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CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

Esta pesquisa demonstrou a importância da Ergonomia enquanto ciência para o estudo dos ambientes de trabalho e, mais especificamente, dos ambientes de trabalho com temperaturas baixas onde são manuseados produtos frios. Por outro lado, demonstrou como a Ergonomia, com suas técnicas e métodos, permite realizar o estudo da busca dos fatores que incidem nas possíveis alterações fisiológicas, psicológicas e patológicas nos trabalhadores e na solução ou redução dos problemas detectados.

Igualmente, este estudo inovou, ao ser direcionado para o pessoal, que trabalha em ambientes frios, não comum na literatura, uma vez que a maioria dos trabalhos relacionados à análise de condições térmicas estão relacionados a temperaturas extremas e geralmente altas e, portanto os indicadores fisiológicos são estudados em indivíduos que se encontram nessas condições. Ele demonstrou a necessidade de se aprofundar muito neste campo da Ergonomia e conhecer como se comporta o organismo humano mediante os valores de temperaturas baixas.

Um fato que ratifica a necessidade de continuar com este tipo de estudo e que este autor quer deixar claro nas conclusões deste trabalho, como veículo que ajuda a resolver a situações que se tem no país com os trabalhadores que laboram em ambientes frios, é o seguinte. Quando do início do trabalho, este autor dedicou-se a procurar saber como outras empresas similares no exterior haviam resolvido os problemas inerentes a essa atividade de corte de frango, para então, aproveitar as experiências para aplicação necessária; a resposta foi: “nós resolvemos

isso muito bem em nosso país, pois compramos diretamente do Brasil o frango picado pronto para comer”.

Avaliadas as temperaturas ambientais, dos produtos e do chão, velocidade do ar e umidade relativa, identificam-se, nas técnicas de observação e no questionário, os fatores de riscos ambientais que podem gerar implicações aos trabalhadores:

• As temperaturas do corpo apresentaram ligeiras alterações com relação ao seu valor normal, o que indica que também o frio é um indicador influente da tensão térmica. Às temperaturas das extremidades dos membros superiores (mãos) e as inferiores (pés e tornozelos) foram muito menores com relação às outras partes do corpo e apresentaram certo sofrimento.

Como se pode observar, estas condições de frios, tanto dos ambientes quanto dos produtos e do chão, são fatores de risco que contribuem para gerar implicações no organismo humano. Ficou demonstrado, pela análise dos questionários e outras técnicas aplicadas, com relação a problemas provocados na amostra analisada, que 82,9% sentem dores, sendo as partes do corpo mais afetadas os membros superiores e inferiores. Verifica-se assim, o cumprimento do primeiro objetivo específico.

Com relação ao comportamento dos indicadores fisiológicos da tensão térmica, pode-se observar que:

• A pressão arterial apresentou pequeno aumento no ambiente frio, pela vasoconstricção, comprovando-se da mesma forma que pode ser considerado um indicador importante da tensão térmica para ambientes com estas características;

• A freqüência cardíaca apresentou pequena alteração, que não chega a ser patológica, conquanto demonstra que é um indicador importante na influência térmica em ambientes frios.

• Os trabalhadores que laboram em ambientes frios apresentaram perda de líquidos significativa que, comparados com os resultados obtidos nos trabalhadores de ambientes normais, são maiores. Como foram analisados nos outros indicadores, é também a perda de líquido um indicador importante da tensão térmica, já que independentemente de que existiu um aumento da eliminação de líquidos pela urina nos trabalhadores de ambientes frios, existe uma diminuição de peso (perda de líquido) através da sudorese. Portanto, pode-se observar que a quantidade de urina é menor naqueles trabalhadores que possuem maior sudoreses, e vice-versa, o qual é uma conclusão que ratifica a teoria sobre este aspecto.

Os aspectos mencionados comprovam que os indicadores, medidos com relação ao comportamento do indivíduo ante à atividade de trabalho, podem ser considerados indicadores importantes de medição da tensão térmica também em trabalhadores que laboram em ambientes frios, o que demonstra o cumprimento do segundo objetivos específico do presente trabalho.

Com relação os indicadores bioquímicos os resultados obtidos podem ser resumidos da seguinte forma:

• As alterações dos gases sangüíneos avaliados nos exames laboratoriais (pH, PCO2, pO2)

parecem estar compensando entre si para não permitir um distúrbio metabólico maior, que provocaria dano irreparável à saúde. De certa maneira, uma simples exposição ao frio moderado provoca alteração nestes elementos;

• Foram comprovados, nos trabalhadores de ambiente frio, que existem alterações modestas dos hormônios tireoidianos (T3, T4, TSH), comportamento diferente dos que trabalham nos ambientes normais, o que ratifica a teoria discutida no Capítulo 2, em que a exposição por um período de tempo prolongada à ambiente frio provoca uma alteração dos hormônios tireoidianos para aumentar o metabolismo, podendo induzir, se não forem tomadas medidas adequadas, formação de bócio;

• O lactato teve também pequena alteração, que não chega a ser patológica por estar dentro de limites clínicos, mas que demonstra que esse indicador é alterado quando o trabalhador está laborando em ambiente frio.

Todas estas alterações têm valor importante, porque afetam o perfeito funcionamento do corpo dos trabalhadores que trabalham nos ambientes frios manuseando produtos frios. Por conseguinte, demonstra-se, no presente trabalho, que, são indicadores bioquímicos de confiabilidade para conhecer o comportamento do organismo humano quando se trabalha em ambientes frios, o qual ratifica o cumprimento do terceiro objetivo específico.

O comportamento psicológico tem demonstrado alterações importantes, como distração, alteração do humor e estresse, aliado a repetitividade e à monotonia, influenciando na qualidade de vida cotidiana, sendo fator importante de ocorrência de acidentes como os demonstrados no presente trabalho.

As temperaturas ambientais com gradientes frios, consideradas por certos autores benéficas, e o estigma da importância de suar a camisa para ser considerado bom trabalhador, este estudo demonstra que as alterações fisiopsicológicas e os sofrimentos provocados nos trabalhadores que desempenham suas atividades manuseando produtos frios e expostos a estes ambientes, chegam a ser até mais importantes do que aqueles que trabalham em ambientes de temperaturas normais, alcançando assim, o objetivo geral deste trabalho.

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