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6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

6.1. CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou um estudo geotécnico realizado nos sedimentos terciários da Formação Barreiras da cidade de Maceió/AL. Este estudo foi dividido em duas partes, a saber: primeiro, foi realizada extensa campanha de investigação de campo e laboratório em um perfil de solo não saturado localizado no campus da UFAL; posteriormente, foi estudada a capacidade de carga de quatro estacas escavadas com bulbos, destinadas às fundações de edifícios residenciais a serem construídos em outro local da Formação Barreiras.

Quanto aos resultados da caracterização geotécnica do perfil estudado na UFAL, pode-se chegar as seguintes conclusões:

a. O perfil do subsolo é composto de argilas areno-siltosa e areias argilosas, com a ocorrência de pedregulhos (seixos) em profundidades de 7,0 e 8,0m. Observa-se a ocorrência de laterização em profundidades superiores a 5,0m, proveniente dos processos de oxidação e lixiviação do ferro.

b. Os perfis de umidade determinados na época de estiagem (mês de janeiro) e no fim da época chuvosa (mês de agosto) variaram na faixa de 9 a 26% até a profundidade de 8,50m.

c. A grande variação dos percentuais de argila e silte dos ensaios granulométricos com e sem defloculante sugere que as partículas de argila estão unidas entre si, formando grumos, e/ou estão aderidas aos grãos de areia.

d. As curvas características determinadas em profundidade apresentaram comportamento bimodal, com um primeiro ponto de entrada de ar em torno de 3kPa, referente à dessaturação dos macroporos do solo, e um segundo ponto próximo à sucção de 9.000kPa, correspondente à microestrutura do solo. O formato das curvas é típico de solos tropicais, conforme CAMAPUM DE CARVALHO & LEROUEIL (2000).

e. Os ensaios de cisalhamento direto na umidade natural (CDN) mostraram a existência de resistências de pico acompanhadas de dilatância, para níveis baixos de tensões (geralmente menores que 50kPa). Este comportamento é característico de solos estruturados (com cimentação), fato este que confere ao solo um comportamento de “falso” sobre-adensamento. Tal comportamento também é influenciado pela sucção do solo.

f. As envoltórias de resistência de Morh-Coulomb dos ensaios de cisalhamento direto na umidade natural (CDN) e inundado (CDI), mostraram que praticamente em todos os ensaios inundados o solo perdeu a coesão aparente que apresentou nos ensaios CDN, enquanto que o ângulo de atrito pouco variou.

g. Na maioria dos ensaios edométricos na umidade natural (EDN), as tensões máximas atingidas nos ensaios não foram suficientes para revelar o trecho nítido da reta virgem, impossibilitando assim a determinação das tensões de pré- adensamento (σvm) e índice de compressão (Cc). Contudo, é possível estimar que a

tensão de pré-adensamento dessas amostras seja superior a 1.000kPa.

h. A análise comparativa das curvas de adensamento dos ensaios EDI e EDN evidencia claramente a maior rigidez dos solos não saturados, mostrando a influência da inundação no aumento das deformações. Esta maior rigidez é explicada pela estruturação que apresentou esse solo e também influenciada pela sucção.

A partir dos resultados das quatro provas de carga estática realizadas em estacas escavadas com bulbos e das análises da geometria da estaca extraída, chegou-se às seguintes conclusões:

a. Os diâmetros máximos dos bulbos observados na estaca extraída foram bastante inferiores aos diâmetros de projeto.

b. O comportamento coesivo/estruturado verificado nos solos da Formação Barreiras, não permite que os bulbos sejam executados pelo processo de incidência dos jatos do fluido perfurante sobre as paredes da perfuração, conforme são executados nos sedimentos submersos quaternários.

c. A metodologia de execução das estacas escavadas com bulbos, no subsolo da Formação Barreiras, é diferente da metodologia utilizada para os sedimentos submersos do Quaternário. As principais diferenças são no que diz respeito à peça

cortante utilizada nas etapas de perfuração e execução dos bulbos, e no próprio processo de execução dos bulbos.

d. Elegendo-se as cargas de ruptura obtidas pelo método de extrapolação de VAN DER VEEN (1953) como referência, verificou-se que o método da NBR 6122 mostrou-se o mais conservador de todos na obtenção da carga de ruptura, com cargas de 85 e 84% das obtidas pelos ensaios das estacas E1 e E2, respectivamente, e de 70 e 64% das estacas E3 e E4.

e. O Método da Rigidez proposto por DÉCOURT (1996) mostrou ser uma ferramenta adequada para a previsão da carga última destas estacas, resultando em valores ligeiramente superiores aos obtidos pelas provas de carga (variação de 1 a 15%). A exceção foi o resultado da estaca E4, que foi 32% superior à carga última obtida pelo ensaio.

f. Tanto o Método das Duas Retas Modificado (MDRM) quanto o Método da Rigidez, mostraram-se adequados para estimar a resistência lateral das estacas a partir das curvas carga-recalque de provas de carga estática. Para as estacas estudadas, os recalques necessários para mobilização plena da resistência lateral calculados pelo MDRM situaram-se entre 0,96 e 1,38% do diâmetro nominal do fuste, enquanto que o Método da Rigidez encontrou valores entre 1,16 e 2,31%. g. A aplicação da metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004) para

previsão da capacidade de carga das estacas, utilizando os diâmetros dos bulbos observados na estaca extraída, subestimaram as cargas de ruptura das estacas, ficando entre 49 e 65% das cargas obtidas pelo método de VAN DER VEEN (1953).

h. A análise das tensões laterais unitárias (fs) mostrou que as tensões obtidas pelos métodos MDRM e da Rigidez foram cerca de 2,20 vezes as tensões previstas pela metodologia de cálculo proposta por MARQUES (2004).

i. Foram propostos ajustes na metodologia proposta por MARQUES (2004) para estacas executadas em solos não saturados da Formação Barreiras. As principais modificações estão relacionadas ao valor do coeficiente de majoração do atrito lateral unitário das estacas (β), que passa de 0,85 para 1,80; ao valor limite do NSPT

a ser utilizado no cálculo da resistência de ponta, que antes era 15 e passa para 20 golpes; aos valores do fator característico do solo (C); e por fim, aos diâmetros dos bulbos a serem considerados em projeto.

Vale destacar que este trabalho é a primeira parte de uma pesquisa maior que será desenvolvida sobre os mecanismos de transferência e capacidade de carga das estacas escavadas com bulbos, em solos não saturados da Formação Barreiras, típicos da parte alta da cidade de Maceió/AL. Diante do exposto, pode-se concluir que os objetivos desta pesquisa foram alcançados de forma satisfatória.

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