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O Regime Político Brasileiro da Carta de 88 está baseado no Princípio Democrático, tendo a Constituição Federal, ao instituir o Estado Democrático de Direito, prestigiado a cidadania e a soberania popular.

A democracia revela um regime político em que o poder repousa na vontade do povo. Nesse sentido, é preciso que a função administrativa, ao ser exercida, seja sempre desenvolvida em prol da coletividade.

Efetivamente, as funções estatais são instrumentos operacionais aptos a instrumentalizarem o Estado, a fim de que este cumpra seu papel precípuo, qual seja, promover o bem de todos.

No exercício de seu dever, a função administrativa concretiza sua atividade de diversos modos, dentre eles, temos o processo administrativo.

Embora no passado o termo processo administrativo tenha sido utilizado apenas para a seara judicial, contemporaneamente observamos a aquiescência de uma processualidade inerente a todas as funções estatais.

Note-se, porém, que o fato de se acolher a existência de uma processualidade em todos os poderes estatais, não significa afirmar que inexistam diferenciações entre os diversos processos.

Efetivamente, em que pese a aceitação da existência de pontos em comum em todos os processos, o processo administrativo é dotado de elementos próprios, em razão de suas próprias finalidades e peculiaridades, que o caracterizam como tal, distinguindo-o, assim, dos demais processos.

Analisando as funções estatais, pode-se afirmar que existe uma estreita correlação entre a função e o processo administrativo. Isto porque as funções devem ser realizadas em consonância com os limites

estabelecidos pela Constituição e pelas leis, sendo certo que o processo é um dos instrumentos de controle à disposição da sociedade para que se garanta a atuação da Administração dentro desses limites.

Acrescente-se, também, que não obstante os diversos debates acerca da utilização do termo processo ou procedimento, nosso ordenamento adota o termo processo, como se verifica no texto constitucional, especificamente no art. 5º, inciso LV.

Não apenas em razão da opção do constituinte pátrio, mas principalmente em virtude do processo administrativo, poder ser considerado um instrumento de proteção, participação e garantia dos direitos individuais, entendemos ser mais adequada a terminologia processo do que procedimento.

O processo também não deve ser confundido com ato complexo. Este último, embora seja plurissubjetivo, tem o caráter unitário, isto é, todas as manifestações transformam-se em um só ato.

Já o processo administrativo não implica fusão de manifestações de vontade para a emanação de um único ato. Na realidade, há vários atos com finalidades específicas, distintas, sem prejuízo de possuírem também uma finalidade comum à generalidade deles.

Não obstante as diversas conceituações acerca das normas jurídicas, podemos afirmar que o ponto comum em todas as concepções adotadas é a presença da impositividade como traço essencial das referidas normas.

Em relação às normas constitucionais, quanto à sua estrutura, podemos dizer que elas podem ser classificadas em princípios e regras.

O processo administrativo é regido por diversas normas de direito, em especial pelos princípios, os quais são normas jurídicas que atuam como diretrizes do sistema, representado os valores fundamentais da sociedade.

Princípio e valores não se confundem. Os valores servem de fundamento aos princípios. Da mesma forma, regras e princípios apresentam traços de distinção.

Diversos são os critérios utilizados pela doutrina, a fim de que se possa fazer dita diferenciação, destacando-se: grau de abstração e generalidade; grau de determinabilidade; caráter da fundamentabilidade; proximidade com a idéia de direito; natureza nomorgenética dos princípios; modo de atuação dos princípios e das regras ou critério da funcionalidade e, finalmente, a gradualidade qualitativa.

Os princípios constitucionais possuem um caráter de preponderância sobre todo o sistema normativo, inclusive no que tange às demais regras constitucionais. Isto porque, embora tenham a mesma hierarquia formal que as demais normas, se sobrepõem em relação a estas no que tange ao seu aspecto substancial.

Eles atuam de forma positiva e negativa no sistema normativo. No primeiro aspecto, influenciam na criação, interpretação e execução do direito posto. Sob o enfoque negativo, excluem do sistema qualquer norma que contrarie os valores por eles representados.

No presente trabalho apresentamos a classificação referente aos princípios constitucionais norteadores do processo administrativo previdenciário: Isonomia, Legalidade, Devido Processo Legal e suas manifestações, Contraditório e Ampla Defesa, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade, Fundamentação e Eficiência.

O Princípio da Isonomia, também denominado de Igualdade, é aquele que impõe tratamento igualitário a todos, vedando discriminações imotivadas.

Assim como o Princípio da Isonomia, o Princípio da Legalidade também é essencial no Estado de Direito. Constitui uma das garantias dos direitos individuais, impondo à administração a sua subordinação, em toda a sua atividade funcional, aos mandamentos legais.

Ainda refletindo sobre Regime Político adotado, temos o Princípio do Devido Processo Legal, esculpido na Constituição em seu art.5º, incisos LIV e LV, que dispõe que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal e assegura aos litigantes e acusados o contraditório a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

Tal princípio deve ser entendido sob duplo enfoque, processual e substancial, determinando a adstrição da Administração Pública a ritos processuais previamente conhecidos e o respeito a limitações substanciais.

Como manifestações do Princípio do Devido Processo Legal, temos a ampla defesa e o contraditório.

Pelo primeiro, é vital o direito á plena ciência do processo, assegurando, em contrapartida o direito à prova em sua máxima. Por outro lado, também é imprescindível que haja a apreciação Plena ou Ampla competência decisória, impondo a apreciação e julgamento de qualquer questão relevante para a defesa.

O contraditório, por seu turno, pode ser sintetizado no direito de informação e direito de reação, acrescentando-se, ainda, a noção de igualdade, o que impõe a existência da isonomia das partes e não apenas igualdade de oportunidades.

Pelo princípio da Impessoalidade, o atuar da administração no processo administrativo previdenciário deve sempre visar ao interesse público previsto em lei. Por tal razão, exige-se neutralidade do administrador, que não deve ter qualquer tipo de interesse pessoal em sua conduta.

O Princípio da Moralidade Administrativa está diretamente relacionado com o dever de probidade do administrador público. Em razão de tal princípio, a Administração e seus agentes deverão sempre atuar de acordo com princípios éticos, com a boa-fé e lealdade processual, sob pena de seus atos serem tidos por inválidos.

O princípio da publicidade também pode ser considerado como da própria essência do Estado Democrático de Direito e da República. Representa o dever de tornar público o processo e a necessidade da devida intimação da parte interessada.

Quanto ao Princípio da Fundamentação, este consiste na obrigação da Administração motivar seus atos. A motivação deve ser entendida como a declaração das condições de fato e de direito e o respectivo nexo causal entre essas condições e o conteúdo do ato.

Por fim, temos o Princípio da Eficiência, que objetiva não apenas o sentido de qualidade, mas também o menor sacrifício possível dos administrados. No processo previdenciário, a eficiência se faz presente nos conceitos de celeridade, simplicidade, economia e efetividade.

Podemos, portanto, concluir que a observância dos princípios é fundamental para um bom funcionamento do processo administrativo previdenciário, instrumento de grande importância no Estado Democrático de Direito.