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2. ARTIGO 1 ORIENTAÇÕES PARA A BUSCA DA SERVITIZAÇÃO:

2.5. CONCLUSÕES

A estratégia focada na servitização por parte das empresas pressupõe que as mesmas tenham ciência das competências necessárias para administrar a prestação dos serviços aos seus clientes. Além das diferenças nos modelos de gestão, comparando-se uma empresa essencialmente de manufatura com outra servitizada, a segunda constrói um ambiente mais variável e essencialmente mais flexível para se adequar às variações impostas pelas demandas dos clientes, consequentemente menos previsível, cenário que prejudica a iniciativa de novas organizações buscarem este posicionamento.

Vistas as orientações sobre as orientações de melhores práticas às empresas que buscam a servitização, entende-se que a simples oferta de serviços agregados aos produtos não garante necessariamente o crescimento de receitas ou valorização dos bens. Apesar de ser convergente o posicionamento dos autores em sugerir que as empresas de manufatura incluam serviços as suas ofertas (WISE e BAUMGARTNER, 1999; BRAX, 2005; MATHIEU, 2001), identifica- se o entendimento de que as organizações estejam preparadas e estruturadas para tal. Para isso, as estratégias empresariais veem sendo cada vez mais demandadas para que a produção esteja alinhada com as necessidades complexas e requerem mudança significativa da produção de bens para a provisão de soluções sistemáticas com intenso conhecimento aplicado (MORELLI, 2002).

Tomando-se para análise o método de Almeida et al. (2008) é significativo questionar o primeiro momento de decisão proposto para a transição das empresas de manufatura em empresas servitizadas. É apontado que se deve tomar a descrição clara da missão da empresa e a análise da sua posição atual para definir se existe um desajuste entre a situação atual e o

desejado pela empresa. Esta visão inicial pode trazer algumas dificuldades para o processo decisório sobre quais oportunidades de servitização são atrativas. Caso a empresa inicie olhando para sua missão já definida pode haver uma limitação em descobrir novas oportunidades, fazendo com que os serviços a serem ofertados estejam muito próximos às competências já existentes na empresa. Visto que o modelo questiona posteriormente quais os recursos e competências devem ser desenvolvidos para ofertar os novos serviços, o início da avaliação pode ser mais voltado aos cenários externos à empresa, como mercados potenciais, comportamentos dos clientes e outras oportunidades existentes.

Os objetivos desta pesquisa em elucidar (i) confronto de características entre ofertas de produtos x serviços, (ii) orientações e cuidados ao movimento da Servitização foram apresentados e sugerem um posicionamento de atenção para as empresas de manufatura interessadas no caminho da Servitização. Fica evidente que as competências e conhecimentos necessários para a gestão de operações de serviços não são facilmente atendidos com base somente na experiência de mercado industrial. O conhecimento aprofundado sobre as características do produto confere vantagens no entendimento da relação do mesmo com os clientes, porém a oferta de serviços agregados aos produtos precisa ser gradativa e planejada, de modo que oportunize condições para a busca de novas competências.

Através destas indicações sobre melhores prática para a busca da agregação de serviços à produtos, compreende-se que um caminho que deva facilitar este movimento seja o planejamento prévio dos modelos de oferta de soluções. Visto que competências e habilidades devem ser adquiridas por parte das empresas quando pensam em ofertar serviços agregados, o ideal seria pensar nestas necessidades com antecedência, durante as etapas do desenvolvimento dos seus produtos. Os autores Brax e Visintin (2017) indicaram que uma limitação em seu estudo, sobre a servitização, foi a restrição nas análises pela perspectiva da gestão e negócios, excluindo periódicos da área de engenharia e design. Sendo que nesta segunda área, uma abundância de estudos é observada para o projeto e entrega de sistemas PSS. Os autores Peillon, Medini e Dubruc (2016) propõem um programa de treinamento para estudantes de engenharia que aborde as conceituações da Servitização e do PSS juntas. Contudo, estas são demonstrações de perspectivas que consideram o PSS como caminho para o processo de servitização das empresas.

O trabalho valida a relevância de pesquisas que proponham orientações sobre o desenvolvimento de ofertas servitizadas através da aplicação de soluções produto serviço (PSS). Isso ficou evidenciado pelas orientações observadas de que as ofertas integradas entre produtos e serviços devem ser pensadas com antecedência e relacionadas aos recursos e competências que as empresas possuam, ou ao menos que possam desenvolver. Logo, projetar ofertas considerando a integração entre produtos e serviços, ao invés de ir agregando serviços a um produto existente, parece estar entre as formas mais sólidas para a busca pelo movimento da Servitização ou da oferta de PSS. Este artigo elucida que uma das formas de minimizar as barreiras ou riscos da servitização buscando uma oferta realmente integrada entre produtos e serviços, e atendendo necessidades dos clientes, seria projetar e desenhar ofertas baseadas nos preceitos do PSS desde a concepção.

Ao fim, sugere-se novas pesquisas que demonstrem modelos para projetar soluções PSS, aplicando ferramentas de design de produtos e serviços. Seriam relevantes novos estudos demonstrando formas de incluir demandas de potencias clientes no desenvolvimento de soluções PSS, através do levantamento de necessidades e requisitos de stakeholders envolvidos na oferta. Também são importantes pesquisas que descrevam com profundidade as dificuldades encontradas por empresas que buscaram a servitização. Dado que durante o levantamento bibliográfico foi possível observar estudos descrevendo casos de sucesso, bem como os ganhos obtidos, percebe-se carência na apresentação detalhada sobre as etapas de implementação de soluções integradas. Além destas oportunidades para desenvolvimento de novas pesquisas, demonstrando as dificuldades observadas durante o processo da servitização, também seria importante o estudo de situações onde os resultados atingidos pela oferta de um PSS não tenham sido satisfatórios, analisando as causas e razões que contribuíram para o insucesso.

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