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Os suplementos alimentares são uma categoria de géneros alimentícios, por conseguinte devem obedecer à legislação aplicável aos géneros alimentícios no geral e à legislação específica para suplementos alimentares.

Existe legislação harmonizada a nível europeu, no entanto também existem disposições nacionais específicas de cada Estado-Membro e aspetos que ainda não se encontram legislados/harmonizados e que podem dificultar a livre circulação dos suplementos alimentares a nível europeu.

Dentro da legislação harmonizada existem disposições quanto à informação fornecida ao consumidor. Dentro desta inclui-se a informação obrigatória e a informação fornecida a título voluntário. As regras que regem o tipo e o modo como esta informação é fornecida está legislada, sendo na sua maioria harmonizada a nível europeu.

No entanto, ainda existem algumas lacunas que podem influenciar o comércio dos suplementos alimentares, nomeadamente a nível dos produtos-fronteira e das alegações de saúde.

Existem disposições e listas harmonizadas quanto à composição de um suplemento alimentar, nomeadamente no que diz respeito às vitaminas e minerais. No entanto, na composição dos suplementos alimentares podem ser utilizadas outras substâncias que não vitaminas e minerais, nomeadamente plantas e preparações à base de plantas, não havendo harmonização quanto à utilização destas substâncias.

Apesar do conceito de homeostasia, existem casos em que as mesmas substâncias, nomeadamente plantas e preparações à base de plantas, são utilizadas como suplementos alimentares em alguns Estados-Membros e como medicamentos noutros Estados-Membros, o que pode trazer entraves na comercialização e registo dos suplementos alimentares por empresas que pretendam comercializar os seus produtos em vários Estados-Membros.

54/58 Alguns Estados-Membros elaboraram listas com ingredientes que podem ser usados em suplementos alimentares, mas estas listas têm validade apenas a nível nacional ou para outros Estados-Membros que as aceitam na sua região.

A falta de harmonização a nível das substâncias que não vitaminas e minerais, reflete-se também na avaliação das alegações de saúde submetidas para estas substâncias, nomeadamente plantas e preparações à base de plantas.

Neste momento existem listas de alegações de saúde autorizadas para vitaminas, minerais e outras substâncias/preparações, no entanto as alegações submetidas para as plantas e derivados ainda se encontram pendentes.

Enquanto aguardam uma decisão final, estas alegações podem ser utilizadas no mercado da UE sob a responsabilidade dos operadores económicos, estando assim o consumidor exposto a alegações de saúde ainda não autorizadas/avaliadas e podem acreditar erradamente que os efeitos benéficos comunicados foram cientificamente avaliados e o risco gerenciado.

Deste modo, é importante e urgente que sejam elaboradas listas harmonizadas a nível europeu de substâncias autorizadas a serem utilizadas em suplementos alimentares, na qual todos os países da União se baseiem, promovendo assim um mercado mais justo e global.

Para essas substâncias autorizadas devem também ser avaliadas as respetivas alegações de saúde, de modo a que a informação fornecida aos consumidores espelhe apenas as alegações para as quais houve uma avaliação e uma base científica suficiente para suportar aquela alegação. Neste aspeto o farmacêutico seria uma mais-valia, visto ser um profissional de saúde dotado de um conhecimento geral não só a nível da farmacologia, como a nível da bromatologia, farmacognosia, química, biologia, toxicologia, entre outros, essenciais para uma boa avaliação do risco da utilização daquelas substâncias em suplementos alimentares e das respetivas alegações.

Adicionalmente, o facto de os suplementos alimentares serem considerados como géneros alimentícios, acaba por desvalorizar os potenciais efeitos negativos que podem trazer para alguns grupos populacionais. Os suplementos alimentares são fontes concentradas de nutrientes e estão acessíveis a todos não só nas farmácias, mas também noutras superfícies comerciais, como supermercados, e até mesmo na internet. São produtos de venda livre sem qualquer restrição. Podem, no entanto, ter influência na saúde dos consumidores, nomeadamente naqueles a fazer terapêuticas medicamentosas, podendo haver interações suplemento-medicamento. É necessária uma maior sensibilização do consumidor para estes efeitos.

Em conclusão, a legislação dos suplementos alimentares deve ser revista e mais harmonizada tanto a nível da sua composição como a nível da informação prestada ao consumidor, o que levará certamente a melhores condições de comercialização global com um elevado nível de qualidade e segurança capazes de aumentar a confiança dos consumidores.

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