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O estudo de impacto de vizinhança (EIV) aplicado como ferramenta na análise de empreendimentos urbanos de grande porte como os supermercados mostrou – se eficiente, no que concerne ao tocante dos grupos de impactos analisados, mas para que os resultados e análises sejam realmente construídos é preciso dispor de muita vontade e empenho dos planejadores da cidade na construção de meios que possam facilitar e discutir melhor o objetivo do instrumento, tanto pelo meio técnico como pela população residente.

Ficou evidenciado que os supermercados estudados são geradores de impactos negativos no seu entorno, desde pequenos impactos como conservação das calçadas (passeio público), até impactos importantes como geração de tráfego e ruídos, e que a junção de vários grupos de impactos aumenta sua gravidade. Isso mostra que empreendimentos semelhantes no que tange a porte e características urbanísticas e de localidade, merecem a realização de estudo de impacto de vizinhança, como grandes lojas de varejo, restaurantes, bares, hotéis, dentre outros.

O Estatuto prevê uma quantidade mínima de atributos a serem considerados e contemplados para o EIV, nas áreas sociais, ambientais e urbanísticas. A legislação hoje existente no município contempla esses atributos, mas não demonstra como eles podem ser analisados e nem deixa claro como eles podem ser analisados pelo empreendedor. Definições dessa natureza são muito importantes não só para o empreendedor como para quem vai analisar o EIV.

É claro que o EIV não pode ser padronizado com relação a todos os empreendimentos, visto que cada um tem o seu porte, característica e dinâmica no meio urbano.

Uma lista de empreendimento que são sujeitos ao instrumento, objetiva informar a população e requerer o aspecto jurídico do EIV, fazendo com que tanto o cidadão como o empreendedor possa saber previamente quais são os critérios, que os empreendimentos a serem instalados, adaptados ou ampliados estão sujeito a aplicação do instrumento.

Desta forma que o planejamento e a avaliação de cada empreendimento com o subsidio técnico do EIV, visa o equilíbrio entre o meio urbano, o meio ambiente, o entorno e a vizinhança.

Ficou caracterizado durante a pesquisa que a um total despreparo e falta de conhecimento dos órgãos públicos para aplicação do instrumento, o qual consta do plano diretor com as mesmas características existentes no Estatuto da Cidade, sem detalhamento da aplicação do instrumento no município, suas características, empreendimentos em que devem ser aplicados e como devem ser aplicados.

Neste aspecto e considerando que as nossas cidades de médio porte estão se tornando cidades de grande porte e, que os grandes problemas urbanos estão alocados em uma vertente única de transporte, tráfego e planejamento da ocupação do solo, fica evidente que a atual forma de gestão urbana tem se mostrado ineficiente no acompanhamento das contínuas transformações estruturais e conjunturais a que está sujeito o solo urbano, isso foi bem caracterizado no município de Ribeirão Preto durante a pesquisa.

Os locais com melhores condições de infraestrutura e equipamentos urbanos também são locais em que a concentração de comercio é maior e tem maiores problemas, como estacionamento, ruídos, geração de tráfego, uso do solo (incompatível com certas atividades), concentração de empreendimentos entre outros.

Esta lógica que envolve o processo de absorção e mudança do antigo paradigma do planejamento urbano e do atual modelo de gestão urbana sustentável passa por uma realocação dos hábitos, costumes e, de governo para um sistema de governança, não apenas com instrumentos que alterem a dinâmica urbana do município mais para que haja com isso uma inserção da população no debate.

A maneira tradicional de permitir a instalação de um equipamento – centrada nos estudos de impactos no uso do solo, no tráfego ou nas questões ambientais – nem sempre considera os impactos socioeconômicos que um mega empreendimento pode provocar na região em que se instala, com isso o EIV abrange todos esses atributos de forma clara e coesa, como colocado na pesquisa a sua divisão em grupos como os de meio físico, aspectos urbanísticos, infraestrutura e qualidade de vida. Alicerçados em pesquisas e trabalhos de campo, apoiados em novas tecnologias como o geoprocessamento e SIG (geotecnologias) como subsidio maior para o poder de decisão.

É inegável a importância dos instrumentos de ordenação territorial urbana e controle dos impactos, tanto positivos quanto negativos. Neste sentido o EIV ainda é um desconhecido do corpo técnico dos órgãos públicos dos municípios brasileiros. É possível que a implantação do EIV nos municípios brasileiros ainda não

tenha se efetivado pela dificuldade de definir âmbitos, parâmetros e competências para tal, mesmo assim é inegável que o instrumento é de grande importância para busca do desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos cidadãos urbanos.

Isso fica claro na atual pesquisa, atributos que podem ter seu impacto minimizado ou até mesmo inexistir, mas por falta de critérios, levantamentos de campo, e melhor claridade dos objetivos do EIV nas Legislações Municipais, está situação acaba perdurando, como a coleta de resíduos sólidos, a adoção de áreas verdes, maior interação do empreendimento com a vizinhança, entre tantos outros que podem melhorar a qualidade de vida do entorno.

Este objetivo reitero a colocar, em ênfase ao longo de toda dissertação só vai acontecer perante a junção de objetivos entre o empreendedor, o órgão público e a população do entorno, entender que no EIV a uma grande importância na visão holística no planejamento, não apenas pontual.

Espera-se que o EIV consiga promover a satisfação e qualidade de vida do cidadão com o espaço urbano em que ele está inserido, com a sua dinâmica e discussões das verdadeiras funções urbanas da cidade. Fazendo com que cada individuo crie e seja integrante do cotidiano urbano do seu entorno, portanto, responsável também pela qualidade de vida da cidade.

No documento CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA (páginas 134-137)

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