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Conclusão parcial

No documento 2017SorayaCarolineAbrahao (páginas 93-96)

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS CONJUNTOS E DAS UNIDADES

4.1.4 Conclusão parcial

A caracterização dos conjuntos buscou identificar variáveis multidisciplinares para a avaliação do ambiente construído, considerando parâmetros do Selo Casa Azul voltados a qualidade urbana e ao projeto e conforto das moradias dos conjuntos Horst Waldraff I e Horst Waldraff II. Os conjuntos avaliados foram construídos de forma simultâneas no município de União da Vitória – PR através de recursos do programa Minha Casa Minha Vida.

Partindo da seleção da área e implantação, identificou-se a proximidade dos conjuntos com a Zona de Proteção Ambiental, apresentando-se como um desafio ainda maior para as políticas públicas controlar os impactos gerados pelos empreendimentos. Contudo, a área de implantação faz parte da operação urbana consorciada Rio Vermelho que propõe aumentar o potencial construtivo da região.

A título de análise foi considerado os índices urbanísticos voltados a Zona Especial de Transição Urbano Rural, visto que não há regulamentação municipal para as Zonas Especiais de Interesse Social e a Zona de Proteção Ambiental a qual parte do empreendimento engloba é

vetada para a construção de edificações. Diante da análise constatou que as recomendações mínimas voltadas ao aproveitamento da área, como áreas destinadas aos logradouros públicos e áreas municipais, bem como o tamanho das quadras e lotes não foram atendidas.

Os conjuntos foram implantados em área de uso agrícola em terreno de baixa inclinação. Contudo, em campo contatou-se a existência de um talude de aproximadamente 2 metros, sem contenção. O talude reflete o baixo aproveitamento das inclinações originais do terreno. Diante disso, medidas são necessárias a fim de garantir a segurança das propriedades de modo que não haja movimentação de terra por parte dos taludes nas propriedades dos conjuntos.

Os índices urbanísticos correspondentes à zona em que estão implantados foram parcialmente atendidos diante das legislações federais e municipais. Constatou-se em campo que as estratégias recomendadas para a zona bioclimática não foram cumpridas, onde apenas uma das unidades habitacionais possui estratégia de sombreamento para a área dos dormitórios. Contudo a esquadria empregada não permite a abertura total da área sombreada no inverno e não explora os ventos predominantes da área de implantação.

Ao analisar as aberturas de ventilação e iluminação adotadas nas tipologias, constatou que nenhum dos dormitórios atende a legislação municipal e a norma pertinente, onde as aberturas existentes são inferiores ao recomendado.

A respeito da infraestrutura urbana, a análise dos indicadores possibilitou identificar a deficiência do sistema viário, em termos de dimensionamento, continuidade, manutenção e sinalização. Constatou-se que 56% das vias implantadas estão em desacordo com as dimensões necessárias para as vias locais. O sistema de drenagem encontra-se comprometido pela falta de manutenção e pelos danos existentes no sistema de captação.

As redes de infraestrutura voltadas ao abastecimento de energia e a iluminação pública encontram-se em bom estado, onde não foi possível identificar danos graves nos sistemas. Contudo as áreas institucionais são iluminadas através da iluminação das vias, o que não proporciona segurança aos moradores que transitam pelas áreas institucionais do conjunto. Diante da falta de equipamentos públicos nas áreas destinadas a eles, os moradores utilizam as áreas como vias de passeio. Isto em parte se deve a grande extensão em que se configuraram as quadras dos conjuntos.

A respeito da rede de abastecimento de água foi identificada a falta de manutenção das caixas de inspeção onde se localizam os registros de gaveta de acordo com o projeto de abastecimento de água. Tal ausência de manutenção compromete a estética das vias, e das áreas institucionais onde se localizam, além de contribuir com a proliferação de vetores nocivos à saúde da população.

A respeito dos indicadores de equipamentos, serviços urbanos e espaços públicos constatou-se a existência dos equipamentos necessários para o entorno de acordo com a legislação municipal. Contudo, a falta de equipamentos públicos nas áreas institucionais dos conjuntos compromete a equidade de acesso aos serviços públicos, principalmente das crianças e adolescentes que não possuem áreas específicas de recreação, apenas as intervenções realizadas pelos moradores nas ruas dos conjuntos.

Nos dias atuais, torna-se relevante analisar estas intervenções urbanas oriundas dos próprios moradores, que através da criatividade, fazem das ruas um meio artístico para as crianças usufruírem da comunidade, pois não há um espaço para que possam participar em conjunto que proporcione lazer, identidade e segurança.

Sobre o serviço de transporte público, não há nas paradas mobiliário adequado para o conforto dos usuários e apenas uma linha faz o trajeto nos conjuntos. A respeito do correio, os conjuntos não são atendidos pelo serviço público, mesmo havendo nome das ruas e números nas unidades registrados pela prefeitura municipal.

A respeito dos trabalhos voltados a segurança pública, em visitas aos conjuntos observaram-se rondas policiais e também a contratação de serviço particular de segurança em unidades habitacionais.

A falta de manutenção na limpeza das vias e áreas públicas, bem como a falta de mobiliários prejudicam a qualidade da paisagem urbana, que não dispõe de praças, lixeiras, telefones públicos e iluminação, além das existentes nas vias.

De acordo com Vieira (2002) situações de abandono levam a maior incidência de crimes em conjuntos habitacionais, um ambiente malconservado não estimula a qualidade urbana e o convívio social. Diante disso, torna-se necessário para o poder público valorizar áreas com potencial de abandono, proporcionando melhores condições de viver em comunidade.

Os conjuntos já apresentam intervenções realizadas pelos moradores com serviços comerciais e até mesmo de cunho religioso, as unidades prestadoras de serviços representam 3,38%, contudo, aproximadamente 75% dos entrevistados declararam que já realizaram intervenções na unidade habitacional e aproximadamente 90% já cercaram os lotes.

Observar indicadores de implantação, infraestrutura, habitação, equipamentos e serviços urbanos, possibilita mensurar a qualidade de vida de uma população, bem como controlar os impactos que novos empreendimentos podem gerar. No caso de programas habitacionais a observação destes indicadores - mínimos para uma terra urbanizada e para loteamentos - permite determinar a qualidade de vida, bem como o futuro social, econômico e ambiental de um dado empreendimento.

No documento 2017SorayaCarolineAbrahao (páginas 93-96)