presos, que têm preferência em permanecer onde residem seus familiares, conforme consta na Cartilha Novos Rumos, do TJMG (2011).
O método APAC tem apresentado bons resultados e reduzido as taxas de reincidência criminal. Ainda de acordo com a Cartilha Novos Rumos, foi reconhecido em 1986 como alternativa para humanizar a execução penal e o tratamento prisional pelo Prison Fellowship International(PFI), organização não governamental que presta consultoria à Organização das Nações Unidas em questões penitenciárias, sendo adotado em países como Alemanha, Estados Unido, Nova Zelândia e Noruega. Apesar do reconhecimento internacional, existem hoje 49 unidades APAC em funcionamento em apenas cinco estados brasileiros, e 75 ainda em implantação, sendo necessário o compromisso do governo para dar continuidade à expansão do método por todo território nacional, como recomendado pelo Conselho Nacional de Justiça em 2014, durante mutirões carcerários . 10
público maior rigor das punições contra as práticas delitivas. O resultado é a disseminação de uma cultura do encarceramento e o endurecimento da repressão que incide sobre as classes mais vulneráveis.
As penas privativas de liberdade são cumpridas em presídios sem estrutura e superlotados, onde os condenados são desrespeitados em sua humanidade e submetidos a condições degradantes, que tornam a ressocialização, idealizada pela legislação brasileira, um fim impossível de ser alcançado. O atual modelo punitivista do sistema penal, no qual a prisão figura como principal forma de resposta às práticas delitivas, não tem provocado a esperada redução dos índices de criminalidade e violência que, muito pelo contrário, crescem vertiginosamente na sociedade brasileira.
Assim, diante do exposto, é possível afirmar que, na prática, o Direito Penal e o instituto da pena de prisão funcionam como instrumento de controle social destinado a proteger os interesses e manter os privilégios das classes hegemônicas, com a consequente exclusão das necessidades das classes subordinadas, apresentando o mesmo comportamento apontado pelos autores da criminologia crítica décadas atrás. Para romper com essa situação faz-se necessário o investimento em políticas públicas de assistência social como forma de prevenção de delitos, a adoção pelo Estado de meios de resolução de conflitos mais pacíficos e, sobretudo, um olhar mais humanizado para dentro dos presídios, por parte da sociedade civil e do governo.
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