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Os capítulos anteriores descreveram os resultados da aplicação de alguns métodos e técnicas nesta dissertação, como a análise de imagens orbitais e de dados estruturais, e em menor número, dados estratigráficos de campo, além do conhecimento bibliográfico (em especial, a cartografia geológica da CPRM). Essas ferramentas permitiram detalhar oi alvo deste estudo, o Sistema de Grabens do Rio Tocantins, uma importante estrutura localizada na borda oeste da Bacia do Parnaíba e também encravada no embasamento cristalino da bacia (a Faixa Araguaia).

Os fotolineamentos extraídos a partir das imagens orbitais auxiliaram na definição do arcabouço estrutural desse sistema de grabens. As rochas da Bacia do Parnaíba exibem o caráter dominantemente frágil da deformação que moldou essa estrutura. A direção N-S dos grabens é creditada a reativações de anisotropias presentes na Faixa Araguaia. Além desta direção, a Faixa Araguaia possui um trend NW-SE creditado a zonas de cisalhamento transcorrentes tardias, e que a partir da observação das imagens orbitais é encontrado como falhas/fraturas afetando as rochas sedimentares da BPAr.

Este sistema de grabens é composto por duas estruturas, uma principal, denominada de Graben de Araguaína, e outra, de Graben do Muricizal. Com orientação geral N-S, o GA possui um comprimento aproximado de 400 km e largura da ordem de 40 a 50 km. Já o GM apresenta um comprimento de cerca de 200 km e largura variando de 25 a 50 km, sendo provavelmente uma estrutura mais rasa. Além de seu outro segmento, mais a sul (altura de Miracema do Tocantins), onde o mesmo possui aproximadamente 70 km de comprimento e 25 de largura. Em termos de idade, propõe-se que essa estruturação ocorreu entre o Permiano e o Mesotriássico, visto que no interior dos grabens as faixas aflorantes das unidades estratigráficas evidenciam o controle das falhas de borda, havendo também compatibilidade dos dados de paleocorrentes coletados em campo.

A análise dos registros geométricos e cinemáticos em campo e imagens orbitais permitiu o reconhecimentos de três eventos deformacionais que atuaram na região em estudo. O primeiro deles, o evento deformacional D1, é caracterizado por falhas normais e normais

oblíquas sinistrais, com orientação predominante variando entre N-S e NW, subordinadamente NNE. A análise dos planos de falhas e slickenlines aponta para um campo de strain com eixo de distensão X orientado na direção NE-SW.

UFRN/CCET – PPGG CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A idade permiana-eotriássica é inferida pela cronologia dessas formações, sendo também compatível com as bandas de deformação hidrodúcteis de direção N-S na Formação Sambaíba, que estenderiam a idade da estruturação dos grabens até o Mesotriássico.

Como proposto por Santos et al. (2015), a reativação transcorrente sinistral de idade permiana no Lineamento Transbrasiliano evidencia campos de strain compatíveis para essas duas macroestruturas. No caso do Sistema de Grabens do Rio Tocantins, a componente distensional desse campo de esforços do Lineamento Transbrasiliano poderia ter contribuído para a abertura desses grabens.

O evento deformacional D2 é composto por falhas normais de direção E-W e

relacionado a uma distensão próxima de N-S (com leve variação para NNE e NNW). As estruturas deste evento truncam, na região centro-norte da área, as estruturas correlatas ao evento D1, o que revela a idade relativa entre os mesmos. A Formação Sambaíba apresenta as

mais expressivas estruturas deste evento, as quais também controlam o alojamento de corpos de diabásio da Suíte Mosquito, conferindo idade eojurássica para o mesmo. Este evento é associado à abertura do Oceano Atlântico Central (Thomaz Filho et al. 2000).

Por fim, o evento deformacional D3 é configurado por falhas normais de direção NE- SW e de rejeito direcional (transcorrentes ou de transferência) dextrais e sinistrais, associadas a um campo de strain com eixo de distensão na direção NW-SE. Este campo de strain pode ser correlacionado àquele que exerceu papel fundamental na abertura dos riftes na Província Borborema, durante o Neocominiano-Barremiano, o assim denominado trend Cariri-Potiguar, ocorrido durante a abertura do Oceano Atlântico Sul (Matos, 1999).

CAPÍTULO VII

REFERÊNCIAS

UFRN/CCET - PPGG CAPÍTULO VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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