nacionalidade -Idade -Estado civil -Filhos -Residência 2. CONTEXTO FAMILIAR

- Em que aldeia/cidade nasceu, onde foi criado? -Qual a profissão dos pais?

-Cresceu com investigadores?

-Os pais têm experiência de imigração (nacional/internacional)

3. PERCURSO IMIGRAÇÃO PARA PORTUGAL

- Quais os principais motivos de imigração? - Quando decidiu imigrar?

-Qual era o nível de educação no momento de imigração? - Se teve algum experiência precoce no estrangeiro -Como é que estabeleceu o contacto com Portugal?

-A decisão de emigrar foi bem recebida para seu parceiro/ família Frequentou escola de línguas?-

4. CAREIRA CIENTÍFICA EM PORTUGAL

- Há quanto tempo se encontra em Portugal?

- Desde a sua chegada desempenhou actividade na investigação? - Há quanto tempo trabalha nesta instituição?

PERCURSO DE EDUCAÇÃO EM PORTUGAL

- Qual nível de formação que adquirir em Portugal a) Mestrado

b)Doutoramento c)Pós -Doutoramento

PRODUTIVIDADE

-Recebeu algum prémio? Quantos, quando e por que instituição? - Se tem patentes

- Tem publicado artigos em revistas nacionais e internacionais?

- Em que projectos encontra-se actual envolvido? Quantas já foram concluídas?

REDES DE RELAÇÕES

- Tem relações profissionais com investigadores do país de origem? -Está inscrito ou participa em algum fórum no seu pais de origem? - Desenvolve projectos no estrangeiro e no seu país?

- Já teve ocasião visitas infra-estruturas chave e centros de investigação no seu país?

5. PERSPECTIVAS FUTURAS

- Se confrontou alguma limitação através de qual tenha obrigado a desistir de alguma escolha - Se pretende permanecer em Portugal? (se não 3 razões)

Documentos relacionados