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Situado na Região Sudoeste de Brasília e com uma demanda reprimida de milhares de pessoas, o Hospital Regional de Taguatinga – HRT que completou 45 anos no último dia 02 do mês de março e atende aproximadamente 800 pacientes por dia, foi escolhido como objeto do estudo do tema Gestão de Custos por ser Instituição pública de grande porte, sendo o segundo

maior hospital público de Brasília e reconhecido pelas publicações de pautas negativas decorrentes de estatísticas de problemas estruturais.

Na percepção analítica de um gestor público é possível identificar a constância de questões administrativas por solucionar, as quais implicam em consequências físicas e na qualidade do atendimento do hospital. Por essas razões, a Gestão de Custos do Hospital Regional de Taguatinga foi escolhida para ser tema deste estudo.

Na etapa inicial foi feita uma releitura e revisão bibliográfica de diversos autores que fizeram uso do assunto para demonstrar o quanto os sistemas de custeio dos hospitais carecem de atenção e estão em grande parte inadequados ou apresentam síntese de dados que atendem a esfera externa, mas com deficiência às necessidades dos administradores da casa. A literatura fala sobre a importância de a instituição ter profissionais com especialização e conhecimento específico para conduzir o departamento de custos e o quanto o uso de sistemas modernos e práticos se prestam aos controles de precisão, necessários a tomada de decisão imediata e das informações básicas para o planejamento dos gastos e despesas em exercícios futuros.

Para o melhor entendimento do assunto, foram exemplificados alguns métodos de custeio como o custeio por absorção que é o mais utilizado, por exigências legais, pela maioria dos hospitais públicos inclusive pelo HRT. Foi observado que o método de melhor adequação às necessidades do hospital é o Sistema ABC que é baseado nos custos gerados pelos Centros de Custos, no caso as especialidades médicas, trazendo visão mais abrangente do quanto um paciente custou para aquele hospital e onde se concentram os maiores gastos. Na linha desse sistema, o Administrador consegue apurar possíveis razões de gastos desnecessários, problemas de logística e orientação na aplicação de medidas consistentes para minimizá-los.

Foram mencionados os tipos de custos universalmente aceitos e como classificados nas Ciências Contábeis: os custos variáveis diretos que são aqueles setorizados e estão diretamente ligados ao atendimento médico ao paciente e os custos indiretos que são àqueles voltados para as demais atividades e geram despesas administradas pelo hospital como despesas com o quadro de pessoal (RH), materiais de consumo, medicamentos, infraestrutura, contratos com terceiros, entre outros itens que mantem o funcionamento de toda a estrutura física.

Na releitura de alguns autores, foi destacada a importância da implementação de softwares modernos que prestem informações sempre precisas e com agilidade, um sistema que acompanhe a evolução dos procedimentos e contribua para aprimorar a qualidade da atividade fim.

Foi realizada pesquisa de campo com visita ao hospital para coletar dados numéricos sobre os departamentos envolvidos e demais informações necessárias para a formação de juízo sobre a atuação do setor. As informações foram obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas com as servidoras do Núcleo de Gestão de Custos e Gerência de Orçamento e

Finanças responsáveis pelos setores lotados no HRT. Além da obtenção de respostas por questionário aplicado ao Núcleo de Custos e entrevista informal nos dois setores, foram disponibilizados relatórios anuais dos gastos por despesa – no Núcleo de Gestão de Custos – e, relatórios bimestrais dos repasses (receitas) – pela Gerência de Orçamento e Finanças – destinadas ao Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde – PDPAS, programa que tem o propósito de solucionar financeiramente casos emergenciais de forma descentralizada.

Na primeira visita foram disponibilizados relatórios anuais de custos referentes ao período de 2018, 2017 e 2015 (ver – tabela 1, 2 e 3) e procedendo a análise dos relatórios, observou-se que o material de prestação de contas disponível é sintético e oferece pouca informação. Os relatórios disponibilizados careciam de melhoria quanto à elaboração em si e revisão já que se constataram inconsistências até mesmo na soma de determinados valores. A sugestão para o Núcleo é quanto necessidade de elaboração de relatórios de maior detalhamento e abrangência, inclusive dos gastos por Centros de Custos o que certamente trará segurança à tomada de decisão, no conhecimento das áreas médicas que geram maiores gastos e o porquê e ainda identificar onde esta havendo desperdícios ou itens geradores de maior despesa. O objetivo da sugestão de elaboração de acompanhamentos com maior nível de detalhes, tipo detalhando o consumo mensal, seria expandir a visão do gestor de modo que ele consiga assistir as necessidades gerais do Hospital e também as necessidades setorizadas e possa oferecer relatos de maior abrangência e suficiência, inclusive para atender às inspeções dos Órgãos de Auditoria. Não foram disponibilizados dados relativos ao exercício de 2016, não sendo possível esclarecer quanto à elaboração ou não, informando que no período a gestão do núcleo era conduzida por outra chefia. Além dos relatórios das despesas tivemos acesso a gráficos que ilustram, por item de consumo, a geração hierarquizada dos custos para o hospital e procedendo a um comparativo entre dados dos exercícios disponibilizados constatou-se que os Gastos com Pessoal são os predominantes, ocupando em média de 90% do total das despesas em cada ano.

Ficou evidenciado pelos documentos disponibilizados, de interesse da Secretaria de Saúde do DF, que o Hospital considera como Custos, as despesas indiretas, pois não se tem nos relatórios o detalhamento dos gastos gerados por cada centro de custo, em última análise os Custos Diretos.

Apesar da experiência profissional e vasto conhecimento demonstrado sobre o setor de Custos, a chefe responsável pelo Núcleo declarou não dispor de especialização voltada para a área – Gestão de Custos ou Gestão de Custos Hospitalares – e foi conduzida para ali a cerca de um ano. Segundo a literatura sugerida ao longo do trabalho poderia ser um fator positivo, um diferencial para obtenção de bons resultados no panorama geral aquela formação.

de Orçamento e Finanças, na qual foi esclarecido que as demandas materiais passíveis de processo de licitação, a exemplo de próteses e outros itens específicos, ou seja, as compras de maior vulto são centralizadas e administradas diretamente pelo Sistema Único de Saúde – SUS – Secretaria de Saúde. O departamento controla as verbas de repasse bimestral e também prestam conta bimestralmente desse valor. As receitas são providas pela Secretaria de Saúde do DF e são destinadas para ao Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde – PDPAS para serem utilizadas com as despesas emergenciais até o limite da Lei das Licitações. Foram identificadas peculiaridade. Os limites dessas despesas não podem exceder o saldo financeiro durante o bimestre antes do próximo repasse ainda que as despesas presentes exijam maior dispêndio e por vezes, o valor que é destinado ao PDPAS acaba sendo utilizado para suprir essas deficiências. Outra peculiaridade que foi observada e traz dificuldades de execução de despesas é não haver data específica para a transferência do repasse pela Secretaria do Governo do Distrito Federal.

Após levantamento das informações, infere-se que em face da subordinação ao Governo Distrital, os hospitais devem submeter-se àquela hierarquia e a determinadas regras e praxes e aceitar a forma como elas são impostas, portanto com pouca autonomia, o que torna por vezes difícil a flexibilização na forma de gerir. Do ponto de vista técnico, o ideal seria a implantação de um método de maior controle de Gestão de Custos como, por exemplo, o método ABC, mas por ser usual na rede hospitalar, a Administração do HRT foi uma das que adotou o modelo de Custeio por Absorção ainda que demonstre ser um sistema com carências para fins de informações à administração interna.

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