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CAPÍTULO V – CONCLUSÕES

5.1 Conclusões

A agricultura familiar de Timor-Leste apresenta limitações para as comunidades que praticam e que dizem respeito ao rendimento monetário obtido e aos níveis de bem-estar usufruído pelas famílias e comunidades, os quais são resultado da associação de um conjunto de variáveis que estão directamente dependentes dos agricultores e de outras que lhes são exteriores.

O distrito de Bobonaro é um dos distritos mais conhecidos como maior produtor dos produtos agrícolas em Timor-Leste e que apresenta as limitações atrás referidas. Com esta dissertação pretendeu-se caracterizar a agricultura familiar em três zonas do distrito de Bobonaro, terras de montanha, terras baixas e terras costeiras, identificando os elementos de diferenciação da agricultura familiar e dentro desta dos diversos tipos de agricultura familiar, os quais deverão ser incluídos na formulação e aplicação das políticas agrícolas e de desenvolvimento rural.

Para a concretização dos objectivos foram recolhidos dados primários através de inquérito por questionário a agricultores do distrito de Bobonaro localizados nos três sucos seleccionadas e de entrevistas semi-estruturadas aos chefes de sucos e extensionistas das mesmas terras.

A agricultura nas três zonas estudadas é familiar, multifuncional e de subsistência. Dizermos familiar por que a agricultura é realizada pela família que geralmente coincide com o pequeno núcleo familiar de marido, mulher e os filhos, o uso de mão-de-obra cinge-se na quase totalidade aos membros da família, embora a troca de mão-de-obra seja uma prática realizada de trabalho de entre ajuda dos agricultores quer individuais quer em grupo de agricultura. Este trabalho de entre ajuda não se paga, um tipo troca de ajuda duma rotação de trabalho conforme uma concordância ao traçar o calendário durante o ano de plantação. Existe também o serviço de entre ajuda gratuitamente aos líderes locais, comunitários e os líderes tradicionais durante dois dias no máximo em cada ano de cultivo.

O objectivo principal da actividade agrícola é para o autoconsumo da família, quer das actividades vegetais quer em menor escala das produções animias cujo consumo está restrito a época especiais das produções animais, a que se juntam os produtos colectados na floresta.

92 A agricultura familiar desempenha várias funções que estão integradas no ciclo de vida das famílias e das comunidades ao longo do ano das quais se destacam os estilos e as adorações.

O trabalho conclui que os níveis de rendimento e de bem-estar das populações dos três sucos são baixos, sendo que os agricultores localizados nas terras baixas usufruem de um rendimento e bem-estar maior.

Os níveis tecnológicos da produção, transformação e comercialização dos produtos agrícolas são baixos com excepção da cultura do arroz para as terras baixas e terras costeiras.

Na produção somente a preparação do solo para as culturas apresenta níveis de mecanização nas terras baixas e nas terras costeiras já que as outras operações culturais, monda, fertilização, tratamentos, colheita e debulha são manuais. Os níveis tecnológicos baixos limitam potenciais aumentos de área das explorações agrícolas para terras abandonadas, das comunidades ou do estado.

Na comercialização, nas terras costeiras onde os agricultores são na maioria também pescadores, fica perto de estrada pública sendo muito possível vender os produtos no lugar de produção ou na costa de mar onde se captura o peixe. Para as terras baixas que têm acesso de facilitado à cooperativa de AS-Bobonaro (Agriculture service de Bobonaro) é preferível vender os produtos na cooperativa ou perto do distrito onde estão as terras baixas. As terras de montanha são as que ficam mais afastadas do mercado, seja do sub-distrito ou do distrito, é difícil ter acesso ao transporte e a melhor opção é vender aos consumidores dentro dos sucos, ou nas passagens para outros sucos e sub-distritos.

Uma parte da agricultura familiar, a horta, utiliza a técnica de derrube e queima para a preparação do solo antes da plantação o que traz prejuízos ambientais e perda dos bens florestais colectados. Esta técnica é típica da agricultura subsistência que existe há muito tempo em Timor-Leste e que no passado tinha pousios longos e que à medida que a população aumentou os pousios diminuíram.

As mulheres têm uma participação relevante ou semelhante aos homens nas diferentes tomadas de decisão e participação nas actividades de produção, a despeito dos seus níveis educacionais serem significativamente mais baixos.

O Chefe de suco em Timor-Leste é considerado como um líder muito importante nas comunidades, especialmente nas zonas rurais. O chefe do suco que é eleito directamente pela comunidade tem um papel muito importante em representar o estado e governo de

93 nível local (suco), é responsável mais importante dos programas do estado e governo no desenvolvimento multisectorial nas zonas rurais. O chefe do suco é o líder da comunidade com várias competências como organizar as populações do suco, traçar o plano de desenvolvimento do suco, organizar e mobilizar as comunidades nas actividades diárias. A co-ordenação entre as autoridades locais, as organizações não- governamentais, os trabalhos dos extensionista no suco e o governo a nível subdistrital, são as outras tarefas do chefe do suco.

O resultado de pesquisa não mostra grande diferença entre os três sucos, mas as dificuldades que as comunidades enfrentam são várias, como por exemplo no suco de montanha que tem mais problemas com o desenvolvimento do suco do que os outros sucos, menores rendimentos anuais e menor acesso a infraestruturas.

A extensão rural é um programa do governo para apoio às comunidades rurais. Um programa mais conhecido em Timor-Leste é a extensão rural para as actividades agrícolas e o governo de Timor-Leste criou uma política de extensão rural desde 2007, idêntica à que já existiu no tempo dos portugueses e da ocupação da Indonésia.

As funções dos extensionistas na área da agricultura, para motivar os agricultores, envolvem inovação das tecnologias agrícolas, coordenação com os líderes locais e chefe do suco. Para além disso, o extensionista tem um papel importante no planeamento do desenvolvimento agrícola do suco em cordenação com o chefe do suco, na organização dos grupos de agricultores, mas no suco Tapo-Tas as actividades de extensão rural são menos eficazes do que nos sucos de Tapo-Memo e Aidabaleten, e o papel da ONG Visão Mundial neste suco é mais eficaz e apreciado pelos agricultores e comunidade em geral.

Os resultados mostram limitações no programa de conservação ambiental, na política de extensão rural do governo Timor-Leste, que podem garantir a sustentabilidade da agricultura no país. Assim, é necessário suportar os agricultores para evitar estragos ambientais, recuperar os estragos com replantações ou rearborização florestal, reforçar as leis tradicionais para proibir os estragos e aplicar as sanções justas aos que violam, mas por outro lado fazer um esforço para elevar a produtividade do sector agrícola e com isso o rendimento e bem-estar das zonas rurais.