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Esta pesquisa mostrou que as questões sócio-econômicas são as que mais afligem a população de Santa Rita Durão, sendo seguidas pelas questões ambientais.

Verificou-se que a situação econômica da população entrevistada é entre precária e vulnerável, visto que, grande parte destes vive com até um salário mínimo, e que o desemprego entre a população economicamente ativa ainda é grande, fato que tem provocado a migração dos jovens, principalmente homens, para os centros urbanos, em busca de oportunidades de trabalho.

Apesar dos problemas sócio-econômicos identificados, o público alvo demonstrou sentimentos topofílicos em relação ao distrito, na medida em que, a maior parte dos entrevistados aprecia morar em Santa Rita Durão, ou por ter aí passado toda a vida, ou por gostar e ter se adaptado bem ao local. Além disso, pela análise da Felicidade Interna Bruta (FIB), concluiu-se que a comunidade do distrito possui um nível mediano de satisfação.

A maior preocupação da população está relacionada às questões educacionais, tendo sido apontada a falta de motivação escolar de suas crianças e adolescentes como um agravante para a qualidade do ensino. Contudo, sabe-se que a distribuição de renda e riqueza da população, de forma geral, além de uma boa estrutura familiar e nível de escolaridade dos pais, ou interesse cultural pela educação, determinam o acesso e a permanência dos estudantes na escola. Fatores estes, que foram observados, em relação à população entrevistada, em seus aspectos mais negativos. Problemas há na escola que não são dela, mas que estão nela e problemas há que são dela e obviamente podem também estar nela. É preciso, portanto, pesquisar os problemas e dificuldades do conjunto da comunidade escolar em Santa Rita Durão.

A segunda questão que mais aflige os moradores de Santa Rita Durão é a baixa qualidade da saúde e do saneamento básico. A falta de atendimento médico diariamente no posto de saúde foi muito questionada, sendo a Prefeitura de Mariana responsabilizada por esta situação.

96 Em geral, os entrevistados não demonstraram ter estabelecido relações afetivas com os corpos d’água presentes no local onde vivem, visto que, mais da metade desses cidadãos confirmaram que nada fazem para preservar os recursos hídricos da região. Contudo, existe uma preocupação com a qualidade e quantidade de água disponível para abastecimento, reforçando a relação de exploração do bem natural exclusivamente como recurso para consumo, notadamente centrada numa visão antropocêntrica.

A exemplo disso constatou-se que a qualidade da água do Rio Alto Piracicaba é baixa, devido à situação ambiental atual de trechos do rio, detectada e observada nesta pesquisa, (lixo, contaminação bacteriológica, assoreamento) causada pela ação antrópica. Fator este, que é contraditório à percepção registrada, de que, a terceira maior preocupação da comunidade é a poluição do Rio Alto Piracicaba.

Contradições à parte, os impactos negativos sobre os corpos d’água causados pelas ações antrópicas são reconhecidos pela população como um risco ao ambiente. A criação de sistemas de tratamento de esgoto, inclusive tratamento doméstico, aparece com destaque entre as sugestões para melhorar a qualidade das águas, e, apesar do claro indicativo de que a participação popular em eventos promotores de ações ambientais é ainda, limitada e pouco efetiva, a Educação Ambiental é apontada como um instrumento de sensibilização em direção à consciência ambiental, em busca de uma qualidade ambiental melhor.

Uma parcela significativa da população entrevistada não compreende o significado conceitual de Comitê de Bacia Hidrográfica, nem tão pouco, sabe qual é a importância deste órgão colegiado para a gestão dos recursos hídricos, nunca tendo participado de fóruns promovidos pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba. Assim, a participação pública da população de Santa Rita Durão na gestão dos Recursos Hídricos está bastante aquém do proposto para caracterizar um exercício de cidadania. O desconhecimento sobre a existência do processo de gestão e de sua condicionante de participação pública mostra a fragilidade dos processos de tomada de decisões que envolvem os Recursos Hídricos na comunidade.

Grande parte da população entrevistada ignora a importância da atividade minerária para a economia, alguns não sabendo se quer quais são os produtos da mineração. O ínfimo conhecimento em torno da realidade que os cerca, demonstra o nível de interesse da

97 comunidade em saber o que acontece em seu redor, fato, que torna a comunidade fragilizada e pouco capacitada para fazer valer os seus direitos.

A atividade de mineração foi considerada pela grande maioria dos entrevistados como uma atividade negativa, por estar ligada aos aspectos visíveis de degradação da paisagem, como o desmatamento, e a degradação de residências e do patrimônio histórico-cultural, caracterizando-se estas respostas como mais afetivas, de caráter topofílico. Já os que a apontaram como uma atividade positiva, levaram em consideração unicamente a geração de emprego, refletindo uma resposta mais cognitiva, de caráter socioeconômico e que envolve necessidades cotidianas.

Através do DRP concluiu-se que o principal impacto causado pela atividade mineradora em Santa Rita Durão, foi a intensificação da degradação de edificações, como o patrimônio histórico-cultural e algumas residências, ao terem suas estruturas abaladas devido ao tráfego constante de caminhões pesados nas ruas do distrito à época da expansão da Mina da Alegria.

A avaliação física e química das águas naturais e potáveis que abastecem o distrito revelou que a concentração de enxofre ficou acima do permissível pela legislação em todos os pontos de águas naturais e em algumas residências. A avaliação bacteriológica revelou que as águas naturais estão impróprias para a recreação de contato primário, e que a água potável de metade das residências avaliadas está imprópria para o consumo, visto que, a contaminação por coliformes ultrapassou o limite estabelecido pelas Resoluções 274/00 e 357/05 do CONAMA e pela Portaria 518/04. Tal fato demonstra a possível influência do esgoto sanitário que é lançado sem tratamento prévio no rio Alto Piracicaba e a inadequada higienização dos reservatórios de água das casas. Enfatiza-se ainda, que não foi detectado nenhum tipo de contaminação advinda da mineração em níveis acima do limite estabelecido por lei.

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