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Propusemo-nos, neste trabalho, utilizar as Redes Sociais, em particular o Google Wave, de forma a perceber as suas potencialidades para o ensino na faixa etária dos dezassete aos vinte e um anos, recorrendo à Internet e utilizando os conteúdos da disciplina e Sistemas de Informação, para promover a aprendizagem colaborativa e testando novos modelos de aprendizagem.

A operacionalização deste modelo foi efectuada através de trabalho realizado com uma turma de décimo segundo ano, do Curso de Profissional de Informática de Gestão da Escola Pedro Ferreiro, sito em Ferreira do Zêzere que, apesar de se encontrar num meio rural e desfavorecido, quando comparado com as grandes escolas dos centros urbanos, se revelou favorável a este estudo, visto que todos os alunos possuíam o equipamento necessário para a utilização das referidas Redes Sociais quer na escola quer fora dela. Foi ainda feito o acompanhamento do projecto in loco pelo investigador sendo os alunos e o professor parte integrante do projecto.

Pretendíamos obter respostas para as questões da investigação que traduziam o núcleo dos nossos objectivos e que eram: avaliar a usabilidade e entender as potencialidades educativas das Redes Sociais; compreender de que forma a utilização do Google Wave se torna útil a novas técnicas de aprendizagem; identificar as características de diferentes tipos de ferramentas; verificar qual a motivação dos alunos para o uso das tecnologias e identificar se os alunos estão motivados para novas metodologias de aprendizagem; maior colaboração entre pares.

Assim, a primeira das quatro questões de investigação do nosso projecto era «Quais as potencialidades da ferramenta Google Wave para a faixa etária dos dezassete aos vinte e um anos?».

Depois da avaliação das condições de realização do projecto, percebemos que, embora nunca tivessem ouvido falar do Google Wave, os alunos estavam em condições de participar no projecto, pois tinham computador e acesso à Internet.

Dos registos efectuados pelo investigador, pode referenciar-se a facilidade com que os alunos aprenderam a usar o Google Wave. Este registo tem tanto mais importância quanto o facto de nenhum dos alunos envolvidos no projecto terem conhecimento da existência da plataforma antes de esta lhes ter sido apresentada aquando deste estudo.

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Com os questionários percebemos que 95% dos alunos gostaram mais de trabalhar no Google Wave do que nas outras ferramentas sugeridas e graças a ele poderem editar os trabalhos de grupo na hora (55%), bem como partilhar documentos de uma forma fácil e rápida (50%). Todas estas preferências dos alunos se encontram de alguma forma associadas a novas formas de aprendizagem, às quais não estavam habituados a recorrer.

Os alunos aprenderam "sozinhos", construindo o seu próprio conhecimento, ao invés de dependerem totalmente do professor como detentor único do conhecimento que pretendiam adquirir. Descobriram e ensinaram-se uns aos outros a executar procedimentos, como por exemplo: enviar vídeos e a adicionar outros colegas à “Onda”. De salientar que nem sequer esperaram que o professor lhes ensinasse a manusear a ferramenta. Desde logo, tomaram a iniciativa de aprender e ensinar os colegas. Mostraram-se entusiasmados e interessados, colocando perguntas a colegas e à docente, querendo e mostrando-se ansiosos por aprender mais.

A segunda questão da investigação consistia em: «Até que ponto as plataformas de aprendizagem são um espaço apetecível para a disponibilização de conteúdos?».

Os alunos já utilizavam e estavam familiarizados com a Plataforma Moodle, visto que o recurso a este recurso era já prática corrente nesta escola e encontravam-se satisfeitos com a sua utilização. No entanto, depois de terem começado a trabalhar com o Google Wave, depressa a rejeitaram por não ser muito interactiva e por não permitir a comunicação síncrona, o que causava algum desconforto, tornando-se menos apetecível quando comparada ao Google Wave (cf. Gráfico 4).

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Gráfico 5 - Opinião dos Participantes

A questão de investigação referenciada em terceiro lugar era: «De que forma as Redes Sociais são eficazes na divulgação das acções educativas e como meio de apoio ao processo ensino-aprendizagem?».

Para dar resposta a esta questão, foram divulgadas acções educativas através das Redes Sociais, pelo que os alunos aderiram, recebendo a mensagem e partilhando-a quer nas Redes Sociais quer oralmente, mostrando-se motivados e considerando ser uma forma de se manterem informados sobre a vida escolar.

Finalmente, referimo-nos à última questão, «Quais as competências que os estudantes revelam ter adquirido nas frequências das formações?».

Os estudantes revelaram ter compreendido o conceito de rede social e de plataformas de aprendizagem, bem como muitas das potencialidades educativas, lúdicas e comunicativas de cada uma delas. Conseguiram ter a percepção de qual melhor se adaptava ao seu método de estudo, ficando entusiasmados com este novo modelo de aprendizagem. Revelaram ter compreendido também que todas estas ferramentas fomentam o trabalho colaborativo, o espírito de equipa e a partilha como forma de construir um conhecimento

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mais rico e abrangente. Na sua maioria, os alunos classificaram o Google Wave como sendo o aplicativo mais poderoso, visto que a sua utilização permite fazer tudo o que os outros permitem em separado, mas de uma forma mais rápida e com a mesma eficácia (cf. Gráfico 4).

Uma vez que o Google Wave é um projecto inovador, pouco utilizado ainda e pouco estudado, não nos foi possível realizar um tratamento comparativo de dados.

Conforme concluímos na análise dos dados, a interacção nos mundos virtuais é favorecida pelo facto do Google Wave disponibilizar várias utilidades novas e outras já existentes, mas que estarão todas juntas numa só ferramenta e que funcionam de uma forma tão eficaz ou mais ainda em termos de rapidez do que em outras ferramentas de partilha.

Este ambiente virtual permite que os formandos, mesmo que fisicamente distantes, colaborem na organização de actividades, como trabalhos de grupo, esclarecimento de dúvidas, partilha de ficheiros, entre outros.

Na análise da comunicação, registaram-se algumas lacunas, alguma infoexclusão por parte dos alunos, especialmente no início da utilização de ferramentas para eles desconhecidas. A amostra do estudo também era pouco significativa (apenas onze alunos), pelo que seria interessante executar, futuramente, um novo estudo, mais abrangente.

O projecto tinha como propósito, ainda que de forma subliminar, esclarecer sobre o uso das Redes Sociais no ensino, com especial atenção ao Google Wave, procurando demonstrar as potencialidades da utilização destes mundos virtuais no processo ensino- aprendizagem de jovens dos dezassete aos vinte e um anos, correspondente à faixa etária que tradicionalmente se encontra em frequência do ensino secundário ou superior.

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REFLEXÃO CRÍTICA

Relativamente às instalações da Escola Pedro Ferreiro, é de salientar o facto de a mesma possuir todas as condições para a realização deste estudo, com salas bem equipadas com computadores e rede Wireless e ainda o facto de, como administradora da Rede Informática da Escola, ter sido permitido à investigadora criar todas as condições em relação ao Software para a realização deste projecto, nomeadamente proceder à instalação do Second Life. Para além disso, não podemos omitir o facto de os alunos terem correspondido de forma tão positiva, colaborando empenhadamente neste projecto.

A principal limitação encontrada neste estudo foi a dimensão da amostra, resultante do número de alunos que compõe a turma. Esta foi a seleccionada por ser a turma que lecciono e que apresenta a faixa etária coincidente com a pretendida para este estudo.

Como proposta futura, consideramos que seria pertinente trabalhar com o Google Wave como uma plataforma de partilha de conhecimento e de trabalho colaborativo com muitos mais alunos do ensino secundário e mesmo alargá-lo ao ensino superior, revolucionando assim os métodos e hábitos de trabalho no ensino, aproveitando as tecnologias que nos são disponibilizadas e os conhecimentos já adquiridos pelos jovens ao nível das tecnologias da informação e comunicação, canalizando o gosto que têm pela utilização das Redes Sociais para propósitos mais didácticos e construtivos.

É ainda de realçar a importância que teria a formação de professores em ferramentas de partilha, particularmente no inovador Google Wave, nomeadamente ao nível da criação e organização de conteúdos e sua disponibilização na aplicação. Para além disso, será indispensável prepará-los para o papel do professor mediador e orientador deste novo método de construção do conhecimento.

Paralelamente à anterior proposta de trabalho futuro, consideramos pertinente a criação de Laboratórios Multimédia, não só no ensino superior, como já acontece, mas também no ensino secundário, como forma de rentabilizar as Ferramentas de Partilha disponibilizadas e com o fim de estruturação dos espaços, administração de contas e manutenção das diversas Interfaces.

Este trabalho exigiu algum esforço, visto que, para além das tarefas que me são exigidas como docente e como estudante, abracei um projecto que absorveu todo o

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meu tempo, pelas leituras realizadas, pelo planeamento que envolveu, pela necessária organização das tarefas e na implementação das mesmas. Considero, no entanto, que me foi gratificante pela experiência e aprendizagem que me proporcionou. Elucidou-me relativamente à importância da motivação dos alunos no estudo, no combate o insucesso escolar e o desinteresse dos alunos pela aprendizagem, tidos como um flagelo neste concelho rural e de fracas expectativas de vida. Familiarizei-me igualmente com as referidas ferramentas de partilha, o que será para mim uma mais-valia para futuros projectos, quer de carácter profissional quer pessoal. Tendo-me apercebido das dificuldades encontradas tanto por estudantes como por professores na utilização destas ferramentas de partilha no ensino, encontro-me já sensibilizada para as necessidades que cada um dos intervenientes no processo de ensino-aprendizagem irão futuramente sentir, estando, consequentemente, com este estudo muito mais preparada para os auxiliar a ultrapassar as dificuldades que se lhes apresentem.

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BIBLIOGRAFIA

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ANEXO I - Informação aos Pais e Encarregados de Educação

Informação aos Pais e Encarregados de Educação

Projecto de Estágio: A utilização das ferramentas de partilha como meio de aprendizagem colaborativa

Escola: Escola Pedro Ferreiro

Disciplina: Sistemas de Informação – 12º ano do Curso Profissional de Informática Professora: Sandra Henriques

Os alunos da turma irão desenvolver, durante todo o segundo período e uma parte do terceiro, actividades de aprendizagem relativas ao módulo VII com auxílio das ferramentas de partilha. As actividades dos alunos serão desenvolvidas com o apoio da docente em Ambientes Virtuais de Aprendizagem e também em espaço sala de aula.

Todas as actividades propostas vão ao encontro do desenvolvimento das competências da disciplina relativas a este módulo.

Com o desenvolvimento deste Ambiente Virtual de Aprendizagem pretende- -se que os alunos se envolvam e se responsabilizem mais pela sua aprendizagem e pela construção do seu próprio conhecimento.

Para que tudo corra bem, espera-se, por parte dos pais e/ou Encarregados de Educação, o incentivo e a motivação do aluno, na realização das tarefas propostas.

Agradecendo a atenção dispensada, e com os cumprimentos, A Professora, Sandra Henriques

Ferreira do Zêzere, 4 de Janeiro de 2010

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O Enc. de Ed.____________________________________, Nº ___, Turma _____, Data _____ /01/2010, recebeu informação relativa ao ambiente virtual de aprendizagem.

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