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A pesquisa teve como objetivo analisar a mobilidade urbana sustentável na cidade de Santa Cruz do Sul por meio do cálculo do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável. O estudo foi baseado na metodologia desenvolvida por Costa (2008) para determinação do Índice de Mobilidade Urbana (IMUS). Além deste, a pesquisa possui embasamento teórico em trabalhos anteriores e na NBR 9050 (ABNT, 2015). Embora o índice seja composto por 9 domínios, foram analisados apenas dois, o domínio de acessibilidade e de modos não-motorizados, devido à indisponibilidade de informações e a demanda de tempo que inviabilizaria a aplicação dos demais.

O domínio de acessibilidade é um indicador de muita importância, pois além de avaliar as condições de mobilidade, avalia a acessibilidade. Já o domínio de modos não-motorizados se identifica muito bem com o quesito sustentabilidade, uma vez que o mesmo avalia as condições de incentivo a meios de transporte alternativo, como: transporte coletivo, deslocamento a pé e com bicicleta, também, a redução dos deslocamentos, com o intuito de causar menor impacto ao meio ambiente.

No domínio de acessibilidade foram calculados 9 dos 10 indicadores do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável, desenvolvido por Costa (2008), 6 deles apresentaram resultado satisfatório, atingindo um score maior que 0,5. São eles: acessibilidade ao transporte público, transporte público para pessoas com necessidade especiais e mobilidade reduzida, despesas com transporte, acessibilidade aos espaços abertos, acessibilidade aos serviços essenciais, fragmentação urbana.

O indicador de travessias adaptadas a pessoas com necessidades especiais teve um resultado ruim, isso porque as travessias não estavam adequadas a NBR 9050 (ABNT, 2015).

Grande parte das travessias possuía rampa para acessibilidade, porém em alguns casos não estavam com a largura adequada, não respeitavam a inclinação máxima ou não possuíam o piso podotátil direcional e de alerta, que é muito importante para pessoas com deficiência visual.

Outro indicador do domínio de acessibilidade que ficou com resultado baixo foi o de vagas de estacionamento para pessoas com necessidades especiais. Na contagem das vagas realizada no principal centro de comércio do bairro Centro de Santa Cruz do Sul, foi possível contabilizar o número de vagas para deficiente e idosos. Este resultado comparado ao exigido por norma, foi insatisfatório. O número de vagas para deficiente foi menor do que exigido e em alguns casos não estavam com sinalização adequada.

Para o domínio de modos não motorizados foram calculados 6 de 9 indicadores do índice.

Destes, apenas o indicador de vias com calçadas apresentou bom resultado. Os indicadores de frota de bicicletas, estacionamento para bicicletas e vias para pedestre ficaram com resultado igual a zero. Esses resultados ruins mostram o desinteresse do poder público à promoção da mobilidade por meios sustentáveis.

Os resultados dos índices foram comparados com o de outras cidades onde a mesma metodologia de pesquisa foi aplicada. No domínio de acessibilidade, o índice global obteve resultado insatisfatório, porém, mesmo que ainda inferior, o valor foi muito próximo à pontuação atingida por Centro de Canoas e Brasília. Na avaliação setorial, Santa Cruz do Sul apresentou melhor desempenho que Brasília no setor ambiental, porém, nos demais setores, obteve resultados inferiores as cidades em comparativo.

No domínio de modos não motorizados, Santa Cruz do Sul também obteve pontuação baixa. Mesmo com resultado insatisfatório as pontuações para os índices global, econômico, social e ambiental, foram melhores que a cidade de Brasília. Vale a pena ressaltar que no entanto foi avaliado apenas o bairro Centro de Santa Cruz do Sul, o que pode ser considerado uma amostragem pequena do município. Além disso, esse é o bairro com melhor situação, o que indica a possibilidade de declínio no resultado do IMUS se as demais regiões do município entrarem no somatório de índices, como foi realizado na pesquisa em Brasília.

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APÊNDICE A – Check list de travessias adaptadas para pessoas com necessidades especiais

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