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O presente trabalho teve como objetivo principal estimar a evolução da perda de solo através da EUPS, nos anos de 1985, 1995, 2005 e 2015, na APASM e na APAFD, bem como na região de amortecimento, a fim de subsidiar estudos integrados que tenham por finalidade a analisar a interferência da EPS em mananciais urbanos auxiliando projetos que visem à geração de energia e planejamento territorial de áreas protegidas, utilizando ferramentas de geoprocessamento. Para isso, integraram-se os fatores da EUPS: erosividade da chuva, erodibilidade dos solos, topografia e cobertura do solo. Sendo assim, considera-se atingido o objetivo geral do trabalho.

Ao longo dos anos considerados neste estudo, a EPS diminuiu as taxas de perdas de sedimentos: 15.264,5 ton/ha.ano, 13.655,5 ton/ha.ano, 11.733,2 ton/ha.ano e 9.418,3 ton/ha.ano de sedimentos foram carreados para os rios, nos anos de 1985, 1995, 2005 e 2015, respectivamente. Quando considerada somente á região das APA’s, foram determinados que 3.205,5 ton/ha.ano, 2.867,65 ton/ha.ano, 2.463,98 ton/ha.ano e 1.977.84 ton/ha.ano de solos atingiram os rios da região nos anos de 1985, 1995, 2005 e 2015, respectivamente. Isso aconteceu simultaneamente ao aumento das áreas de matas nativas, vindo sustentar a grande importância da conservação da vegetação nativa frente aos processos erosivos.

Com relação aos objetivos específicos, estes também foram atingidos, cabendo destacar que a erosividade das chuvas na área de estudo, foi considerada de média a alta intensidade, com predominância da primeira classe mencionada. Entretanto, ela varia ao longo do ano, visto que as chuvas mais torrenciais ocorrem principalmente nos meses de verão. Com relação à erodibilidade dos solos, tem-se que a maior parte da área de estudo (95,75%) é considerada baixa, estando o restante na classe média a alta. Quando considerado o relevo da região, este mostrou-se muito complexo, apresentando desde áreas planas até áreas altamente escarpadas, principalmente nas áreas abrangidas pelas APA’s. Por último, a cobertura do solo, de maneira geral, aponta para a necissidade de recuperação das áreas de matas nativas, principalmente na área das APA’s. Além disso, ao longo do período analisado, verificou-se também que as áreas de atividades agrícolas estão reduzindo em termos de área ocupada. Entretanto, ainda que timidamente, constatou-se que as áreas destinadas à plantação de eucalipto aumentaram de tamanho.

SILVA, H. J.. Análise multitemporal da expectativa da perda de solo e suas implicações na Serra da Mantiqueira. Dissertação de mestrado em Engenharia de Energia. Núcleo de Estudos Ambientais, Planejamento Territorial e Geomática – NEPA. Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, Itajubá, MG, 2016.

Embora os solos existentes na área de estudo ofereçam grande resistência à erosão, tem-se que nos locais com as maiores declividades e influências antrópicas, principalmente quando se trata das atividades agrícolas, interferem substancialmente nas perdas de solo. Mesmo havendo uma recomposição considerável da vegetação nativa ao longo do período considerado, é evidente que o reordenamento do uso do solo, considerando manejos e práticas mais conservacionistas, pode proteger o solo adequadamente, favorecendo positivamente na contenção dos avanços dos processos erosivos laminares. Além disso, a compactação do solo, associado às chuvas, garante grandes potencialidades de risco aos recursos hídricos da região em função do carreamento, pela água das chuvas, das associações de sedimentos com agrotóxicos, matéria orgânica, microrganismos ou mesmo substâncias nocivas impostas por automóveis nas cidades e rodovias.

Em termos de modelos espaciais referentes à EPS, é possível concluir que as características geomorfológicas e geológicas do local são bem atuantes. Houve uma tendência em classificar com valores de perda de solo nas classes muito baixa e baixa, em termos de EPS, havendo inclusive sutil diminuição dessas classes de um período para outro, enquanto as classes consideradas mais agressivas com relação à erosão, ou seja, as classes muito severas e extremamente severas seguiram tendência de crescimento, estando estas localizadas, sobretudo em áreas de solo exposto e atividades agrícolas. As classes intermediárias da classificação adotada (moderada e severa) sofreram pouca alteração. Com relação ao PNE, a classe de menor potencial erosivo também predominou, porém os percentuais em classes mais altas, como moderado e extremante severo, apresentaram valores bem expressivos sendo estes associados diretamente à geomorfologia do local visto que os maiores valores coincidiram com as maiores altitudes.

Outra questão que merece ser comentada refere-se ao rápido crescimento populacional verificado na área de estudo, com destaque à população do estado de São Paulo, que apresenta o maior contingente populacional, embora ocupe a segunda posição em termos de área abrangida neste estudo. Além disso, a população da pequena área fluminense envolvida neste estudo é quase que a mesma da área de Minas Gerais que ocupa mais da metade da área total de estudo.

SILVA, H. J.. Análise multitemporal da expectativa da perda de solo e suas implicações na Serra da Mantiqueira. Dissertação de mestrado em Engenharia de Energia. Núcleo de Estudos Ambientais, Planejamento Territorial e Geomática – NEPA. Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, Itajubá, MG, 2016.

de estudo envolve a manutenção da qualidade dos recursos hídricos, elemento muito sensível às intervenções humanas e flutuações naturais, em especial as climáticas. A região estudada abriga uma grande quantidade de nascentes d’água e é responsável pelo suprimento de água da região mais desenvolvida e populosa do Brasil. Em muito locais produtores de água a antropização já é crítica. Diante dessas questões, faz-se necessário que o uso e a ocupação do solo dessas áreas tenham por base a responsabilidade social e ambiental, com vistas à sustentabilidade dos recursos hídricos através de um planejamento mais criterioso desses espaços. Tendo por base as informações levantadas pelo presente trabalho será possível traçar um plano que indique mudanças nas formas de uso e manejo do solo a fim de reduzir a EPS para níveis aceitáveis.

Portanto, a modelação da erosão hídrica do solo em ambiente SIG através da EUPS empregado em análises multitemporais, devido a sua versatilidade em termos de tempo de trabalho, custo e manipulação das informações, mostrou-se muito eficiente, permitindo inclusive auxiliar tomadores de decisão em questões de planejamento ambiental e territorial a apontar áreas prioritárias para a implantação de programas de conservação do solo e da água na área de estudo deste trabalho.

6.1. RECOMENDAÇÕES

Em se tratando de uma região de grande importância em termos econômicos e ambientais para o Brasil e, ainda por se tratar de um assunto de grande complexidade em termos de causas e efeitos em especial sobre os mananciais, o carreamento de sedimentos envolve também o transporte de poluentes. Muito mais que o comprometimento da disponibilidade de energia elétrica devido ao assoreamento dos reservatórios existentes na área, a qualidade da água é afetada, resultando em aumento dos custos de tratamento e na redução de sua oferta, colocando em risco muito mais que o desenvolvimento econômico do país, a saúde da própria população. Sendo assim, é recomendável que os comitês de bacia existentes na região busquem desenvolver ações que tenham por foco reduzir os impactos advindos com a erosão, em especial, nos mananciais de abastecimento, servindo inclusive esse trabalho de fonte de dados sobre a questão levantada. Além disso, sugere-se também o emprego de imagens de satélite com melhores resoluções espaciais e o emprego de mapas pedológicos específicos da região de estudo do presente trabalho.

SILVA, H. J.. Análise multitemporal da expectativa da perda de solo e suas implicações na Serra da Mantiqueira. Dissertação de mestrado em Engenharia de Energia. Núcleo de Estudos Ambientais, Planejamento Territorial e Geomática – NEPA. Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, Itajubá, MG, 2016.