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CONCLUSÕES

No documento CD Joao Rodrigues (páginas 57-59)

PARTE II – SUSTENTAÇÃO PRÁTICA

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.3 CONCLUSÕES

Tendo em conta o tema do nosso trabalho de investigação “ As implicações da actividade física no desempenho profissional”, o nosso principal objectivo foi averiguar quais as principais razões que levavam muitos dos militares da classe de Guardas a não praticarem qualquer actividade física.

Face às inúmeras mudanças na sociedade, foi prioritário que a Guarda encontrasse rápidas e eficazes soluções para fazer face a uma sociedade mais exigente e também mais problemática, havendo necessidade de começar a transmitir ao cidadão uma imagem de rigor, disciplina e profissionalismo.

Enquanto militares, a importância de uma prática regular de AF não se restringe somente à manutenção da boa condição física. Constitui-se também como uma autêntica escola de valores, para além dos muitos benefícios que podem advir para o militar e que também se reflectem na sua saúde e no seu bem-estar (físico e psíquico).

Sendo a imagem exteriorizada um dos benefícios mais marcantes de uma AF regular, este poderá constituir-se como uma excelente ferramenta ao serviço da Guarda, transmitindo profissionalismo e disciplina, o que, obviamente, resulta numa melhor percepção do elemento da força de segurança por parte da sociedade.

Será fundamental começar a sensibilizar os militares para os vários benefícios da AF regular para si, enquanto pessoa assim como enquanto militar, até porque quem pratica regularmente uma actividade física tem sempre em mente os benefícios que podem advir da mesma.

É notório o que a Guarda e as suas congéneres europeias têm feito no sentido de conciliar a prática de treino físico e a actividade operacional, embora até ao momento os resultados não sejam muito significativos. Será portanto necessário fazer um esforço no sentido de contrariar esta realidade, seguindo mesmo o exemplo da Marechaussé que, além de cultivar esta valorização pela AF, faz com que os seus militares tenham sempre em conta a manutenção da sua condição física, na medida em que esta é uma das vertentes de evolução na sua carreira.

Fazendo referência à população estudada - classe de Guardas, continuamos a assistir a vários casos em que a resistência à prática de AF é uma constante. As causas apontadas podem ser de dois tipos - as intrínsecas, ou seja, as que dependem directamente do ser humano e as extrínsecas, aquelas que não têm a ver com o ser humano, mas exercem sobre ele a sua influência.

Contudo, ao longo do estudo verificámos ainda que factores como a própria motivação e as prioridades estabelecidas pelo militar, são igualmente factores que levam os militares à prática de actividade física, podendo estes ajudar a perceber o que muitas vezes leva o militar ao abandono total ou parcial da preocupação em manter a sua condição física.

Sendo a falta de tempo, a principal razão apontada pelas Guardas para justificar o baixo índice de participação em qualquer AF, impõe-se a necessidade de encontrar soluções para este problema, que poderá passar pela adopção de mecanismos para contornar o sucedido, a necessidade de contrariar tal tendência, podendo a solução passar pela criação de períodos obrigatórios de AF dentro do próprio horário de trabalho, devidamente planeados e contemplados nos detalhes de instrução.

À semelhança da falta de tempo, a inexistência de infra-estruturas para a prática desportiva foi outra razão reiteradamente apontada e que também seria fundamental se fosse olhada com mais atenção. Já que a Guarda não possui um único pavilhão gimnodesportivo, a solução poderia passar pela criação de protocolos entra a Guarda e as entidades locais para a utilização de espaços desportivos (piscinas, pavilhões gimnodesportivos, ginásios, etc), proporcionando a todas as Guardas um acesso mais fácil para que sozinhos ou com outros colegas de trabalho, os militares pudessem praticar desporto, tal como a faz a Gendarmerie ou mesmo o RI que utiliza instalações desportivas da Academia Militar.

Factores como a idade e o sexo jamais podem ser esquecidos aquando do momento da prática de exercício físico, não fossem estes os factores de influência para a prática de AF.

Teremos de estar atentos a que, consoante a idade e o sexo das Guardas, a predisposição para a AF vai variando, verificando-se uma relação inversa entre a idade a predisposição para a prática de AF.

Mais do que motivar as Guardas para o desporto, há que saber fazê-lo para que assim, não se comecem a manifestar os malefícios da AF – cansaço físico, sobretreino, desmotivação. Uma possível solução poderá passar pela criação de núcleos de Educação Física nos futuros Comandos Territoriais onde militares especializados na área de Educação Física planeiem e auxiliem o treino físico de todas os militares daquela zona de acção.

Mas mais do que sensibilizar as Guardas, será primordial sensibilizar a própria Guarda e os seus Comandantes para os benefícios da AF regular, nomeadamente no que diz respeito à saúde dos mesmos, para que assim consigam combater muitas das doenças de foro psicológico e outro tipo de patologias que afectam as Guardas e que condicionam diariamente a missão da Guarda, acarretando despesas para si, para os militares e até para o cidadão.

Por outro lado, terá de partir da Guarda a iniciativa de levar adiante a avaliação da condição física não só das suas Guardas, assim como de todos os militares pertencentes dos seus quadros. Será importante que se definam quais os exames médicos que devem preceder as provas físicas, quais as provas a realizar, mediante o sexo, a idade e até a função do militar e quais as consequências para o incumprimento dos mínimos definidos.

Com a discussão do novo sistema de avaliação dos militares, podemos verificar que de certa forma, esta questão fica perigosamente resolvida, já que uma análise mais cuidada e pormenorizada do futuro sistema de avaliação do mérito dos militares, exclui a componente física enquanto elemento de avaliação do militar, o que vem ainda acentuar mais a desvalorização da vertente da educação física do militar, assim como tem vindo a suceder ao longo dos últimos anos.

No documento CD Joao Rodrigues (páginas 57-59)

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