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Neste trabalho foram elaborados diversos gráficos e tabelas para condensar e compilar os dados e facilitar a extração de informações. Foram realizados, também, testes estatísticos, que foram importantes tanto para confirmar hipóteses previamente estabelecidas, como para refutar outras, ou seja, alguns resultados esperados puderam ser confirmados, e outros rejeitados. De acordo com os testes de aderência, foi constatado que os dados não seguem uma distribuição normal, ou seja, não são paramétricos. Com isso, foi necessário o uso de testes não paramétricos. Foi verificado que os custos por metro cúbico de esgoto tratado apresentaram grande variação de uma ETE para outra, com grande influência da vazão tratada nos custos operacionais. Foi encontrada a mediana geral para o custo operacional das estações analisadas de R$ 0,96/m³, valor próximo e / ou dentro das faixas de valores reportadas na literatura consultada. O maior custo operacional foi de R$ 4,67/m³, para a ETE 04, com equivalente populacional menor do que 5.000 habitantes e cujo tratamento é realizado por reator UASB. Contudo, essa ETE tem 56% de capacidade ociosa, sendo que os custos operacionais seriam de R$ 2,05/m³, caso operasse em plena capacidade. Além disso, esta estação é localizada em área de risco, necessitando de vigilância constante, o que eleva o custo operacional. Já o menor custo operacional foi de R$ 0,13/m³, para a ETE 43, com equivalente populacional maior do que 50.000 habitantes e processo de tratamento por reatores UASB seguidos de filtros biológicos percoladores. Foi observado que a maior despesa das ETEs foi com “Pessoal” (média geral de 72% / mediana de R$ 0,73/m³).

Analisando-se apenas os processos de tratamento, o processo do tipo Lagoas teve a menor mediana de custos. O processo de reatores UASB seguidos ou não de pós tratamento teve a maior mediana de custos operacionais, todavia, este é o processo de tratamento da maioria das ETEs de menor porte, que também tiveram a maior mediana de custos operacionais. Analisando-se separadamente por faixas de vazão, especificamente na faixa de maior porte (equivalente populacional maior do que 50.000 habitantes), o processo de tratamento com menor mediana de custos operacionais foi o UASB/UASB+Pós. Com base nos testes estatísticos realizados, a comparação entre diferentes tecnologias só deve ser realizada para ETEs de mesmo porte, sendo que pelo teste de Kruskall-Wallis, seguido de Dunn, na análise dos grupos divididos por equivalente populacional, foi observado que as medianas de todos os

grupos se diferenciam entre si. Com isso, e com base na análise dos custos operacionais para as ETEs de porte superior e para os grupos de UASB/UASB+Pós e Sistemas Aerados, ficou explicitado menor custo operacional do primeiro processo.

Na análise para os diferentes portes pode-se perceber similaridades na distribuição dos gastos nas ETEs com equivalente populacional menor do que 5.000 habitantes e entre 5.000 e 50.000 habitantes, cujos percentuais de gastos ficaram próximos. Em ambos os grupos, os gastos com o “Transporte de Lodo” foram pouco expressivos (< 5%), com diversas estações sem custo algum com o lodo, o que pode ser explicado pelo fato da destinação do lodo de algumas ETEs menores estar inclusa dentro de ETEs maiores. Por outro lado, nota-se que a estratificação dos custos operacionais aumentou conforme a vazão e o nível do tratamento aumentaram, sendo que nas ETEs maiores (> 50.000 habitantes) o “Transporte do Lodo” teve o maior percentual de todos os agrupamentos (5%), provavelmente pelo maior volume, e os gastos com “Energia Elétrica” foram de 28%. Segundo o teste de Spearman, foi observada forte correlação, conforme esperado, entre vazão e porte, e correlação regular entre o porte e os custos operacionais das unidades, sendo observado que o menor custo operacional foi das ETEs para atender a populações acima de 50.000 habitantes. Neste caso, apesar da maior complexidade operacional das unidades e do maior contingente de pessoal empregado, o grande volume tratado dilui os gastos, tornando o custo unitário relativo menor, sendo mais de 3 vezes inferior do que o custo das ETEs de menor porte, que apresentaram os maiores custos operacionais. Esta análise permite vislumbrar vantagens na centralização do tratamento de esgotos durante a concepção ou para otimização dos sistemas de esgotamento sanitário de cada bacia/município, mediante estudos comparativos de viabilidade de implantação de sistemas de coleta.

Pela avaliação da ociosidade das estações nota-se a grande diferença entre os custos operacionais calculados a partir da vazão real afluente à estação e a partir da vazão para a qual a estação foi projetada. Foi percebida drástica redução na mediana geral dos custos das ETEs com a vazão de projeto, que caiu para menos da metade (R$ 0,45/m³) da mediana geral das ETEs com a vazão real. Analisando-se separadamente, todos os agrupamentos tiveram grandes reduções nos custos operacionais, em especial o grupo de processos UASB/UASB+Pós. Esta análise permite atentar para a importância do planejamento da implantação das unidades do sistema de esgotamento, assim como a etapalização de unidades, para que as vazões de início

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Apesar de ter sido encontrada correlação entre os volumes de chuva e o aumento das vazões de esgoto, ao se analisar a influência da sazonalidade nos custos operacionais, não se obteve correção significativa, o que indica pouca influência da vazão de infiltração nos custos por m³ de esgoto tratado. Tal fato foi diferente do esperado, uma vez que o aporte de vazão às estações ocasionaria uma diluição dos custos operacionais. Porém, nota-se elevada correlação significativa entre os custos operacionais e os demais gastos, que não são fixos e variam ao longo do ano, assim, a variação dos demais gastos pode ter contribuído para a baixa correlação dos custos operacionais com a vazão tratada. Essa afirmação permite atentar para a importância dos custos de manutenção nos estudos de viabilidade econômica e financeira, sendo que, na grande maioria dos casos, e uma vez que não é possível a previsão da frequência ou magnitude de tais ocorrências, estes gastos não são considerados, sendo analisados apenas os custos de operação e implantação.

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