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A caracterização física dos solos permite concluir que os solos residuais maduros de gnaisse analisados são de textura predominantemente argilo-arenosa, mas, de modo geral, as frações silte e areia aumentam em profundidade nos solos estudados.

Os resultados de permeabilidade obtidos através dos ensaios em campo permitem concluir que os solos residuais de gnaisse exibem significativa heterogeneidade em relação à condutividade nas camadas mais profundas de seus perfis, característica comum em materiais resultantes da intemperização de rochas cristalinas. Os valores de K variaram entre as ordens de grandeza de 10-4 cm.s-1 a 10-7 cm.s-1, apresentando tendência de aumento em profundidade para os perfis estudados. Os resultados permitem concluir também que o estudo da condutividade hidráulica em profundidade é adequado à caracterização do material como solo residual, mas não segundo a classificação pedológica, uma vez que esta considera em seu diagnóstico, de modo geral, camadas mais superficiais do solo, correspondentes aos horizontes A e B. Conclui-se ainda que deve-se ter cuidado na utilização de valores médios de condutividade hidráulica para a caracterização de um perfil como um todo ou mesmo para uma mesma classe de solo em uma área, bem como generalizações acerca desse parâmetro.

Com relação aos ensaios de permeabilidade em laboratório, utilizando água como fluido percolante e amostras do horizonte B das classes de solo presentes na sub-bacia, pode-se concluir que os Argissolos Vermelho-Amarelos possuem condutividade hidráulica da ordem de 10-4 e 10-5 cm.s-1; menores que os Latossolos Vermelho-Amarelos e Cambissolos Háplicos, os quais apresentaram valores próximos para esse parâmetro, da ordem de 10-3 e 10-4 cm.s-1. Os resultados confirmam o efeito da estrutura dos Latossolos no aumento de sua permeabilidade em relação a outros solos com elevadas frações de argila. Pode-se concluir também que a condutividade hidráulica e a permeabilidade intrínseca possuem forte correlação com a porosidade nos solos estudados.

Com relação aos ensaios de permeabilidade em laboratório com percolado de aterro sanitário, os menores valores foram obtidos para os Cambissolos Háplicos, os quais apresentaram valores da ordem de 10-6 e 10-7 cm.s-1. Ao analisar a distribuição dos

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resultados, observa-se que os Latossolos Vermelho-Amarelos possuem condutividade hidráulica da ordem de 10-5 e 10-6 cm.s-1 para esse fluido, maior que dos Argissolos Vermelho-Amarelos, para os quais predominaram valores da ordem de 10-6 cm.s-1. As principais conclusões em relação aos ensaios de permeabilidade em laboratório são:

 Para percolados com quantidades significativas de sólidos, a condutividade hidráulica dos solos residuais maduros ao percolado de aterro sanitário é menor do que à água, devido principalmente à obstrução dos poros.

 A duração dos ensaios de permeabilidade utilizando percolado influenciará fortemente a condutividade hidráulica, devido à obstrução dos vazios da amostra, atividade microbiológica e acúmulo de sólidos no sistema de análise como um todo.

 A presença de raízes e fraturas modificam a estrutura do solo e influenciam os valores de condutividade hidráulica, fato que não pode ser isolado dos demais fatores, limitando, em certa escala, a comparação dos resultados com relação às classes de solo.

 O estabelecimento da percolação de determinado volume de poros como critério para o término dos ensaios de permeabilidade com percolado pode ser mais interessante que o utilizado nesse trabalho, baseado na “estabilização” dos dados, uma vez que a duração diferenciada dos ensaios influencia os resultados e pode dificultar a comparação dos mesmos.

Os resultados da determinação da condutividade hidráulica das classes de solos estudadas em campo e em laboratório no presente estudo, utilizando como fluido tanto água quanto percolado de aterro sanitário são relevantes na medida em que essas classes são representativas não apenas da Zona da Mata mineira, como de todo território brasileiro. Além disso e, principalmente, são escassos na literatura dados de permeabilidade de solos em condição natural ao percolado de aterro sanitário, visto que na maioria das vezes os experimentos utilizam amostras de solo compactadas e/ou utilizam soluções sintéticas. Conhecer as condições naturais - ainda que não seja comum tampouco recomendável a utilização de solo sem compactação como barreira de impermeabilização de base em aterro-, é importante para entender melhor o comportamento da condutividade hidráulica em função das características do percolado, permitindo analisar a possibilidade de disposição dos resíduos sólidos em solo natural

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em aterros sanitários de pequeno porte. Além disso, tais conhecimentos podem auxiliar em estudos de risco de contaminação, eventualmente, podendo gerar dados que permitam até mesmo a criação de metodologias específicas para avaliação de risco de contaminação por percolados de aterros sanitários.

Com relação ao mapeamento da vulnerabilidade de contaminação do aquífero, pode-se concluir que a sub-bacia do Córrego Palmital possui áreas de baixa e média vulnerabilidades. A classificação mostrou grande dependência da profundidade do lençol freático para ambos os métodos aplicados, GOD e DRASTIC. A metodologia GOD mostrou-se eficiente na avaliação da vulnerabilidade natural dos aquíferos da área, tendo como resultado um mapa de vulnerabilidade bastante parecido com o resultante da aplicação da metodologia DRASTIC.

A classe de “média vulnerabilidade” concentrou-se nas áreas de menores altitudes, onde o nível d’água dos aquíferos é mais raso e é menor a zona vadosa, enquanto a classe de baixa vulnerabilidade mostrou-se dominante nas áreas mais altas da bacia, onde a recarga e a acessibilidade ao aquífero são, de modo geral, menores. Não existem informações detalhadas sobre a carga de contaminantes na bacia, mas, através de uma análise qualitativa, pode-se afirmar que existe risco de contaminação, ainda que este seja pequeno devido à baixa densidade populacional. Tal conclusão baseia-se no fato de que os efluentes domésticos e dejetos animais constituem cargas contaminantes e são gerados e dispostos principalmente nas áreas de maior susceptibilidade (vulnerabilidade média). O estudo da vulnerabilidade natural dos aquíferos da sub-bacia do Córrego Palmital facilita a compreensão do cenário atual de poluição das águas subterrâneas, exposto no trabalho de Andrade (2010). Conclui-se, assim, que há necessidade de uma melhoria da estrutura sanitária na sub-bacia visando a disposição adequada dos efluentes domésticos, por exemplo, através da construção de fossas sépticas.

Os resultados obtidos na presente pesquisa e o aprofundamento dos mesmos são relevantes pela importância que as nascentes e águas subterrâneas da bacia possuem, em escala local e regional. Ainda que os mapas de vulnerabilidade intrínseca do aquífero à contaminação tenham, segundo a literatura, suas limitações, os resultados desse trabalho constituem uma forma de reconhecimento preliminar de áreas de maior susceptibilidade à contaminação, nas quais deve ser exercido controle da poluição, já existente e potencial; além disso, visando a proteção das águas subterrâneas na bacia, os mapas de

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vulnerabilidade auxiliam no planejamento do uso do solo, e poderão ser usados na alocação mais adequada de possíveis atividades ou empreendimentos que futuramente venham a ser instalados na área de estudo, sendo base para a avaliação do risco de contaminação ou vulnerabilidade específica a determinado contaminante.

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