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A aplicação do sistema SMED decorrente na José Maria da Fonseca Vinhos SA, estará ainda numa fase muito precoce, havendo ainda um grande caminho a percorrer. Pode considerar-se que foi realizada uma primeira fase, com a distinção entre operações internas e externas, e otimização de ambas, mas como é definido por Shigeo Shingo, apesar de nesta fase ser já expetável uma redução considerável do tempo de setup, tempos inferiores a 10 minutos (single minute) só conseguirão ser atingidos com a conversão de operações internas em externas. Dado o tempo disponível para este trabalho, não foi possível aprofundar o desenvolvimento da metodologia a este campo. Adicionalmente, muitas das alterações envolvem investimento, quer em componentes para os equipamentos, quer em tempo de funcionários para reflexão sobre o processo e instalação das metodologias desenvolvidas, pelo que o sistema SMED vai sendo desenvolvido progressivamente, sem que a sua implementação cause constrangimento ao normal funcionamento da organização.

Apesar da precocidade da instalação do sistema, já se podem depreender diversas vantagens. O estudo do processo de mudança realizado a todos os equipamentos considerados, será a base de todo o trabalho a realizar. O conceito de kit de mudança introduzido com a definição de formatos nos armários de arrumação e carrinhos de mudança é um processo passível de melhoramento, mas que já demonstra melhoria na qualidade de trabalho dos técnicos. Note-se ainda, que após a instalação de escalas nos equipamentos, a constituição das listas de medidas dos formatos para os diferentes equipamentos, que foi definida e iniciada, deverá produzir algum efeito ao nível da redução de tempo gasto nas operações de setup externas.

Destaca-se a criação do sistema de Instruções Visuais, que vai de encontro aquele que é o objetivo imediato da organização, que passa pela formação dos operadores para as tarefas de mudança de formato nestes equipamentos, libertando tempo aos técnicos de manutenção. As Instruções Visuais servirão de manual à formação dos operadores e serão de grande importância no apoio ao processo de mudança quando houver dúvidas. Será ainda de referir que as instruções visuais, foram criadas com a pretensão de traduzir um processo tanto otimizado quanto possível, pelo que a ordem seguida para a realização de cada operação resulta do agrupamento de operações complementares e com localizações comuns no equipamento, traduzindo-se num processo mais eficiente. Será ainda de referir que durante a realização das Instruções Visuais, foi usada linguagem simples, para que não houvesse dificuldade na sua interpretação e houve o cuidado de atribuir aos componentes do equipamento nomenclaturas já utilizadas diariamente pelos operadores, para facilitar a familiarização dos mesmos.

Em termos das reduções ao nível de tempo já operadas, destaca-se o equipamento de formação de caixas, com uma redução de tempo ligeiramente superior a 70%, tomando como referência os tempos de setup registados em 2007. Nos restantes equipamentos, apesar da redução de tempo de setup, não ser evidente, relativamente aos dados de 2007, verifica-se o cumprimento dos tempos de setup preconizados como objetivo para este trabalho (30 min), pelo que o equipamento de formar caixas, foi alvo de maior atuação.

Será ainda de referir, que sempre que uma operação de setup era alvo de estudo, se deu preferência às mudanças de formato com maior diferenciação entre si, no entanto chega-se à

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conclusão que o formato em causa, pouco interfere no tempo de mudança. Tal fato justifica-se pela própria natureza da afinação. Apesar das diferenças de tamanho serem maiores entre alguns formatos, os pontos de afinação, sobre os quais se atua serão sempre os mesmos. Ou seja, independentemente do formato, as ações a desempenhar serão sempre as mesmas, as posições das afinações é que serão diferentes.

É de destacar, que apesar da implementação do sistema SMED ser de índole essencialmente mecânica, neste caso a tentativa é de operá-la numa empresa alimentar, e que as alterações pensadas para determinados equipamentos, poderão ter repercussões ao nível da Qualidade e Segurança Alimentar do produto. Neste contexto importa refletir sobre a atuação ao nível do equipamento de enchimento da linha 2. Na tentativa de minimizar o número de operações realizadas no ato de criação de valor de um produto, testou-se a alienação de um processo de sanitização numa situação específica da produção. Os resultados, demonstram que ao nível da qualidade do produto final, não haverá alterações decorrentes desta modificação no processo, no entanto estes resultados são obtidos com reduzido número de amostras de teste, pelo que o ideal seria replicar a experiência de teste, de modo a poder assegurar estatisticamente o processo. É ainda de referir que a situação de teste diz respeito a uma situação extremamente específica, em que não há troca do vinho em enchimento, pelo que nunca indicará para que se prescinda noutras situações, do processo de sanitização por vaporização que é normalmente operado. Esta verificação destina-se à validação desta operação, mas sempre a nível esporádico, como em situações de grande constrangimento produtivo, como forma de libertar tempo de operação.

Refira-se ainda, que apesar de não haver indicação de alterações microbiológicas ao nível do produto final, decorrem diferenças abissais nos resultados do controlo microbiológico ao nível do equipamento, o que poderá indicar que apesar do processo não produzir efeitos imediatos ao nível do produto final, poderia produzir resultados a longo prazo, se usado com frequência, dado que influencia claramente a carga microbiológica no equipamento de enchimento.

Os dados sugerem que o processo de higienização dos bicos em separado, não produz efeitos satisfatórios, mas estes efeitos são contrariados, por fatores intrínsecos do produto final, sendo de destacar o poder antimicrobiano exercido pelo SO2 livre, decorrente do processo de sulfitação do vinho na cuba, anterior ao engarrafamento.

O trabalho realizado ao longo do estágio, ganha especial preponderância, na definição de conceitos e estabelecimento de métodos de trabalho e filosofia de pensamento, no entanto carece de relevância estatística. A avaliação do tempo de setup de cada equipamento é dificultada pela natureza prática da mudança da linha completa, dado que no processo de mudança vários técnicos executam simultaneamente a mudança de vários equipamentos, o que na prática se traduz na dificuldade em obter um grande número de dados, dado que para cada processo de mudança de formato da linha completa, apenas se consiga registar o tempo de setup num equipamento, embora decorram diversas mudanças. Para que pudessem ter sido recolhidos mais dados, em tempo útil, seria necessário ou atrasar o tempo de mudança da linha, efetuando cada setup dos diferentes equipamentos desfasadamente, o que causaria constrangimento produtivo, ou que houvessem mais pessoas encarregues do registo de tempos de setup, para que se pudesse fazer o acompanhamento de vários processos simultaneamente. Já relativamente ao ensaio de controlo microbiológico no

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processo de enchimento, a realização de mais situações de teste resultaria na perda de mais produto (garrafas de vinho) sobre a forma de amostras, o que da ótica da empresa não se justificaria nesta fase.

Embora careça de maior verificação estatística, as vantagens decorrentes do processo acabam sendo lógicas e as vantagens práticas que o processo já demonstra nesta fase são evidentes.

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