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Os Estudos recentes têm discutido se é ou não oportuno o reconhecimento dos ativos culturais como bens públicos; quais critérios serão adotados para o processo de mensuração desses recursos e quais seriam os requisitos que deveriam ser exigidos para a divulgação dos bens hereditários.

Autores como Borges et al., (2013), Silva e Müller (2013), Marques e Freire (2015), Martins et al., (2014) discutem sobre estes principais assuntos.

Ao comparar as diferentes normas emitidas pelo FASB e ASB nota-se que, o primeiro órgão não reconhece os heritage assets como ativo, enquanto, o segundo além, orienta que sua valoração deve ser feita por método apropriado e relevante e sujeito a alterações de valor, bem como ao teste de imparidade. No Brasil não há norma que padronize a mensuração e contabilização dos heritage assets.

Este trabalho objetivou mensurar o valor econômico médio estimado dos três códices pergamináceos (Flos Sanctorum, Bestiis et aliis rebus e Diálogos de São Gregório), fazendo a comparação entre o valor avaliado pela ótica de um especialista da área e leigos e colecionadores através de opinião pública e o seu custo historico.

As três obras foram adquiridos pela Universidade de Brasília, por iniciativa do professor Nelson Rossi em 1964 pela quantia de Cr$ 2.000.000,00 (dois milhões de cruzeiros). Atualmente ficam guardados no setor de obras raras da BCE. Por terem sido adquiridas em conjunto foi verificado junto ao valor unitário de cada obra o valor do conjunto de obras.

Para apurar o valor das obras foram aplicados 170 questionários válidos aos usuários e funcionários da BCE/UNB, especialistas professores Universidade de Brasília e funcionários de museus e bibliotecas que possuem uma área especial para obras raras. Não foi possível recolher a informação de colecionadores, pois não houve interesse dos participantes em responder ao questionário, os mesmos cobravam um valor para fazer tal mensuração. O questionário foi aplicado no período de outubro a janeiro de 2018 e construído por meio de uma estrutura semiaberta, contendo 15 perguntas e dividido em duas partes. Grande parte da amostra foi composta por pessoas do gênero feminino (55%). Os participantes do estudo foram questionados sobre o valor econômico cada heritage asset possuía. Para a descrição dos dados foram empregadas medidas de tendência central mínimo, máximo, moda, mediana e média, bem como as métricas de dispersão, como o desvio padrão e o coeficiente de variação (CV).

Para o Flos Sanctorum, o valor médio da disposição a pagar por leigos foi de R$ 6.294,85 mil, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 25.204,92 mil. O valor médio da disposição a pagar por especialistas foi de R$ 200,00, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 5.350,00 mil.

Para o Bestiis et aliis rebus, o valor médio da disposição a pagar por leigos foi de R$18.161,15 mil, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 25.761,75 mil. O valor médio da disposição a pagar por especialistas foi de R$ 199,09, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 4.257,14 mil.

Para o Diálogos de São Gregório, o valor médio da disposição a pagar por leigos foi de R$ 22.427,07 mil, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 36.427,78 mil. O valor médio da disposição a pagar por especialistas foi de R$ 207,69, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 6.214,29mil.

Para o Conjunto de obras, o valor médio da disposição a pagar por leigos foi de R$ 4.030,03 mil, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 10.945,43 mil. O valor médio da disposição a pagar por especialistas foi de R$ 274,38, e o valor destinado apresentou um valor médio de R$ 9.266,67 mil.

Após a analise de todos valores, é o possível confirmar a possibilidade de viés nas respostas por meio da avaliação contingente, por se tratar de uma abordagem simulada onde os participantes avaliam o estariam dispostas a pagar para obter o benefício ou aceitar como compensação por serem privadas desse benefício e por qual o valor o bem estaria supostamente precificado no mercado, pela sua percepção. Mas em comparação a mensuração com base no custo histórico. O valor contingente mostra mais relevância, pois no custo histórico nem sempre o custo está associado à compra de determinado ativo. A vida útil desses bens é longa ou indefinida, logo, o custo histórico não é capaz de refletir os benefícios desse ativo. Por este motivo o valor de R$ 10.945,43 mil apresentado pelo Valor destinado a pagar pelo conjunto de obras por usuários especialistas, se mostra como a melhor opção para a mensuração e valoração do bem.

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