• Nenhum resultado encontrado

O Trypanosoma cruzi agente etiológico da doença de Chagas possui vários genes codificadores de proteínas contendo repetições de aminoácidos. A proteína TcL7a presente na subunidade maior do ribossomo apresenta um domínio repetitivo rico nos aminoácidos alanina, lisina e prolina que está presente somente na proteína de T. cruzi. A exclusividade dessas repetições na proteína L7a do T. cruzi poderia ser utilizada para o desenvolvimento de testes de diagnósticos mais específicos para a doença de Chagas. A submissão de um pedido de patente voltada para a utilização desse antígeno para fins de diagnóstico já encontra-se em andamento.

A imunização com a proteína recombinante TcL7a foi capaz de estimular a resposta humoral do hospedeiro vertebrado com produção de IgG total e das subclasses IgG1 e IgG2a. Dosagens das citocinas IFN-γ e IL-10 mostraram que houve também a ativação da resposta celular. A utilização dos adjuvantes, CpG ODN e Alúmen, durante as imunizações serviram para favorecer ao direcionamento da respota para o perfil Th1. A presença de IFN-y e de IgG2a indica que a resposta gerada pela imunização com essa proteína é do tipo Th1, a qual é sabidamente conhecida ser a responsável pela eliminação do parasito.

A imunização com a região não repetitiva da proteína TcL7a não resultou em uma resposta com caracteristicas da resposta Th1 mesmo com o uso de adjuvantes. Os níveis de parasitos observados na corrente sanguínea parecem não ser diferentes dos observado nos animais do grupo controle, mas apesar disso, um aumento na mortalidade dos animais desafiados foi observada.

A imunização com o domínio repetitivo da proteína TcL7a, por sua vez, levaria a uma tolerização das células B não permitindo a geração de uma resposta imune eficaz do hospedeiro contra o parasito, culminando na exacerbação da parasitemia e morte dos animais. Genes codificando antígenos com repetições de aminoácidos são frequentemente encontrados no genoma do T. cruzi e poderiam ter um papel relacionado à evasão do sistema imune do hospedeiro vertebrado, favorecendo a multiplicação do parasito e o estabelecimento da doença. Os mecanismos pelos quais esses antígenos contendo repetições podem gerar essa resposta favorável ao parasito precisam ser investigados. Esses estudos poderão portanto contribuir enormemente para o entendimento da patologia da doença de Chagas e também

para o desenho de estratégias eficazes de vacinação para o controle não somente desta como de outras parasitoses.

Este trabalho tem como perspectivas:

• Imunizar com as proteínas recombinates TcL7a completa e TcL7aRep e desafiar com uma cepa avirulenta de T. cruzi (como o clone CL-14). • Confirmar os dados gerados pela imunização com a TcL7aRep seguida

pela imunização com a TcL7a completa e avaliar o efeito dessas imunizações na resposta ao desafio com o parasito.

• Avaliar o efeito da imunização com outros antígenos contendo repetições de aminoácidos sobre o desafio com cepas virulentas, como por exemplo, a repetição SAPA presente nas trans-sialidases.

• Identificar os mecanismos pelos quais as repetições presentes na proteína TcL7a ou em outras proteínas contendo repetições de aminoácidos afetam a resposta imune e a parasitemia de animais infectados com o T. cruzi.

REFERÊNCIAS

ARNER, E. et al. (2007). Database of Trypanosoma cruzi repeated genes: 20,000 additional gene variants. BMC Genomics, 8:39.

BAFICA, A. et al. (2006). Cutting edge: TLR9 and TLR2 signaling together account for MyD88-dependent control of parasitemia in Trypanosoma cruzi infection. J

Immunol, 177(6):3515-9

BARBOSA, R. P. et al. (2013). Vaccination using recombinants influenza and adenoviruses encoding amastigote surface protein-2 are highly effective on protection against Trypanosoma cruzi infection. PLoS One, 8(4):61795.

BRENER, Z. (1973). Biology of Trypanosoma cruzi. Annu Rev Microbiol, 27:347-82.

BUSCAGLIA, C. A. et al. (1998). The repetitive domain of Trypanosoma cruzi trans- sialidase enhances the immune response against the catalytic domain. J Infect Dis, 177(2):431-6.

BRYAN, M. A et al. (2010). Specific humoral immunity versus polyclonal B cell activation in Trypanosoma cruzi infection of susceptible and resistant mice. PLoS

Negl Trop Dis, 4(7):733.

CERQUEIRA, G. C. et al (2008). Sequence diversity and evolution of multigene families in Trypanosoma cruzi. Mol Biochem Parasitol, 157(1):65-72.

CHUENKOVA, M.; PEREIRA, M. E (1995). Trypanosoma cruzi trans-sialidase: enhancement of virulence in a murine model of Chagas' disease. J Exp Med, 181(5):1693-703.

CLAYTON, J. (2010). Chagas disease 101. Nature, 465(7301):4-5.

COURA, J. R.; DIAS, J. C. (2009). Epidemiology, control and surveillance of Chagas disease: 100 years after its discovery. Mem Inst Oswaldo Cruz, 104(1):31-40.

DAROCHA, W. D. et al. (2002). Characterization of cDNA clones encoding ribonucleoprotein antigens expressed in Trypanosoma cruzi amastigotes. Parasitol

Res, 88(4):292-300.

DUMONTEIL, E. (2009). Vaccine development against Trypanosoma cruzi and Leishmania species in the post-genomic era. Infect Genet Evol, 9(6):1075-82.

EL-SAYED, N. M. et al. (2005). The genome sequence of Trypanosoma cruzi, etiologic agent of Chagas disease. Science, 309(5733):409-15.

FLORES-GARCÍA, Y. et al. (2011). IL-10-IFN-γ double producers CD4+ T cells are induced by immunization with an amastigote stage specific derived recombinant protein of Trypanosoma cruzi. Int J Biol Sci, 7(8):1093-100.

GABRIELA DE ASSIS BURLE CALDAS. (2012). Papel de antígenos contendo repetições de aminoácidos na infecção pelo Trypanosoma cruzi: imunização com a proteína ribossômica TcRpL7a. Dissertação de Mestrado Belo Horizonte: Instituto de Ciências Biológicas, UFMG.

GAO, W. et al. (2001). The Trypanosoma cruzi trans-sialidase is a T cell-independent B cell mitogen and an inducer of non-specific Ig secretion. Int. Immunol, 14(3):299- 308, Dez 2001.

GOTO, Y.; et al. (2008). Immunological dominance of Trypanosoma cruzi tandem repeat proteins. Infect Immun, 76(9):3967-74.

GUPTA, S.; GARG, N. J. (2012). Delivery of antigenic candidates by a DNA/MVA heterologous approach elicits effector CD8(+)T cell mediated immunity against Trypanosoma cruzi. Vaccine, 30(50):7179-86.

GUPTA, S.; GARG, N. J. (2013). TcVac3 induced control of Trypanosoma cruzi infection and chronic myocarditis in mice. PLoS One, 8(3):59434.

HEMMI, H. et al. (2000). A Toll-like receptor recognizes bacterial DNA. Nature, 408(6813):740-5.

JUNQUEIRA, C. et al. (2010). The endless race between Trypanosoma cruzi and host immunity: lessons for and beyond Chagas disease. Expert Rev Mol Med, 12:29.

KALITA, M. K. et al. (2006). ProtRepeatsDB: a database of amino acid repeats in genomes. BMC Bioinformatics, 7:336.

MACHADO, F. S. et al. (2012). Pathogenesis of Chagas disease: time to move on.

Front Biosci (Elite Ed), 4:1743-58.

MAGALHÃES, P. O. et al. (2007). Methods of endotoxin removal from biological preparations: a review. J Pharm Pharm Sci, 10(3):388-404.

MENDES, T. A. et al. (2013). Repeat-enriched proteins are related to host cell invasion and immune evasion in parasitic protozoa. Mol Biol Evol, 30(4):951-63.

MICHAILOWSKY, V. et al. (2001). Pivotal role of interleukin-12 and interferon- gamma axis in controlling tissue parasitism and inflammation in the heart and central nervous system during Trypanosoma cruzi infection. Am J Pathol, 159(5):1723-33.

MONCAYO, A.; SILVEIRA, A. C. Current epidemiological trends for Chagas disease. in Latin America and future challenges in epidemiology, surveillance and health policy. Mem Inst Oswaldo Cruz, 104 (1):17-30.

OSORIO, L. et al. (2012). Virulence factors of Trypanosoma cruzi: who is who?

Microbes Infect, 14(15):1390-402.

PAIS, F. S. et al. (2008). Molecular characterization of ribonucleoproteic antigens containing repeated amino acid sequences from Trypanosoma cruzi. Microbes

Infect, 10(7):716-25.

PEREIRA, K. S. et al. (2009). Chagas' disease as a foodborne illness. J Food Prot, 72(2):441-6.

PONCINI, C. V. et al. (2010). Central role of extracellular signal-regulated kinase and Toll-like receptor 4 in IL-10 production in regulatory dendritic cells induced by Trypanosoma cruzi. Mol Immunol, 47(11-12):1981-8.

QUIJANO-HERNANDEZ, I.; DUMONTEIL, E. (2011). Advances and challenges towards a vaccine against Chagas disease. Hum Vaccin, 7(11):1184-91.

RASSI, A.; MARCONDES DE REZENDE, J. (2012). American trypanosomiasis (Chagas disease). Infect Dis Clin North Am, 26(2):275-91.

RISSO, M. G. et al. (2004). Differential expression of a virulence factor, the trans- sialidase, by the main Trypanosoma cruzi phylogenetic lineages. J Infect Dis, 189(12):2250-9.

RODRIGUES, M. M. et al. (2009). Swimming against the current: genetic vaccination against Trypanosoma cruzi infection in mice. Mem Inst Oswaldo Cruz, 104(1):281-7.

RODRIGUES, M. M.; OLIVEIRA, A. C.; BELLIO, M. (2012). The Immune Response to Trypanosoma cruzi: Role of Toll-Like Receptors and Perspectives for Vaccine Development. J Parasitol Res, 2012:507874.

SALGADO-JIMÉNEZ, B. et al. (2013). Differential immune response in mice immunized with the A, R or C domain from TcSP protein of Trypanosoma cruzi or with the coding DNAs. Parasite Immunol, 35(1):32-41.

SILVA, J. S. et al. (1992). Interleukin 10 and interferon gamma regulation of experimental Trypanosoma cruzi infection. J Exp Med, 175(1):169-74.

TARLETON, R. L. et al. (2007). The challenges of Chagas Disease-- grim outlook or glimmer of hope. PLoS Med, 4(12):332.

WHO (2013). Chagas disease (American trypanosomiasis). World Health

Organization. Disponível em: http://www.who.int/neglected_diseases/diseases/chagas/en/index.html

Documentos relacionados