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A estratégia deste trabalho foi desenvolver modelos úteis à previsão e, consequentemente, serem instrumentos importantes para demonstrar a situação preocupante da Previdência Social brasileira. Dados recentes do Ministério do Planejamento projetam o déficit previdenciário para 2009 e 2010 que, na Tabela 23, são confrontados com as previsões calculadas neste trabalho.

Ano Ministério do Projeção Saldo Previdenciário Variação Planejamento *

Modelo do autor (cenário padrão) *

2009 41,08 42,44 3,29%

2010 38,90 40,86 5,05%

Tabela 23. Comparação entre projeções do saldo da previdência.

(*) Em R$ Bilhões

Ambos os resultados demonstram redução do déficit no ano de 2010 em relação ao ano de 2009, que, caso se confirme, será a segunda queda desde 1995. A primeira foi em 2008.

Quanto ao salário mínimo, é oportuno uma breve exposição. Observou-se a grande influência do salário mínimo para as contas da Previdência Social, uma vez que o efeito dos sucessivos aumentos reais do SM tem se revelado uma forte fonte de pressão sobre o montante das despesas do INSS. Então, fica a questão: a tentativa de justiça social com incremento real do SM compensa o custo fiscal?

Como demonstrado, é insustentável a médio e longo prazo o crescimento real do SM e uma solução impopular, porém necessária, seria a indexação de todos os benefícios ao INPC, desvinculando, portanto, o piso de benefícios ao piso de salários. Este último continuaria com reajustes reais, aumentando a base de financiamento da previdência.

A reforma previdenciária de 1998 não pode ser desvalorizada, entretanto é insuficiente e o Brasil deve empreender mudanças mais impactantes para o futuro próximo. Nas três últimas décadas, diversos países reformaram seus sistemas previdenciários. Essas reformas decorrem basicamente da inadequação dos sistemas previdenciários que não acompanharam as profundas mudanças demográicas, econômicas e sociais que ocorreram nas

sociedades, fazendo elevar as despesas e corroer suas bases de financiamento. Pode-se dizer que em relação às reformas, o Brasil, comparado com outros países da América Latina, é o único que optou por fazer mudanças paramétricas no sistema ao invés de implantar uma reforma estrutural. Reformas estruturais8 geram um custo de transição, mas tendem a melhorar a eficiência alocativa do mercado de trabalho porque reduzem a carga tributária sobre a folha de pagamentos das empresas.

A necessidade de outra reforma transmite uma idéia de permanente mudança de regras. Mas isso não é uma particularidade brasileira. Assim foi na Espanha, na Itália, na Suécia, na Alemanha, na Bélgica, no Japão e no Uruguai, por exemplo.

Isso porque fazer reforma de sistemas previdenciários envolve muitos aspectos técnicos, diversas variáveis sociais e políticos e diferentes custos e penalidades segundo atributos de idade, gênero e atividade econômica. E, em geral, mudar a previdência significa assumir perdas.

Iniciar o processo de reforma, além de importante para equilibrar atuarialmente e financeiramente o sistema previdenciário e as contas públicas, é igualmente importante para garantir que as gerações futuras não sejam penalizadas por passivo atuarial ainda mais elevado do que o já existente.

É necessário que haja muita informação técnica disseminada e muitas propostas apresentadas com o intuito de não apenas saber os riscos e os custos das reformas, mas sobretudo da ausência de reformas.

8 Argumento de Stiglitz (2000).

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APÊNDICE

Gráfico dos resíduos padronizados de Student (RStudent) e os valores observados das variáveis independentes.

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