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PARTE III – MÓDULO III: DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO E PROJECTO DE INTERVENÇÃO

5. Conclusão

A minha experiência profissional de nove anos como enfermeira de um contexto hospitalar (CSD), num Serviço de Urgência de um Hospital Central, bem como outras experiências de trabalho em acumulações de funções num Centro de Saúde (CSP), influenciaram a escolha desta área de especialização, por ter sido sempre (desde a formação profissional inicial) uma área que me despertou um interesse particular. Por outro lado, levou- me a uma reflexão sobre a barreira por vezes gigantesca que se ergue entre o hospital e os outros recursos comunitários. Acredito que o hospital tem um longo caminho a percorrer, no sentido da sua abertura para a comunidade e articulação com parceiros comunitários.

O crescimento profissional e experiência recente em contacto com a SCML despertaram reflexão e análise crítica da realidade em que vários utentes da área de influência do hospital utilizam os seus serviços não só para um apoio a carências económicas existentes, mas que é sobretudo aí que fazem a sua vigilância de saúde, muitas vezes com uma frequência trimestral de consultas médicas e de enfermagem. De salientar, também, a oportunidade de realizar parte do estágio em contexto profissional, com o conhecimento mais aprofundado do trabalho realizado pela ECD do CHLC, EPE, que projecta o hospital para a comunidade.

No módulo I, foi realizado o diagnóstico de situação na USSCC, tendo sido identificadas duas áreas problemáticas, passíveis de intervenção: a Gestão de Materiais provenientes da farmácia e do armazém, e gestão da Diabetes – Empowerment. Foi ainda elaborado um projecto de reestruturação da gestão de materiais da US, de acordo com necessidades institucionais.

No módulo II, foi então terminado o diagnóstico de situação em relação ao PSAI, tendo- se desenvolvido um projecto para a criação e estruturação da Consulta de Enfermagem à pessoa com Diabetes – no sentido de uma melhoria da oferta de cuidados de enfermagem e de saúde à população e igualmente no sentido da autonomia e afirmação da profissão.

No módulo III, foi diagnosticada a necessidade de estabelecimento de parcerias entre a ECD do CHLC, EPE e os recursos comunitários, tendo incidido sobre a articulação com um CS da área de abrangência do hospital e uma USSC – no sentido de unir esforços e recursos de forma a tornar a transição hospital-casa um processo facilitado e apoiado, envolvendo desde logo o doente e família.

No entanto, foram surgindo ao longo do estágio algumas dificuldades e constrangimentos, tanto na USSCC como na ECD, que condicionaram alguns ajustes nos projectos, nomeadamente:

- condicionantes de tempo, impostos pela instituição, levaram à apresentação do projecto de Gestão de Materiais ainda no módulo I, o que prolongou o Diagnóstico de Situação na área da Diabetes para o módulo II;

63 - a autorização para o início da Consulta de Enfermagem à Pessoa com Diabetes, não foi possível antes do final do tempo previsto para o estágio, apesar do planeamento já efectuado e dos instrumentos de registo prontos. De referir que, no entanto, a autorização para o início da consulta já foi conseguido, junto da Direcção de Enfermagem - pelo reconhecimento da sua importância pelos enfermeiros e médicos da US.

- A actividade assistencial da ECD do CHLC, EPE foi suspensa no final de Dezembro de 2010, por contingências de financiamento a nível institucional, e por ordem do CA, comprometendo a operacionalização do Projecto de Parcerias a estabelecer.

Na gestão, conseguiu-se responder às necessidades expressadas e diagnosticadas. Respondendo a obrigações éticas e de cidadania, bem como desenvolvendo competências de Enfermeiro Especialista, nomeadamente de gestão e liderança de equipas e processos de mudança, bem como o recurso e mobilização de conhecimentos tendo por base a experiência profissional e de vida, bem como orientações técnicas especializadas.

De salientar em relação à gestão de materiais que o trabalho realizado, deixa o caminho facilitado para os gestores, nomeadamente o EC, rentabilizar os recursos e diminuir o desperdício. Bem como, o envolvimento da equipa de Enfermagem, delegando responsabilidades de previsão, gestão e registo de gastos de materiais nos enfermeiros de cada programa da US - deixando o EC com maior disponibilidade para investir noutras áreas.

O processo de extensão da reestruturação da gestão de materiais está neste momento em fase de alargamento às outras USSC, o que vem reforçar o reconhecimento da utilidade do trabalho realizado e do “lastro” deixado na instituição pelas sugestões efectuadas.

Os enfermeiros estão estrategicamente colocados no seio da equipa multidisciplinar, como elementos privilegiados no acompanhamento à pessoa diabética e família em todo o seu processo terapêutico. Torna-se clara a importância de cada vez melhor dirigir e aperfeiçoar a abordagem do enfermeiro aos doentes diabéticos seguidos em consulta de enfermagem – de inequívoca importância e relevância para o controlo desta pandemia.

Foi possível abordar uma problemática complexa de forma sistemática e criativa, liderando equipas e conseguindo envolver e motivar os enfermeiros no processo de criação da Consulta de Enfermagem à pessoa com Diabetes. A recolha de dados e sua apresentação traduziram um discurso fundamentado e análise crítica sobre aspectos relevantes em saúde pública. Foram identificadas necessidades de formação, e sugerida a sua resolução – através do protocolo de formação existente entre a SCML e a APDP.

A consulta de Enfermagem à pessoa com Diabetes e família está em vias de operacionalização pelas Enfermeiras do PSAI da USSCC, aguardando autorização institucional para o seu início, da Direcção de Enfermagem. Fica a sugestão desta consulta ser replicada nas outras USSC, bem como ser estendida ao Apoio Domiciliário.

O conceito de parcerias é actual, responde às necessidades identificadas da ECD, no sentido de mobilizar recursos e articular-se de forma eficaz com os CS e as USSC – recursos comunitários de saúde. Fazendo todo o sentido, neste percurso desenvolvido, da comunidade para o hospital, ser explorado no sentido da intervenção em Enfermagem Comunitária.

Relatório de estágio – Um percurso da comunidade para o hospital

64 Na prestação directa de cuidados aos utentes, no PSAI da SCML e na ECD do CHLC, EPE, evidenciaram-se competências relacionais e de comunicação no respeito pelo outro e pela sua capacidade participar nas decisões que envolvem a sua vida. Além de um sentido de responsabilidade profissional e visão crítica dos contextos e necessidades.

Como sugestões de mudança para o futuro inclui-se (além das sugestões efectuadas ao longo deste trabalho) a contínua alimentação das bases de dados criadas na USSCC, e informatização do registo das validades dos materiais bem como dos registos da Consulta de Enfermagem. Para, deste modo, facilitar um melhor conhecimento da população e das situações, e consequentemente uma intervenção mais efectiva junto da mesma; um melhor controlo das validades do material prevenindo o desperdício e promovendo a redestribuição atempada dos materiais onde estes são precisos.

Com os dados recolhidos sobre a população do PSAI, dada a relevância de pessoas com o diagnóstico de HTA encontradas sugere-se a criação de uma Consulta de Enfermagem dirigida à pessoa com hipertesão arterial (doenças cardiovasculares) e família, que poderá ser igualmente replicada nas outras USSC, tal como sugerido para a Consulta de Enfermagem à pessoa com diabetes e família.

Na ECD do CHLC, EPE, fica a sugestão de estender a parceria a todos os CS e a todas as USSC, da sua àrea de abrangência; bem como a criação de uma folha de articulação com o Serviço de Urgência do hospital de forma a ultrapassar as dificuldades sentidas de perda de informação acerca do doente, família e contexto social e agilizar respostas adequadas a cada situação particular.

De acordo com as etapas do processo de planeamento em saúde (Imperatori e Giraldes, 1982), pretende-se realizar nesta última parte do relatório a avaliação do trabalho desenvolvido ao longo do estágio.

Importa referir alguns aspectos mais relevantes da aprendizagem ao longo do estágio:  a introdução de um projecto extra na área da gestão de materiais, e apesar do esforço

acrescido que exigiu, constituiu-se como uma clara mais valia de aprendizagem numa área em que não existia experiência profissional anterior;

 a oportunidade de prestação de cuidados num contexto domiciliário, que se revelou enriquecedor para o desenvolvimento pessoal e profissional, e diferente da experiência profissional anterior;

 a abordagem de temáticas e situações de grande complexidade como a pessoa com diabetes e a articulação da assistência domiciliária na fase pós alta, com desenvolvimento de competências e capacidades no âmbito da enfermagem e dos CSP.

 a utilização do portfólio que se constituiu como um intrumento importante no desenvolver dos projectos, e essencial na elaboração deste relatório.

Numa apreciação global do trabalho desenvolvido, podem-se destacar os objectivos alcançados tanto a nível de cada um dos módulos de estágio, como em cada um dos projectos

65 – salvo as condicionantes que, na generalidade, limitaram a sua operacionalização por contingências de tempo que se prendem com a duração do estágio e as decisões institucionais (acima referidas). Apesar das limitações encontradas, julgo ter-se conseguido a construção de uma metodologia de trabalho científico rigorosa, que permitiu criar respostas e desenvol ver esforços no sentido de ultrapassar as necessidades identificadas em cada um dos locais de estágio, dando um contributo importante para a melhoria da qualidade, equidade e eficiência dos cuidados prestados.

Espero igualmente, ter-se conseguido responder às expectativas de todos os que contribuiram e apoiaram os projectos desenvolvidos, em particular, as pessoas a quem os mesmos se dirigem.

Destaco o desenvolvimento pessoal ao longo do curso e do estágio, para além do desenvolvimento profissional e zelo pelos Cuidados de Enfermagem, tendo em conta a responsabilidade profissional de integrar uma estratégia de cooperação interpessoal, interprofissional e interinstitucional.

Termino então este trabalho, com o sentimento de dever cumprido por ora, mas ciente da responsabilidade de como futura enfermeira especialista continuar a caminhada profissional, no sentido da melhorar a oferta de Cuidados de Enfermagem para as pessoas, famílias e comunidades.

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