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Partiu-se da premissa de que o meio ambiente degradado não pode ser reparado na sua integralidade, retornando à situação que existiria caso o dano ambiental não houvesse ocorrido, razão que justifica a priorização da prevenção e da precaução.

Sobrevindo o dano, surge o dever de reparar nos moldes da responsabilidade civil ambiental, a qual foi analisada no âmbito do julgamento da ação civil pública, instrumento processual mais eficaz ligado à tutela coletiva ambiental.

Tal reparação, consoante o exposto, poderá ser realizada por meio da recomposição, da compensação ecológica ou da indenização.

Com a impossibilidade da recomposição (reconstituição integral do meio ambiente lesado), foi abordada a necessidade de se privilegiar a compensação ecológica (estabelecimento de uma situação equivalente à anterior ao dano ambiental), a qual objetiva a redução dos efeitos negativos decorrentes do dano.

Devido à indisponibilidade da preservação ambiental, apenas quando a reparação em natura for impraticável ou tecnicamente impossível, deve prevalecer somente a reparação em pecúnia.

Viu-se que, não sendo o dano ambiental reparável em sua integralidade, é cabível a condenação dos poluidores à reparação em natura cumulada com a reparação em pecúnia (indenização).

No tocante à superação dos obstáculos à reparação, foi exposto que: a identificação dos responsáveis pode ser solucionada com a responsabilização dos sujeitos que exercem atividades que potencialmente dão ensejo à lesão ocorrida; a dificuldade de provar o nexo de causalidade pode ser resolvida com a inversão do ônus da prova; a mensuração econômica do dano deve considerar métodos objetivos elaborados por peritos ou estudiosos da agronomia ou da engenharia ambiental.

Considerando que a condenação do poluidor abrange uma obrigação de fazer (reparação) e/ou não fazer (abstenção em continuar a poluir, por exemplo), mostrou-se relevante o estudo da tutela específica, instrumento de satisfação in natura da obrigação inadimplida, evitando sua conversão em perdas e danos, o que seria bastante prejudicial para a coletividade atingida pelo dano ambiental.

A tutela específica deve ser concedida de acordo com o caso concreto, dividindo- se em: tutela inibitória, tutela de remoção do ilícito ou tutela ressarcitória.

A última foi priorizada neste trabalho, uma vez que se volta ao ressarcimento do dano já ocorrido, podendo o ressarcimento ser prestado em natura e/ou pelo equivalente em pecúnia.

Foi constatado que o valor pecuniário também visa à reparação, visto que a Lei 7.347/85 prevê em seu art. 13 que a indenização, será revertida a um fundo cujos recursos devem ser destinados à reconstituição dos bens lesados.

Assim, foi possível constatar a importância da tutela específica na reparação do dano ambiental.

Revelou-se essencial a função do órgão julgador na previsão adequada dos meios necessários para efetivar a tutela específica, possibilitando que o obrigado seja forçado a realizar o que lhe for determinado, nas situações em que não cumpre voluntariamente a obrigação.

As medidas executivas analisadas foram: a imposição de multa, a prisão do devedor, o desfazimento de obras, a cessação da atividade nociva, a execução da obrigação por terceiro e a nomeação de um administrador provisório para atuar em nome da pessoa jurídica devedora, agindo no sentido de adimplir a obrigação de fazer ou de não fazer.

Por fim, concluiu-se que tais meios coercitivos ou de sub-rogação devem ser escolhidos pelo magistrado de acordo com as necessidades do caso concreto, prevalecendo aquele que se mostrar mais idôneo à recuperação do meio ambiente lesado e, se possível, menos gravoso ao devedor.

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