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Equação 4: Análise Desagregada, Endividamento Sinteticamente em Reais

6. Conclusões

O presente trabalho buscou estudar o endividamento das empresas brasileiras nos recentes anos de 2006 a 2009, analisando seus fatores determinantes tanto em bases agregadas como também pelo tipo de endividamento, especificamente trabalhando com as variáveis dependentes de endividamento em moeda local, endividamento em moeda estrangeira e endividamento sinteticamente em reais.

O objetivo central da análise agregada era atualizar a pesquisa brasileira para um novo contexto econômico do país, além de definir padrões para a etapa desagregada, pouca explorada desse modo nos trabalhos brasileiros. Nesse sentido, encontramos em nossos resultados variáveis bastante relevantes e consistentes com a literatura geral, tanto para mercados maduros como emergentes, como também para os casos brasileiros. As variáveis tradicionais de tamanho da empresa, oportunidade de crescimento e lucratividade, por exemplo, não só se mostraram significativas, como também apresentaram coeficientes consistentes com o esperado pelas teorias de “Static Trade-off”, “Costly Monitoring & Agency” e “Pecking Order” respectivamente. Ou seja, seus coeficientes foram positivo para tamanho e negativo para lucratividade e oportunidade de crescimento.

Ainda mais animador, alcançamos a desejada contribuição principal do nosso estudo, que era a modelagem dos indicadores desagregados do endividamento. Nossos modelos encontraram tanto resultados comuns ao caso agregado, como também fatores únicos e mais completos, que determinam o tipo e o nível do endividamento, corroborando com as teorias de risk management, e confirmando alguns dos pressupostos de Allayannis e Brown (2003).

O endividamento local, por exemplo, apresentou significância das variáveis em linha com o modelo agregado: tamanho, lucratividade e oportunidade de crescimento, até mesmo porque esse é o principal elemento do endividamento brasileiro atualmente.

Diferentemente, o endividamento em moeda estrangeira apresentou variáveis explicativas não significativas nos modelos anteriores, como os coeficientes

40 positivos de receitas em moeda estrangeira e caixa em moeda estrangeira, claramente consistentes com a teoria de “Risk Management”. Além desses, o tamanho é positivamente relacionado ao endividamento, como preconiza a teoria de “Static Trade-off”.

Os determinantes do endividamento sinteticamente em reais ficaram aquém dos resultados discutidos acima, uma vez que as variáveis significativas foram tamanho, tangibilidade dos ativos e oportunidade de crescimento, que são consistentes com as teorias tradicionais do “Static Trade-Off” e “Costly Monitoring & Agency”. As variáveis de resultados em moeda estrangeira e caixa em moeda estrangeira não tiveram significância no modelo.

Do ponto de vista metodológico, também consideramos que o presente trabalho contribuiu para a pesquisa e a prática em finanças corporativas no Brasil. A utilização de painel de dados em seus modelos resulta em claras vantagens em relação aos modelos de corte transversal, iniciando pelo controle da heterogeneidade presente nos indivíduos, como aponta Hsiao (1986), além da possibilidade do uso de mais observações, aumentando o número de graus de liberdade e diminuindo a colinearidade entre as variáveis explicativas.

Por outro lado, as limitações do presente trabalho decorrem da insuficiência de base de dados ampla e detalhada para executarmos os modelos de dados em painel com mais efetividade, uma vez que os parâmetros estimados são assintoticamente consistentes. Essa situação ficou clara na estimação do endividamento sinteticamente em reais, quando excluimos empresas sem endividamento em moeda estrangeira da amostra, e os resultados não foram robustos.

Como sugestões para futuros trabalhos e aprimoramento das idéias aqui apresentadas, citamos o potencial aumento da base de dados (para empresas não listadas em bolsa ou para um trabalho regional), a inclusão de variáveis exógenas além daquelas características das próprias empresas, bem como a adoção de dados em painel dinâmico, na parte metodológica.

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