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Os acidentes de trabalho sempre existiram, o ser humano com sua evolução, foi percebendo que havia muitas desigualdades na sociedade, e que muitas vezes os indivíduos que sofriam danos por causa de acidentes na sua atividade laborativa, ficavam em situação de inferioridade, pois não dispunham mais do potencial que tinham antes da ocorrência do dano. Assim surgiu a responsabilidade civil para tentar reparar todo o dano que alguém sofresse.

O presente estudo ficou restringido à análise da responsabilidade civil do empregador nos acidentes de trabalho. Pelo conteúdo estudado observou-se que há duas teorias que tratam deste tipo de responsabilidade, não tenho ainda um consenso na doutrina e jurisprudência sobre qual é a melhor teoria a ser aplicada a este caso.

Vimos que a responsabilidade civil subjetiva é a regra, sendo esta a teoria adotada pela maioria dos doutrinadores, e, ainda, a mais utilizada pelos Tribunais. Ela é extraída da CF/88, mais precisamente art.7º, inciso XXVIII, que diz que é direito do trabalhador o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

Ficou evidenciado também que com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, introduzindo o parágrafo único do art. 927, que fala da responsabilidade objetiva nas atividades de risco, a doutrina e a jurisprudência começaram a divergir nos seus entendimentos. Percebeu-se que muitos doutrinadores, mesmo sendo doutrina minoritária ainda, corroboram com a teoria da responsabilidade civil objetiva nos acidentes de trabalho, alegando que o trabalho é uma atividade de risco, e que o empregado é a parte hipossuficiente da relação de trabalho, tendo a lei, portanto, que ser aplicada sempre em benefício deste.

Disto, concluímos que já existe na relação de emprego entre o empregador e o empregado uma relação de responsabilidade objetiva, pois que, quando ocorre um acidente com o trabalhador este é reparado pelo seguro da Previdência Social, não importando se o empregador agiu com dolo ou culpa. Se o empregado se acidentou, então terá direito ao seguro do INSS, desde que inscrito e que o acidente guarde causa com o dano ocorrido.

Vimos também que a CF/88, resguarda muitos direitos aos trabalhadores, e a CLT prevê os deveres de cuidado e os casos em que o empregador fica obrigado a reparar o empregado. Logo, se o empregador descumprir algum dever de cuidado estabelecido nesta legislação infraconstitucional, ficará comprovada sua culpa, tendo então que ser responsabilizado. Ademais percebemos que a Justiça Trabalhista, que é a responsável por julgar os casos de acidentes no trabalho, é sempre a favor do empregado, tendo o empregador que provar o contrário. Então a alegação da teoria objetiva, fundada na hipossuficiência do empregado, já está sendo observada, de modo que este já dispõe, de modo acertadamente, de sua devida proteção.

Assim, dito isto, mesmo com o crescente desenvolvimento da teoria objetiva nos dias atuais, nos vinculamos ao entendimento dos que defendem a teoria subjetiva, pois que não seria justo atribuir ao empregador duas responsabilidades, quando comprovado que este em nada contribuiu para a ocorrência do dano. O empregado não ficará desamparado, pois verá seu direito indenizatório pela Previdência Social.

Entendemos que devemos observar os dois lados da relação contratual, pois seria injusto atribuir obrigações apenas a um dos lados. Todos têm seus direitos e deveres, se fossem cumpridos, os problemas, com certeza, diminuiriam bastante. Então, acreditamos que os casos devem ser analisados de perto, observando quem descumpriu com suas obrigações, para poder aplicar o direito cumprindo com sua função social, que é construir uma sociedade livre, justa e solidária.

Ao fim, concluímos o entendimento de que a teoria objetiva poderia estimular o desemprego, que já é alto no nosso país, visto que sendo o empregador responsável, além da indenização que é devida ao trabalhador pela Previdência, por todos os atos de seus empregados tendo que indenizá-los na ocorrência de qualquer caso, quando comprovado o nexo causal com o dano ocorrido, este tenderia a não querer mais contratar tantas pessoas, pois sempre sairia no prejuízo. Assim, o numero de pessoas desempregadas aumentaria sem dúvida.

Salientando, ainda, que a melhor maneira de resolver este problema, é e sempre será a prevenção. Quando ocorre um acidente de trabalho todas as partes são prejudicadas: o empregado que sai em desvantagem porque foi ferida sua integridade física ou moral e o empregador que além de ficar sem seu funcionário ainda terá que arcar com as despesas do acidente. Logo, todos deveriam observar

as normas de proteção que a legislação estabelece. Uma sociedade com poucos problemas, onde há o respeito entre seus cidadãos, é uma sociedade em paz e feliz.

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