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Este trabalho teve como objetivo analisar a evolução do crédito rural no Brasil, e no Rio Grande do Sul, ressaltando os recursos direcionados ao desenvolvimento do setor pesqueiro.

A política de crédito rural no Brasil, bem como seus objetivos, são parte das estratégias do Governo Federal em desenvolver a economia brasileira através da agricultura. Porém, era necessário que se aumentassem os excedentes de produção agrícolas para serem exportados. Para aumentar a produção era preciso que houvessem aumentos de produtividade, o que era inviável devido ao tipo de produção agrícola que tínhamos até então.

Este aumento na produção foi alcançado graças à disponibilidade do crédito rural para custeio, investimento e comercialização, a partir de 1965. Esta política foi considerada o grande marco de desenvolvimento da atividade pesqueira no Brasil.

Destaca-se que a política de crédito rural sempre esteve atuante no País desde sua implementação até o período atual, com menos intensidade em alguns anos, mas sempre presente. Desde os anos 60, o crédito rural tem sido um importante instrumento de política pública para o desenvolvimento agrícola no Brasil.

Conforme as análises realizadas, pode-se constatar que o setor agrícola foi o maior beneficiado com os recursos do crédito rural ao longo de todo o período analisado, de 1969 a 2007, tanto no Brasil como no Rio Grande do Sul, com uma média de 82% dos recursos distribuídos no crédito rural total. Logo após está à pecuária, com uma média de 17%, seguido do crédito a pesca, este com menos de 1%, mostrando assim sua pequena participação dentro dos recursos advindos do crédito rural.

Ao analisar a distribuição do crédito rural à atividade pesqueira no estado do Rio Grande do Sul, comparando-a com o crédito à pesca no Brasil, nota-se o grande volume de crédito captado pelo Estado Gaúcho, chegando a captar cerca de 15% do

total de crédito rural no Brasil no final do período estudado (de 1969 a 2007). No Brasil, a pesca absorve menos de 1% do volume total de crédito rural.

Notabiliza-se, no ano de 1995, o surgimento do PRONAF (programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar), criado com o objetivo de fortalecer os pequenos e médios produtores, cobrindo assim um dos erros do Sistema Nacional de Crédito Rural, que alcançou apenas os grandes produtores ao exigir maiores garantias reais em troca do acesso ao crédito.

Quanto as modalidades, é possível observar que no Brasil, o maior volume de recursos é captado pelo crédito de custeio, com cerca de 43% de todo o crédito rural, ficando o crédito de investimento com 35% e o crédito de comercialização com 22%.

No estado do Rio Grande do Sul, o crédito de custeio chega a captar 71% de todo crédito rural destinado à pesca no Estado, dentro do período em análise (1969 a 2007). Para este mesmo período, o crédito rural captado para investimento ficou com 9%, e o crédito de comercialização com 20%.

De acordo com as análises realizadas, observa-se que o estado do Rio Grande do Sul mostrou-se importante na captação de recursos comparando com o nível captado no Brasil. O crédito de custeio detém a maior parte do crédito total captado no Estado dentro do período analisado.

A grande participação do crédito rural à pesca do Rio Grande do Sul em relação ao crédito rural à pesca do Brasil, é explicada pelo aumento constante a cada ano da participação do crédito rural para custeio da pesca, que visa à captura, a conservação, o beneficiamento e/ou industrialização do pescado.

Nota-se algumas discrepâncias na distribuição do crédito rural no Rio Grande do Sul, identificadas ao longo deste trabalho. Enquanto o crédito de custeio recebeu ao longo do período, a maior parte dos valores, o crédito para investimento, utilizado para aquisição de barcos, desenvolvendo assim o segmento ao longo dos anos aumentando a captura, este recebeu a menor parcela.

Porém, estes dados demonstram o grande potencial Gaúcho na pesca industrial, através do grande volume de recursos captados via crédito rural, desenvolvendo assim a atividade pesqueira no Estado, que tem grande importância econômica e social.

REFERÊNCIAS

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